Paralelo 29

Estagiários e servidores do TJRS são investigados por vazar informações para criminosos em Santa Maria

Foto: Divulgação, PC

Reportagem exibida pelo Fantástico revelou esquema criminoso na Justiça gaúcha

Uma reportagem do Fantástico, nesse domingo (29), mostrou que estagiários do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul vazaram informações sobre uma operação policial que seria realizada para prender um gerente do tráfico em Santa Maria.

O fato ocorreu em maio do ano passado. Quando policiais da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) estavam prontos para cumprir um mandado de prisão contra o traficante, os alvos foram avisados pelos estagiários. Assim, quando a Polícia chegou para prender o criminoso, não havia ninguém nos endereços.

“Tu viu que a polícia tá pra bater aqui?”

O Fantástico ouviu um policial, que não foi identificado na reportagem. Ele contou que participaria da operação: “chegando ao local nos deparamos com casas vazias. É como se já estivessem nos esperando, contou o agente da Polícia Civil de Santa Maria.

Segundo a reportagem, em um dos endereços, os policiais encontraram o celular de uma mulher ligada a uma facção criminosa. No aparelho, havia uma mensagem enviada uma semana antes da operação: “Tu viu que a polícia tá pra bater aqui?”. “Tão pra bater em três em casas”, diz a mensagem, revelando que os criminosos tinham conhecimento dos endereços que seriam alvos da operação.

Senha de servidora de São Gabriel foi usada

Devido ao vazamento de informações sigilosas para os bandidos, até agora o gerente de tráfico continua solto. As investigações do Ministério Público revelam que o mandado contra o traficante foi vazado com o acesso ao sistema por meio da senha de uma servidor do Fórum de São Gabriel. O mandado de prisão de prisão foi acessado pela advogada de um dos suspeitos.

Segundo o G1RS, um trabalho de reportagem investigativa do Grupo de Investigação da RBS (GDI) apontou que servidores e funcionários do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) estão sendo investigados pelo vazamento de informações para criminosos alvos de operações policiais no Estado.

De acordo com o site, sete servidores estão sob investigação. Além disso, o TJRS afastou 14 estagiários por suspeita de envolvimento no esquema de vazamento.

TJRS afastou 14 estagiários e investiga sete servidores

Os investigados são suspeitos de acessar mandados e ordens judiciais no sistema do TJRS, o que levou o órgão a trocar todas as senhas. Também por determinação do tribunal, foram suspensas as senhas de cerca de 500 estagiários já demitidos, mas que seguiam ativas.

O desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, 2º vice-presidente do TJRS, falou ao Fantástico e disse que já há algum tempo os servidores são orientados a não repassarem senhas.

A reportagem também mostrou que havia a cobrança de até R$ 3 mil por informação sobre operações policiais, informações estas que deveriam ser restritas aos juízes, servidores das varas e Polícia.

Operações contra suspeitos de vazamento

O Núcleo de Inteligência do TJRS acompanhou as investigações e, em alguns casos, foi quem identificou os vazamentos. Em outubro, três operações policiais e do Ministério Público foram cumpridas para executar 20 mandados de busca e apreensão e três de prisão em nove cidades das regiões Central e Metropolitana do estado.

No último dia 20, os principais alvos foram as casas de um ex-estagiário e de uma servidora do fórum de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

R$ 3 mil por informação vazada

O ex-estagiário e a servidora teriam informado a uma facção criminosa sobre uma operação que estava sendo montada para cumprir 78 mandados judiciais, sendo 41 de prisão.

As investigações identificaram que a taxa de R$ 3 mil por cada informação aparece em recibos enviados pela facção ao ex-estagiário, que utilizava a senha da servidora para acessar o sistema. Nos celulares dos suspeitos, foram encontradas partes de documentos sigilosos.

“Eles recebiam informações consecutivas sobre quando seriam cumpridos os mandados, quem seriam os alvos. Em quais casas a polícia entraria”, explica a delegada Fernanda Amorin.

(Com informações da Rede Globo e do site G1RS)

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