Paralelo 29

PODCAST: Ulysses Louzada, juiz da Kiss, insiste que júri deveria ocorrer em Santa Maria

Foto: Reprodução, Estação 29

“Será que Porto Alegre também não está contaminada?”, questiona magistrado que instruiu processo da tragédia que matou 242 jovens no incêndio da boate

Às vésperas da aposentadoria, o juiz da 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Santa Maria, Ulysses Fonseca Louzada, 64 anos, insiste que o júri da tragédia da Kiss deveria ser realizado na cidade onde ocorreu o incêndio que matou 242 jovens e feriu outros 636 na madrugada de 27 de janeiro de 2013.

Louzada dedicou 9 dos mais de 30 anos de carreira ao processo da Kiss. Responsável por toda a instrução do caso e pela decisão de mandar os quatro réus a júri popular, ficou fora da parte mais importante: o julgamento do caso. Entrevistado no podcast Estação 29 do paralelo 29, Louzada falou sobre o caso Kiss.

Por decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), Santa Maria perdeu a sede do júri para Porto Alegre. Três dos quatro réus pediram para ser julgados em Porto Alegre, alegando que, em Santa Maria, haveria prejuízo ao direito de defesa porque as pessoas da cidade estariam emocionalmente afetadas pela tragédia e, por isso, tenderiam a ser parciais e a condenar os acusados.

A transferência de um processo para outra cidade é chamada desaforamento. Um dos réus, no entanto, queria ser julgado em Santa Maria. E estava tudo pronto para o júri, que seria realizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 16 de março de 2020. No entanto, desta vez, o MP pediu a suspensão.

Louzada lembra que estava no campus da UFSM vistoriando o local do júri, em um domingo, quando, às 3 horas da tarde, recebeu a notícia da suspensão. O MP havia pedido que o único réu que desejava ser julgado em Santa Maria também fosse julgado na capital.

Assim, o primeiro júri, realizado em dezembro de 2021, ocorreu em Porto Alegre. No entanto, com a anulação do júri pelo TJRS e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), um novo julgamento foi marcado para 26 de fevereiro do ano que que vem, novamente na capital gaúcha.

“Disseram que Santa Maria estaria contaminada. Mas será que Porto Alegre também não está contaminada?”, questiona Louzada, afirmando que Santa Maria seria o local mais apropriado para o julgamento, porque quem deve julgar são as pessoas da cidade onde ocorreu o fato.

Sobre o tempo em que o processo levou para ir a júri, Louzada diz que em três anos a instrução estava concluída: “Em três anos, o processo estava pronto para ir a júri. Não sou devedor dessa promissória”.

Além da Kiss, Louzada também falou sobre violência, criminalidade e sistema prisional. O Podcast Estação 29 tem José Mauro Batista e Rodrigo Dias como entrevistadores, e a publicitária Alexa Oliari na produção de pauta. Confira nos canais do paralelo29.com.br no Youtube e no Spotfy.

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