Paralelo 29

PARALELAS: Impeachment do prefeito é assunto nas rodas de conversa em Itaara

Padre Silvio em entrevista no dia do retorno/Foto: Divulgação

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

O impeachment do prefeito Sílvio Weber (sem partido), conhecido como Padre Sílvio, é o assunto dominante nas rodas de conversa e redes sociais de moradores de Itaara, município de 5,5 mil habitantes, ao lado de Santa Maria. Padre Sílvio retornou ao cargo há uma semana, após um ano afastado.

Ás 19h desta segunda-feira (20), moradores contrários à volta do padre-prefeito pretende comparecer em peso na sessão da Câmara de Vereadores de Itaara para pressionar pela cassação do mandato.

Desde agosto, tramita na Câmara de Itaara um pedido de cassação do prefeito, na época ainda filiado ao PSB, partido pelo qual se elegeu. O pedido que resultou na abertura de uma comissão processante lista uma série de acusações contra o chefe do Executivo.

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ALEGAÇÕES QUE EMBASAM PEDIDO DE CASSAÇÃO

  • Prefeito não respondeu muitos pedidos de informações enviados pelo Poder Legislativo ao Executivo local, conforme determina a lei. Diversos pedidos ficaram sem respostas
  • O prefeito foi alvo de diversas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), entre elas a CPI da Mak e a CPI da Viagem à Brasília
  • Na denúncia oferecida pelo MP ao TJRS, material levantado na Operação Santidade comprova uma rede de propina da qual o prefeito é acusado de chefe do esquema
  • Há diversas fotos que demonstram que o prefeito mentiu quanto ao destino de uma viagem à Brasilia, uma vez que teria ficado comprovado que ele foi para Salvador (BA) e não para a capital federal, conforme afirmou na época
  • Está comprovado que havia um esquema criminoso na Prefeitura de Itaara “para saquear os cofres públicos” com a participação do prefeito
  • Existiriam provas de que houve diversas tentativas de recebimento de vantagens indevidas por meio de contratos, caronas em atas e dispensas de licitações. O prefeito estaria comprando uma casa com recursos provenientes de propinas
  • O prefeito é apontado como mentor intelectual da invasão da casa do ex-presidente da Câmara de Vereadores de Itaara (o próprio Robertson Tatsch) com a intenção de calar o parlamentar

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Prefeito contra-ataca com CPI

Vereador Mano Zimmermann: principal opositor vira alvo de CPI/Foto: Reprodução, Facebook

Do lado do prefeito, também há mobilização. Tanto que na segunda-feira passada, quando reassumiu na Prefeitura, já houve uma represália a um dos opositores do atual mandatário.

O colunista conversou com o vereador Robertson Tatsch, conhecido como Mano Zimmermann (PSB), um dos principais opositores de Sílvio Weber. Mano é novamente alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a compra de placas comemorativas e de microfones com dispensa de licitação durante sua gestão como presidente do Legislativo de Itaara.

A chamada CPI dos Microfones havia sido arquivada em 2021 e, agora, é reaberta. O vereador vê a nova CPI como uma represália pelo fato de ser um dos principais adversários do prefeito.

“Fica claro que a CPI tem fins políticos. Enfim, uma tentativa de desviar o foco principal, que é a comissão processante, que possui vastas provas, conforme disse o Procurador de Justiça e o promotor”, afirmou Mano Zimmermann ao colunista do paralelo29.com.br.

Mano Zimmermann foi, inclusive, vítima de um assalto no ano passado. O assalto teria sido planejado pelo prefeito com a intenção de assustar o vereador e recolher supostas provas de corrupção na Prefeitura de Itaara. Sílvio Weber nega a acusação.

Mobilizações pró e contra

Sob pressão: Vereadores de Itaara são pressionados por dois lados/Foto: Divulgação, CVI

O fato é que o retorno de Padre Sílvio ao comando do Executivo de Itaara colocou moradores do município em pé de guerra. Em grupos de WhatsApp, eles se mobilizam contra e a favor do padre.

A cassação de Padre Sílvio também virou polêmica em redes sociais e em um site de notícias de Itaara, com muitas trocas de acusação. Há quem acredite que o pedido de cassação vá a votação ainda este ano.

No entanto, ninguém sabe ao certo quem está com quem na Câmara de Vereadores. A oposição afirma que dos nove parlamentares de Itaara, apenas três estariam favoráveis ao prefeito. Ou seja, votariam conta o impeachment dele.

Ao site paralelo29.com.br, Padre Sílvio reiterou sua inocência e disse que há manipulações, inclusive em uma pesquisa de opinião que estaria circulando no município. Quanto aos apoios que tem na Câmara, o prefeito se esquivou.

“Isso é uma questão interna que não vamos falar e comentar com ninguém por uma questão de estratégia”, disse Padre Silvio ao site paralelo29.com.br nesse domingo (19).

A bomba que estaria prestes a estourar

Operação Santidade deflagrada em novembro de 2022 em Itaara/Foto: Divulgação, MPRS

Opositores do prefeito apostam ne retirada do segredo de Justiça em relação ao processo criminal que envolve o prefeito e outros investigados por corrupção em decorrência da Operação Santidade, que acabou afastando o chefe do Executivo por duas vezes, totalizando um ano de afastamento.

Há áudios e outros materiais, como prints de conversas por meio do aplicativo WhatsApp, que estão nos autos e que servem de prova para o Ministério Público pedir a condenação dos envolvidos.

Esse conteúdo não é segredo para parte da população, já que foi vazado e muita gente teve acesso às gravações que falam em propina e em outras coisas que complicam os envolvidos. Mas caso seja liberado, a repercussão será muito maior. Sílvio Weber insiste nas entrevistas que foi perseguido e que é vítima de “tramas diabólicas”.

Diante de todo esse quadro, Itaara não verá paz tão cedo. Até porque esse imbróglio todo será munição pesada para os adversários na campanha eleitoral do próximo ano. E mais: esse caso tem um ano de investigação, portanto, ainda vai longe na Justiça.

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