Paralelo 29

Alvo do MP, Germano renuncia ao cargo de prefeito de Cachoeira do Sul

Foto: PMCS

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Alvo de uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) em setembro deste ano, o prefeito afastado de Cachoeira do Sul, José Otávio Germano (Progressistas) renunciou ao cargo.

A carta de renúncia foi entregue ao presidente da Câmara de Vereadores de Cachoeira do Sul, Magaiver Dias (PSDB), na manhã desta quinta-feira (7). A vice-prefeita, Angela Schuh, que também é do Progressistas, assumirá o cargo.

““Meus sinceros agradecimentos, sem exceção, a todos os vereadores deste município”, diz a carta de renúncia entregue pelo agora ex-prefeito cachoeirense, que alegou questões de saúde.

“É o momento de cuidar de mim, da minha saúde, a minha renúncia é necessária ao meu tratamento”, conclui o documento enviado ao Legislativo Municipal.

Vice-prefeita Angela Schuh assume o cargo como prefeita/Foto: Patrícia Miranda, AIPCS

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Operação Fandango

Operação Fandango foi deflagrada no final de setembro/Foto: Divulgação, MPRS

José Otávio Germano foi afastado do cargo em 28 de setembro, quando foi desencadeada a Operação Fandango, autorizada pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), instância que julga os prefeitos. Mandados de busca foram cumpridos na ocasião.

A Operação Fandango foi deflagrada em decorrência de denúncias envolvendo irregularidades em licitações, corrupção ativa e passiva, concussão (tipo de crime praticado por agente público) e crimes de responsabilidade.

Além dele, outros agentes públicos e empresários são investigados por envolvimento em licitações e negociações suspeitas envolvendo a Prefeitura de Cachoeira do Sul. Em outubro, vereadores cogitaram abrir um processo de cassação do então prefeito afastado.

Cocaína ou pó pelotense?

Durante o cumprimento de mandado na residência de José Otávio, a Polícia Civil e o MPRS disseram ter encontrado uma pequena porção de cocaína.

Em nota, no dia seguinte, o então prefeito disse que os agentes confundiram pó pelotense com a droga. Segundo Germano, ele usa pó pelotense em feridas e assaduras, por recomendação médica.

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Ascensão e queda do político de família tradicional

José Otávio, ao lado da então vice, Angela: carreira meteórica e queda brusca/Foto: Divulgação, PMCS

Membro de uma família tradicional e influente de Cachoeira do Sul, José Otávio Germano encerra, aos 61 anos de idade, uma longa carreira política iniciada em 1988, quando foi eleito vereador.

Formado em Direito, advogou e deu aulas como professor universitário. Porém, foi na política que ficou conhecido. Depois de ser vereador, emplacou dois mandatos de deputado estadual pelo então PDS (uma das siglas que antecedeu o atual PP) e quatro de deputado federal.

Também foi secretário estadual de Transportes no governo Antonio Brito (PMDB), entre 1997 e 1998, e de Justiça e Segurança Pública no governo de Germano Rigotto (PMDB), de 2003 a 2006. Nas eleições de 1998, quando Britto perdeu o governo para Olívio Dutra (PT), José Otávio era seu vice.

Condenado na Operação Rodin

Esta não foi a primeira vez que o político cachoeirense esteve envolvido em um escândalo. José Otávio Germano foi um dos investigados na Operação Rodin, que investigou uma fraude no Detran-RS, envolvendo fundações de apoio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), empresas e agentes públicos, em 2007.

Em 2016, José Otávio foi condenado em uma das ações de improbidade administrativa decorrentes da Operação Rodin. No entanto, em relação à denúncia criminal, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia contra ele, em 2013, quando era deputado federal.

Em 2020, José Otávio foi eleito prefeito de Cachoeira do Sul com 31,68% dos votos. Ele derrotou Ségio Ghignatti (PL) e outros cinco concorrentes.

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