ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR
Estamos há um século da revolução de 23 e ainda temos muito a aprender com os conflitos que ocorreram nesta província de São Pedro.
Quando falamos sobre a revolução de 23 vêm à mente os nomes dos que peleavam: Flores da Cunha e Honório Lemes. E o nome dos que mandavam: Borges de Medeiros e Assis Brasil.
Mas a coisa é bem mais complexa. Quando as páginas da história se desdobram, é impossível ignorar as cicatrizes que marcam os capítulos das peleias.
Ao se debruçar sobre as escritas amareladas da Revolução de 1923, é como se um portal se abrisse, nos transportando para uma época de agitação política e fervor pelas cores dos lenços. Com essa expectativa li o “Palco de um combate em 1923” de Valdreani de Carvalho Pôrto.
Conheci a Valdreani por ocasião da fundação da ALERC – Academia de Letras da Região Central – e trocamos livros lá em São Pedro do Sul, numa memorável noite de congraçamento.
O livro da Valdreani apresenta dois capítulos:
O primeiro faz uma explanação dos primeiros anos da república no Rio Grande do Sul e dos principais combates na região oeste, bem como da paz de Pedras Altas.
O segundo capítulo trata especificamente do combate que houve em São Francisco de Assis, abordando a tensão vivida pelos moradores até a chegada dos revolucionários.
Li com muito gosto já no domingo, pois a revolução de 23 me fascina. Porque no tempo está distante e geograficamente está muito perto. Esse embate em São Chico é mais um dado histórico que nos coloca em reflexão.
Havia lido há muito tempo “A campanha de 1923” do Flores da Cunha – edição de 1979. E tudo se completa e a conclusão sempre é a mesma: não façamos guerra porque sempre morrem os inocentes e as medalhas cintilam no peito de coronéis.
Os campos de batalha tornaram-se testemunhas de vidas ceifadas, sonhos interrompidos e famílias dilaceradas. O sangue derramado deixou raízes de luto e saudade. Foi assim no combate na Vila de São Chico muito bem explanado no livro.
Ao recordarmos os eventos da Revolução de 1923, somos chamados a refletir sobre as lutas e conquistas que forjaram a identidade do Rio Grande do Sul.
E para compreender e entender aqueles que ousaram sonhar e lutar por um Rio Grande do Sul mais livre e soberano. Boa e reflexiva leitura.