Paralelo 29

CÁ ENTRE NÓS: Minha terra natal

Batizado de Alessandra Cavalheiro, na Catedral, com os pais, Joni e Marisa, Cavalheiro e padrinhos, Ruben e Vanda Boelter/Foto: Arquivo Pessoal

ALESSANDRA CAVALHEIRO – JORNALISTA

Uma visão noturna da infância. Nos finais de tardes de domingo, o carro da família se afastava da cidade e eu fitava as luzes beirando o Morro da Caturrita. Por fim, avistava uma pontinha do morro, e vinham as planícies iluminadas apenas por estrelas e, eventualmente, a lua.

O carro seguia, eu me acomodava com as duas irmãs atrás e voltava a olhar para frente, mais uma vez voltando para São Sepé, cidade para onde meu pai fora transferido no trabalho. A saudade já recomeçava e a espera era grande pelo próximo fim de semana, na casa da avó materna, lá no fim da Floriano Peixoto.

A cena se repetiu muitas vezes e o sentimento forte de saudade ainda está por aqui, no tecido profundo do coração. Terra natal não é brincadeira, foi ali que o céu se desenhou para a minha chegada, na Casa de Saúde, pé do morro, pertinho dos trilhos. Nasci a fórceps, decerto estava meio contrariada porque sabia que os desafios seriam grandes nesta vida.

Mas as alegrias também são grandes, sejamos gratos. Recebido o convite do querido colega José Mauro Batista, aqui estou para trocar umas ideias com os conterrâneos, expressar em palavras o amor que sinto – mesmo distante -, pela terrinha. A santinha que jamais esqueço e quero exaltar, rememorar e fazer reflexões que considero pertinentes, 25 anos depois de ter ido embora.

Fui por aí apenas fisicamente, porque muito do que aprendi para a vida está em Santa Maria. Eu carrego esta terra principalmente nas descobertas do ano em que estudei no Manoel Ribas (Maneco), da Faculdade de Comunicação Social (Facos) da UFSM e muito especialmente, do jornal A Razão, lugar de muitas histórias para relembrar, contar e sorrir com os amigos que ainda hoje tenho guardados no peito.

Ganhei no calçadão de Santa Maria o prazer de sentir cheiro de livros, que aprendi com meu avô, Valdemar Cavalheiro. Ele trabalhou durante 50 anos nas Livrarias do Globo, primeiro em Porto Alegre, na Rua da Praia, e depois em Santa Maria. E meus pais se conheceram na ‘primeira quadra’, indo aos cines Imperial, Glória e Independência.

Meu avô era um homem que fazia jus ao sobrenome, muito e zeloso em meio às prateleiras, sempre cheias de novidades.

Por ali eu ganhava o gosto pela leitura, e assim ajeito esta prosa de fim de ano de uma santa-mariense pródiga e saudosa de seu chão, que desde junho deste ano ganhou a palavra no Paralelo 29.

Os tempos estão cheios de informações, há muito para dizer. Daqui da praia do Campeche, em Florianópolis, aceno com o que percebo da atualidade, com a proposta de fazer valer a pena alguns minutos de leitura para os apreciadores do site do amigo Zé, com quem comecei a caminhada no jornalismo nos idos de 1990.

Escrever para Santa Maria, eis uma realização bem-vinda e prazerosa, pela qual sou agradecida e contente. A todos os conterrâneos, amigos, familiares, leitores, meus melhores votos de lindas festas e um 2024 com a consciência redobrada do nosso fazer neste mundo, em nome da vida e do futuro. Obrigada, amigo Zé, pela oportunidade de desaguar palavras, que é a nossa missão neste mundo.

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