Paralelo 29

CRÔNICA DO ATHOS: Um par de meias

Foto: Reprodução

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

As festividades de fim de ano aproximam as pessoas. Nos tornamos mais solidários, ofertamos uma cesta de alimentos aos trabalhadores que recolhem os nossos resíduos e ranchos e agasalhos às instituições de caridade. Desejamos felicidades, saúde, paz e dinheiro no bolso, que, convenhamos, ajuda bastante.

Um ano que inicia sempre nos enche de otimismo. Renovamos nossas esperanças de que um mundo mais humano e igualitário é possível. Queremos o fim da insanidade das guerras e oramos pelas crianças no meio dos conflitos dos adultos insanos.  

Esquecemos as nossas agruras e nos abraçamos saudando o ano que entra e, se possível, saldando o ano que finda. Mas, certamente, sondando o parente que se achega só com a vontade. Pipocamos fogos nos céus para o alvoroço dos pets e estouramos espumantes. Tudo para celebrar a alegria.

Para realizar nossos sonhos não abrimos mão de superstições e simpatias.

No primeiro minuto do ano umas colheradas de lentilhas são fundamentais para termos sorte. Vestir branco também significa harmonia e paz. Dizem que se comermos 12 uvas – uma para cada mês do ano –, ajuda na prosperidade e dinheiro.

Não há necessidade de comer uma uva para cada dia do ano, a sua fortuna não aumentará e você ainda poderá ter uma desagradável dor de estômago e sua entrada de ano novo ser uma correria.

Embora os porcos vivam nos chiqueiros eles fuçam para frente, então: porco assado na virada. Porco assado light para os preocupados com as calorias. E nada de porco para quem está na berlinda da balança. Logicamente que na mesa não poderá faltar o panetone marca Carrefour.

Quando jovem e estudante, gostava de ir ao cinema acompanhado e sempre convidava uma colega. Diante da bilheteria do Glorinha, eu solicitava “Um par de meias, por gentileza”. É claro, recebia um sorriso da atendente. Hoje, peço um par de inteiras, mas não tem a mesma graça.

Atualmente, a minha única superstição de fim de ano, e que me faz lembrar as meias do saudoso Cine Glorinha, é usar um par de meias no pé direito. Assim, eu garanto que não entrarei no ano novo com o pé frio. Enfim, não sei o que implica dar três pulinhos num pé só, sete pulinhos sobre as ondas do mar de Cidreira, mas três pulinhos com o pé direito com um par de meias de lã, com um copo de cachaça Sete Campos com butiá, deve ter algum significado.

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