Paralelo 29

Havan e Luciano Hang são condenados por ameaça de demissão de empregados nas eleições de 2018

Foto: Reprodução, Facebook

Sócio proprietário questionou voto dos funcionários às vésperas do pleito de 2018

A Justiça do Trabalho de Santa Catarina condenou a Havan e o empresário Luciano Hang, conhecido como Véio da Havan, por assédio eleitoral durante o pleito de 2018.

A decisão judicial publicada na última semana atende pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e determina o pagamento de indenização, a título de dano moral coletivo, no valor de R$ 1 milhão, e de R$ 1 mil por dano moral individual, para cada empregado da Havan com vínculo até o dia 1º de outubro de 2018.

A ação foi proposta pelo MPT em outubro de 2018, véspera da eleição de 2018, quando o empresário Luciano Hang realizou reuniões com os funcionários de suas lojas para questionar os votos de seus empregados. Hang ficou conhecido como apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2018, Bolsonaro foi eleito presidente concorrendo pelo extinto PSL.

Em vídeo, Hang afirmou que poderia demitir 15 mil funcionários

Em vídeo divulgado em sua própria rede social, o proprietário da Havan questiona se os trabalhadores estariam prontos para sair da Havan e afirmou que ele poderia demitir 15 mil pessoas, dependendo do resultado das eleições presidenciais. Ele também disse ter realizado pesquisa de intenção de voto entre os empregados e que 30% teriam afirmado que votariam em branco ou anulariam seu voto.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Santa Catarina recebeu mais de 30 denúncias sobre a irregularidade e constituiu um Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF) para o caso.

A iniciativa foi precursora e marcou o início da atuação do MPT no combate ao assédio eleitoral, que, em 2022, foi consideravelmente ampliada.

A ação

A coordenadora do GEAF e procuradora do Trabalho, Séfora Graciana Cerqueira Char, afirma que “trata-se de precedente histórico quanto ao combate ao assédio eleitoral, cuja atuação séria e comprometida do grupo que conduziu os trabalhos pelo MPT contribuiu com o desfecho judicial hoje noticiado, prevalecendo o respeito ao direito fundamental a dignidade dos trabalhadores.”

O MPT judicializou a questão e obteve decisão liminar favorável da Justiça do Trabalho, ainda durante as eleições de 2018, determinando que a Havan não pressionasse trabalhadores para se manifestarem contra ou a favor de qualquer candidato ou partido político, não realizasse pesquisas de intenção de voto entre seus empregados e não praticasse assédio moral para influenciar o voto dos trabalhadores.

Decisão não cumprida

A decisão também previa a fixação da decisão judicial nos quadros de aviso de todas as lojas da empresa no Brasil, além da leitura dos termos da decisão nas redes sociais de Luciano Hang.

As obrigações foram descumpridas, o que resultou na condenação em R$ 500 mil, multiplicado pelo número de estabelecimentos da Havan na época da ilegalidade.

Segundo o juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, “há uma distância considerável entre apenas declarar seu apoio político a qualquer candidato ou agremiação político-partidária e a forma como se deu a abordagem no presente caso”.

O juiz explica que Hang colocou em xeque a continuidade de todos os contratos de trabalho firmados pela Havan, caso houvesse um resultado eleitoral desfavorável, sob sua ótica.

“O tom da fala do réu aponta no sentido de uma conduta flagrantemente impositiva e amedrontadora de suas ideias quanto a pessoa do candidato que eles, seus empregados, deveriam apoiar e eleger”, conclui Carlos de Castro. Acesse a íntegra da decisão judicial.

Em resposta ao G1SC, Hang disse que a decisão “é descabida e ideológica”. O empresário nega que não houve nenhuma ilegalidade praticada por ele e pela empresa.

“É um total absurdo. Inclusive, na época dos acontecimentos foram feitas diversas perícias nomeadas pela própria Justiça do Trabalho e nada ficou comprovado, não houve irregularidades. O juiz deveria seguir as provas, o que não fez, seguiu a sua própria ideologia. Mais uma vez o empresário sendo colocado como bandido”, afirmou o empresário.

(Com informações do Ministério Público do Trabalho e do G1RS)


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