Afirmação vai na mesma direção de entrevista do delegado de Homicídios ao Podcast Estação 29 em outubro do ano passado
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
O delegado regional de Polícia Civil, Sandro Meinerz afirmou nesta quinta-feira (15), em uma reunião sobre a onda de violência em Santa Maria, que os homicídios registrados na cidade estão relacionada às disputas entre facções criminosas. Em 12 horas foram quatro homicídios em diferentes regiões.
Além de três execuções e de uma morte a facadas após uma suposta discussão por dívida de drogas, ocorridas na quarta-feira (14), uma quinta morte violenta foi registrada na manhã desta quinta em um confronto com policiais do 2º Batalhão de Polícia de Choque (2º BPChq) da Brigada Militar.
Kauã Batista Rodrigues, de 19 anos, que estava foragido, estava no grupo que atirou na polícia, foi baleado e morreu no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
No ano passado, conforme dados oficiais, Santa Maria registrou 56 assassinatos contra 70 registrados em 2022. Ou seja, houve uma queda de 22% em relação aos crimes violentos letais intencionais (CVLI), que são o homicídio e o feminicídio.
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Reunião de emergência
A reunião de emergência foi chamada pelo Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), um colegiado criado em 2009 para discutir questões de segurança pública em Santa Maria.
O encontro, que reuniu os órgãos policiais da cidade, e representantes da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, foi realizado no Centro Integrado de Operações de Segurança Publica (Ciosp) com o objetivo de discutir o cenário local e definir estratégias para conter a onda de violência.
OS HOMICÍDIOS NAS ÚLTIMAS 12 HORAS
- HERICK MOREIRA RODRIGUES, 22 anos, morto a tiros às 23h15min de quarta-feira (14), no Bairro Noal, região Centro-Oeste,
- ELISANDRA LEÃO DA SILVA, 42 anos, morta às 20h30min de quarta-feira (14) com um tiro na cabeça, no Beco da Tela, Bairro Presidente João Goular, região Nordeste
- BRUNO BARROS CRUZ, 22 ANOS, morto a facadas (uma delas no pescoço), às 14h30min de quarta-feira (14), no Bairro Bonfim, região Centro Urbano
- VICTOR MATEUS RIBEIRO TRINDADE, 30 anos, morto a tiros, às 13h30min de quarta-feira (14), no Bairro Carolina, zona Norte
MORTE EM CONFRONTO COM A BM
- KAUÃ BATISTA RODRIGUES, 19 anos, morreu no Husm após ser baleado em confronto policiais do 2º BPChq, na manhã desta quinta-feira (15), no Bairro Fátima, região Centro Urbano
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Responsabilização de lideranças de facções
De acordo com Sandro Meinerz, no ano passado, a Polícia Civil conseguiu elucidar 95% dos crimes ocorridos em Santa Maria, e a maioria estava relacionada às disputas entre grupos criminosos.
“Em muitos deles, reunimos provas de que os mandantes estavam aprisionados em Santa Maria ou em outros municípios. Portanto, nosso trabalho está voltado a responsabilizar essas lideranças”, disse.
O vice-prefeito Rodrigo Decimo demonstrou preocupação com a onda de violência na cidade, sobretudo com os assassinatos de quarta-feira.
“Quatro homicídios em um único dia é algo incomum para nossa realidade, por isso estamos trabalhando em conjunto com os órgãos de segurança para que estes crimes não voltem a ocorrer ”, afirmou Decimo.
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BM trabalha com o que tem à disposição
O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva Central (CRPO), coronel Cleberson Bastianello, disse que a Brigada Militar realiza o policiamento ostensivo (na rua) de acordo com o efetivo disponível e com os recursos materiais disponíveis.
“A Brigada Militar segue tentando proteger a população 24 horas por dia. Nós temos policias qualificados e equipamentos suficiente para fazer frente a qualquer tipo de agressão”, afirmou Bastianello.
Na Assembleia, deputado cobra governo estadual
A onda de violência também teve repercussão na Assembleia Legislativa por meio do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT). Nesta quinta, ele cobrou “medidas imediatas do governo do Estado para ampliar a segurança pública em Santa Maria”.
O deputado solicitou uma audiência com o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, para tratar da criminalidade no município.
Afora os assassinatos, segundo Valdeci, há uma reclamação “muito forte” dos empresários, sobretudo do comércio, quanto ao aumento de roubos, furtos e arrombamentos nas primeiras semanas do ano.
“Nas últimas semanas, Santa Maria virou notícia estadual pela questão da insegurança. É preciso uma resposta rápida e contundente, com ações de prevenção e repressão. É preciso viabilizar as condições para que haja uma presença maior das forças de segurança nas ruas”, disse o deputado, que, em 1º de fevereiro, teve uma reunião com o delegado Sandro Meinerz.
BM diz que criminalidade caiu em janeiro
Já no dia 2 de fevereiro, o 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) divulgou informações sobre uma queda nos indicadores de criminalidade em Santa Maria no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
Conforme a Brigada Militar, houve “uma notável e contínua diminuição nos índices criminais” atribuída ao policiamento ostensivo. Entre os dados divulgados, o 1º RPMon informou uma queda de 57% nos assaltos a pedestres e de 33% no roubo de veículos.
No entanto, as estatísticas se referem apenas a crimes patrimoniais, não englobando os crimes contra a vida, como os homicídios.
Cidade tem 8 facções brigando entre si, disse delegado no Podcast Estação 29
Em entrevista ao Podcast Estação 29 do Paralelo 29 publicada em 22 de outubro do ano passado o delegado Marcelo Mendes Arigony, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), disse que Santa Maria tem oito facções em guerra constante, o que eleva substancialmente o número de assassinatos na cidade.
Arigony ressaltou que, em Pelotas, por exemplo, apenas duas facções dominaram (e dividiram) a cidade, o que resultou em uma redução do número de mortes entre os grupos criminosos.
“Em Santa Maria temos oito facções brigando dia e noite pelos pontos”, disse o delegado em sua participação no podcast Estação 29 do site paralelo29.com.br.
Execução de irmãos
No podcast, Arigony também comentou sobre a elucidação de alguns crimes de homicídio ocorridos em Santa Maria, como a execução dos irmãos Gelson Adriano Tilimina, 39 anos, e Robson Luciano Tiliman, o Zé Galinha, de 37. Kauã, morto no confronto com o Batalhão de Choque, era um dos suspeitos do crime.
O duplo assassinato que vitimou os irmãos Tiliman ganhou repercussão nacional devido ao “modus operandi”. Cinco homens fardados de policiais e fortemente armados invadiram a casa da família Tiliman, na zona Norte de Santa Maria, e assassinaram os irmãos com cerca de 50 tiros.
Esse crime chamou a atenção pela audácia dos assassinos, que filmaram a execução. Quatro suspeitos foram presos, um morreu em confronto com a Brigada Militar e ainda há possibilidade de mais prisões.
Segundo Arigony, os assassinos eram de fora e integravam uma facção criminosa. Eles já haviam cometido execuções em ações bastante semelhantes em outros municípios.
