Paralelo 29

“Meu irmão não era de facção”, diz familiar de vítima de assassinato na zona Norte

Foto: Arquivo Pessoal, Divulgação

Empresário diz que morte de Victor Mateus Ribeiro da Trindade, no Bairro Carolina, na semana passada, estaria relacionada à cobrança de uma dívida, que foi paga

O empresário Vinicius Ribeiro da Trindade, que mora em São Paulo, afirmou ao Paralelo 29 que seu irmão mais novo, Victor Mateus Ribeiro da Trindade, de 30 anos, assassinado na última quarta-feira (14), no Bairro Carolina, na zona Norte de Santa Maria, não pertencia a nenhuma facção criminosa.

Vinícius, 32 anos, que trabalha no setor de alimentos, procurou o Paralelo 29 diante de suspeitas de que a morte de Victor Mateus estaria relacionada a facções que disputam o tráfico de drogas na cidade.

De acordo com Vinícius, o irmão estaria sendo ameaçado há quatro anos por conta de uma dívida que a vítima, inclusive pagou. Um conhecido teria emprestado R$ 200 e queria cobrar um valor bem maior, dando início a uma desavença entre Victor, que trabalhava na construção civil, na época, e esse homem.

Apesar de a dívida ter sido paga, as cobranças e ameaças continuaram, segundo o irmão mais velho de Victor Mateus. O suspeito apontado pelo familiar esteve preso em razão de processos criminais. Ao sair da cadeia, o homem teria prometido matar Victor Mateus.

“Meu irmão era extorquido. Ele recebia uma rescisão e largava tudo na mão dessas pessoas”, diz

Em um áudio de Victor Mateus, gravado no ano passado, ele comenta que estaria em outra região na cidade, na casa de parentes, e que teria visto o homem que o ameaçava. Depois disso, com medo, Victor Mateus deixou a casa dos parentes, voltando a morar com a mãe.

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Corpo foi encontrado próximo a contêiner

O corpo de Victor Mateus foi encontrado pela Brigada Militar próximo de um contêiner, em um estabelecimento de reciclagem na Rua Raimundo Corrêa, no Bairro Carolina, na tarde da última quarta-feira (14), dia em que Santa Maria registrou outros três assassinatos em diferentes regiões da cidade. Ele tinha ferimentos de tiros.

Populares informaram à Brigada Militar que haveria outra vítima e que o corpo estaria em uma sanga no final da mesma rua. O Corpo de Bombeiros foi acionado e procurou o corpo dessa suposta segunda vítima, mas nada foi encontrado.

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Quando Victor foi assassinado é outra dúvida

Uma das dúvidas é sobre quando Victor Mateus foi assassinado. De acordo com o irmão, é possível que seu irmão tenha sido assassinado na segunda-feira (12) ou até mesmo antes em outro local.

“O corpo foi mexido, porque estava fedendo e com moscas, segundo os relatos. E estava duro, porém sem sangue, e molhado”, diz Vinícius, com base no que ouviu.

No início deste ano, Victor Mateus teria assinado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por posse de droga para uso pessoal. Porém, no local em que ele foi encontrado não havia drogas.

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“Era um cara que tinha medo de tudo”

Vinícius refuta a tese de que seu irmão teria envolvimento com facções criminosas: “Meu irmão não pertencia a nenhuma facção. Era um cara que tinha medo de tudo. É fácil dizer que o crime está relacionado a facções”, desabafa o empresário, contestando entrevista de autoridades policiais.

Vinícius disse que tentou procurar a Polícia Civil para repassar informações, porém um investigador disse a ele que o caso já está sob investigação.

“Meu irmão merece respeito e uma investigação séria. Isso que dizem de que ele estava envolvido com facção é uma calúnia. Ele não tinha envolvimento nenhum com facção ou com tráfico. Morto não fala, mas eu estou aqui para defendê-lo”, diz Vinícius.

“Esse crime foi coisa de amador, não de facção”

“Moro em São Paulo e já morei em São Luiz do Maranhão e no Rio de Janeiro, e sei como agem as facções. No caso do meu irmão, foi coisa de amador, não é coisa de facção. Se fosse, teriam sumido com o corpo”, contesta Vinícius, referindo-se a entrevistas de autoridades policiais sobre o caso.

O assassinato de Victor Mateus está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP).

Como os delegados estão em “greve de silêncio” desde o ano passado devido ao fato de o governo do Estado não atender reivindicações da categoria, as delegacias não estão repassando informações sobre ocorrências e investigações.

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