Petista, que foi indicada na terça-feira, diz ter incompatibilidade com Roberta Leitão, eleita presidente
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
Escolhida como uma das adjuntas da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores de Santa Maria, na sessão de terça-feira (20), a vereadora Helen Cabral (PT) disse ao Paralelo 29 que vai renunciar ao cargo. O argumento é que ela tem incompatibilidade ideológica com Roberta Leitão (PP), escolhida como nova procuradora da Mulher na mesma sessão.
“Embora democraticamente deva acontecer o revezamento das bancadas para Procuradoria da Mulher, não tenho como ficar de adjunta da Roberta, é algo incompatível na luta pelos direitos das nossas mulheres”, alega a petista.
A eleição de Roberta, assumidamente antifeminista e ativista da causa contra o aborto (inclusive nos casos permitidos por lei, como violência sexual), gerou repercussão após a postagem da notícia nos perfis do Paralelo 29 no Instagram e no Facebook.
Feministas, militantes de esquerda e integrantes de movimentos sociais se manifestaram contrários. Já a vereadora do PP recebeu o apoio de eleitores e ativistas de direita que se enquadram no perfil conservador defendido por ela.
As vereadoras Helen Cabral (PT), Marina Callegaro (PT) e Luci Duartes – Tia da Moto (PDT), que se alinham com a causa feminista, foram cobradas por alguns internautas. Elas são maioria entre as mulheres da Casa e, no entendimento dessas mulheres, poderiam ter evitado a eleição de Roberta.
O QUE DISSERAM AS VEREADORAS
Helen diz que a eleição de Roberta ocorreria de qualquer maneira, já que os partidos de direita são maioria na Câmara. Ela também ressaltou que Marina Callegaro havia sido a procuradora desde a constituição da Procuradoria e não poderia mais ser indicada.
Desta forma, sobrariam as outras parlamentares. Mas como o PT já tinha ocupado o cargo, as possibilidades ficaram reduzidas.
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“Jamais participarei ou apoiarei”, diz Tia da Moto
Tia da Moto disse que Roberta chegou na reunião das vereadoras colocando o seu nome. A pedetista, que foi adjunta de Marina, até então procuradora da Mulher, também dizer ser inviável trabalhar com Roberta: “Jamais participarei ou apoiarei as pautas que a mesma defende”.
Marina, que foi a proponente da criação da Procuradoria da Mulher, lembrou que esteve à frente do órgão por três anos, tendo Tia da Moto como adjunta. Até então, ela vinha se sucedendo no cargo. Com a nova Mesa Diretora, o presidente da Casa, Manoel Badke (União Brasil), decidiu colocar em prática o revezamento, que é previsto na resolução que criou a Procuradoria.
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“Infelizmente houve essa mudança”, diz Marina Callegaro
“Neste momento, eu como atual procuradora, sugeri que entre as vereadoras mulheres houvesse um consenso, pois embora a resolução tivesse essa propósito, seria melhor decidir entre as parlamentares mulheres. Neste momento chamamos as cinco parlamentares para discussão e fizemos um revezamento, ficando a Roberta, e adjuntas Helen e Anita”, diz manifestação da vereadora.
“Cumpre esclarecer também que todos os anos poderiam ter feito mudança, mas os presidentes de 2022 e 2023 acabaram mantendo a mesma composição, infelizmente neste ano houve essa mudança, mas continuamos na luta e fortalecendo a política pública e as pautas feministas”, concluiu.
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“Todas as mulheres serão acolhidas”, diz Roberta Leitão
Roberta Leitão respondeu a seus críticos nos comentários do post no Instagram do Paralelo 29: “É impressionante os que se dizem defensores das mulheres atacando covardemente uma mulher. É misoginia que chama? Intolerância? Isso se chama de ódio e hipocrisia! Mas fiquem tranquilos. Todas as mulheres serão acolhidas na procuradoria sem qualquer forma de discriminação. O que não aconteceu comigo em diversas vezes em que fui agredida por homens de esquerda dentro da Câmara, vezes em que tive minha vida ameaçada”, escreveu a vereadora do PP.