Médico foi condenado a mais de 30 anos de prisão pela morte do filho, o menino Bernardo, ocorrida em 2014
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
O vereador Tubias Calil (MDB) anunciou que vai protocolar uma moção de repúdio contra a possibilidade de o médico Leandro Boldrini atuar no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Boldrini foi condenado pela morte do próprio filho, o menino Bernardo, assassinado em 2014.
A moção se deve ao fato de Boldrini ter sido selecionado para uma vaga no programa de residência médica no Husm, que é mantido pela Universidade Federal de Santa Maria (Husm). Segundo o G1RS, o médico foi chamado por um edital do processo seletivo na terça-feira (13).
“A Justiça deu agora a possibilidade de Leandro Boldrini ser médico no Hospital Universitário. Leandro Boldrini pode atender você ali no Husm, atender seu filho. Esse monstro não pode sair da cadeia para nada. Imagine, esse monstro que matou o próprio filho atendendo o seu filho no Husm”, diz Calil.
O parlamentar divulgou um vídeo com a sua posição nas redes sociais. Tubias disse ao Paralelo 29 que a moção de repúdio seria protocolada nesta quinta-feira (14) para ir à votação na próxima semana.
Morador de Santa Maria
Condenado a 31 anos e 8 meses de cadeia pela acusação de ser o mentor intelectual da morte de Bernardo, de 11 anos, assassinado em 2014, Leandro Boldrini cumpre pena em Santa Maria desde o ano passado, quando a Justiça acatou um pedido dele e transferiu o processo para a Justiça local.
No ano passado, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) absolveu Boldrini de um processo disciplinar, liberando o médico para clinicar.
Esta foi a segunda tentativa do condenado para voltar a trabalhar como médico. Em janeiro, ele ficou em quarto lugar na disputa por uma vaga de residência médica no Husm.
A transferência de Boldrini para Santa Maria gerou protestos no ano passado. Inicialmente, ele estava cumprindo a pena em regime domiciliar, com uso de tornozeleira, por falta de vaga no sistema prisional.
No entanto, o Ministério Público recorreu e a Justiça determinou que o médico voltasse para a prisão, onde cumpre a pena em regime semiaberto por ter ficado 10 anos preso preventivamente antes de ir a julgamento definitivo.
Assasinato do menino Bernardo
Bernardo Boldrini, de 11 anos, desapareceu em abril de 2014, em Três de Maio, onde ele morava com a família. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado em uma vala na cidade vizinha de Frederico Westphalen. A morte de Bernardo foi causada por uma superdosagem de medicamento ministrada pela madrasta dele, Graciele Uguline, também condenada.
Mais duas pessoas foram condenadas em júri popular, em março de 2019, por participação no crime. Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, ajudou a ocultar o corpo do menino. O irmão dela, Evandro Wirganovicz, foi condenado por cavar a cova onde Bernardo foi enterrado.
Leandro Boldrini conseguiu anular o primeiro júri e ele foi a novo julgamento popular em março de 2023, sendo condenado a 31 anos e 8 meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica.
No final de fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) julgou recursos da defesa de Boldrini e do MP e manteve a validade do segundo júri que condenou o médico.
O corpo de Bernardo está sepultado no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria juntamente com a avó materna, Jussara Uglione, e mãe dele, Odilaine Uglione. A ligação do menino com Santa Maria tem relação com a avó, Jussara, e a mãe, que eram de Santa Maria.