Paralelo 29

FALTA DE ÁGUA: Há quase 10 dias, Corsan tenta consertar adutoras e não dá previsão de normalizar abastecimento

Foto: Divulgação, Corsan

Empresas terceirizadas estão trabalhando nas adutoras, diz responsável pela Região Central; medidas adotadas são paliativas

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Desde 30 de abril, quando começou a enchente no Rio Grande do Sul, a Corsan enfrenta dificuldades com o abastecimento de água no Rio Grande do Sul.

Em Santa Maria, toda a região Oeste continua desabastecida, conforme comunicado desta quinta (9). O gestor de Relações Institucionais da Corsan na Região Central, João Corim, não dá prazo para que o abastecimento volte a se normalizar na cidade.

Segundo a última informação, a água está chegando a 82% de Santa Maria. A empresa Aegea, que comprou a Corsan no processo de privatização, diz que continua trabalhando para consertar as três adutoras que se romperam. Porém, alega dificuldades técnicas e de acesso aos locais.

“Não estamos medindo esforços”, diz gestor

O Paralelo 29 conversou com João Corim, que representa a empresa Aegea, consórico que comprou a Corsan no processo de privatização, em dezembro do ano passado.

“Não estamos medindo esforços. Foram rompidas três adutoras submersas, que se encontram em lugar ermo. Estávamos ilhados pela parte rodoviária”, diz Corim, explicando que somente nessa segunda-feira foi possível chegar a essas localidades.

Técnicos vieram de fora

A uma equipe de 20 técnicos somaram-se seis profissionais da área de eletromecânica que vieram do Estado do Amazonas para trabalhar no conserto.

Bombas anfíbias (que ficam embaixo da água) foram afetadas. A maioria da mão de obra, segundo Corim, é de empresas terceirizadas que prestam serviço para a Companhia.

Depois do conserto das três adutoras, os técnicos terão que conferir se não há rompimentos e vazamentos. São 26 estações de bombeamento, e muitas delas estão desligadas.

“Podem ocorrer rompimentos. Por isso, é díficil dar um prazo”, disse Corim, reiterando que a empresa está fazendo tudo o que é possível para normalizar o abastecimento.

Medidas emergenciais

Em Santa Maria, o abastecimento é dividido em sete macrorregiões, que distribuem a água tratada das barragens para toda a cidade: Centro-Sul, Centro-Leste, Norte, Sul, Leste, Oeste-Norte e Oeste-Sul.

Em toda a área de cobertura da Corsan na Regional de Santa Maria são atendidos 30 municípios. Segundo Corim, alguns estão mais afetados que outros.

Enquanto a Corsan não conclui o serviço, medidas paliativas estão sendo adotadas de forma emergencial para minimizar o problema.

A Companhia trouxe caminhões-pipas de Porto Alegre para abastecer primeiramente hospitais e instalou cinco reservatórios para atender regiões onde a água não está chegando.

QUEM É A DONA DA CORSAN

O grupo Aegea é um consórcio formado em 2010 e atualmente é líder no setor privado de saneamento básico no Brasil, atendendo 21 milhões de pessoas em 154 municípios do país.

No Rio Grande do Sul, a empresa começou atuando por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) com a Corsan com foco na coleta e tratamento de esgoto em nove cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Em 20 de dezembro de 2022, o consórcio da Aegea arrematou a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) por R$ R$ 4,151 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo em um processo contestado pelo Sindiágua (sindicato dos funcionários da Corsan) e que rendeu ações na Justiça e procedimentos no Tribunal de Contas do Estado.

A compra envolveu fundos de investimentos geridos pelas empresas Perfin e Kinea. Em 7 de julho do ano passado, governo do RS e Aegea assinaram o contrato, que prevê a cobertura de 317 dos 497 municípios gaúchos.

A empresa se comprometeu investir R$ 15 bilhões nessas cidades, entre elas Santa Maria, até 2033. A alegação do governador Eduardo Leite (PSDB) para privatizar a Corsan foi a necessidade de investimentos e a melhoria dos serviços para a população.

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