Paralelo 29

ALESSANDRA: Como reconstruir o futuro de nossos filhos e netos?

Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil
ALESSANDRA CAVALHEIRO – JORNALISTA

É da natureza renascer. As perdas no Rio Grande do Sul são incontáveis, mas algo há de se ganhar: um recomeço recheado das lições que a tragédia traz.

Neste momento aparecem claramente a luz e a escuridão do ser humano. Pare e pense: como ficarão nossos descendentes no futuro?

A tarefa hercúlea de mudar a visão dos negacionistas do clima é algo que, infelizmente, vai depender do tamanho de suas perdas e, assim, das lições que receberem e da decisão de estancar a exploração dos recursos naturais antes dos pontos de não retorno. Mas não se iluda, tem gente grande que não está nem aí e só quer lucrar e explorar mesmo.

No cenário mundial da emergência climática está claro que a minoria que representa os países mais ricos provoca a maioria dos prejuízos sofridos pela maioria dos mais pobres.

Num mundo em que nunca houve tanto desequilíbrio provocado pelo homem, assistimos em escala exponencial ao aumento da exploração dos combustíveis, por exemplo. 

Como nos melhores filmes de Hollywood, cientistas estão roucos de tanto fazer alertas. E o que ouvem da minoria exploradora, apoiada cegamente por políticos que nós elegemos: são alarmistas, ecochatos, comunistas, ambientalóides e outras aberrações que é melhor nem citar aqui. Cientistas causam incômodo à minoria destrutiva.

A maioria do povo reconhece a gravidade

Uma pesquisa publicada dias atrás na Agência Brasil, pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), uma associação civil sem fins lucrativos supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) mostra que 95,4% da população brasileira afirma ter consciência de que as mudanças climáticas estão acontecendo, enquanto apenas 3,5% dizem não ter consciência. Um por cento não sabe opinar ou não quis responder. 

Temos boa parte dos “conscientes” ainda sem uma visão clara sobre a gravidade do cenário. A pesquisa mostra que para 19,6%, essas mudanças são da natureza, sem intervenção do homem.

Temos também que 60,5% concordam que os eventos representam um “grave perigo para as pessoas no Brasil”. Assim, ainda há que conscientizar muita gente por meio de instrução, informação e sobretudo, do combate à desinformação.

Já que os números mostram uma maioria consciente, é à minoria que devemos ficar mais atentos. Agora, quando a água baixa e chega o momento de enfrentar a lama, o lixo, os restos mortais e toda a devastação, é hora de repensar o Rio Grande de maneira profunda. 

Importante: é momento de pensar muito bem sobre quem serão os nossos líderes na reconstrução. Quem serão os novos prefeitos e vereadores em 2025? Você tem algum político de estimação? Ele vai te ajudar na reconstrução? 

Não há outra forma de resolver ou, ao menos, minimizar a gravidade da situação que não seja por meio de políticas públicas que respeitem as demandas ambientais.

Leis que determinem que os rios tenham suas várzeas, que não são novidade, mas devem ser cumpridas. Que as cidades tenham sua estrutura urbana melhor adaptada para a ocorrência de eventos extremos. 

Vai depender do nosso voto verde

São obviedades, mas algo que tem sido vergonhosamente negligenciado ano após ano pelos nossos políticos e autoridades no poder.

Não podemos permitir que as políticas e a legislação sejam tocadas à revelia. Que os gananciosos que bem conhecemos saiam por aí construindo em qualquer lugar com anuência de políticos corruptos, em busca de tirar o prejuízo e lucrar sobre a população tão vulnerável. 

É no voto, na lei, nas regras ambientais, que o Rio Grande e tantos lugares devastados devem se reerguer para que a vida volte a brilhar.

Está na mão de cada um e é algo muito poderoso, este simples ato de apertar um botão: o voto. Pense, repense. É preciso reconstruir o futuro de nossos filhos e netos e isso está em nossas mãos.

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn