ALESSANDRA CAVALHEIRO – JORNALISTA
Estamos vendo claramente a situação dos líderes do Rio Grande do Sul, principalmente do governador Eduardo Leite e do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
Jogaram contra si ao seguir a cartilha da exploração sem dó do meio ambiente. Agora estão sendo cobrados, criticados e passarão por dificuldades impensadas.
A cada dia, políticos com essa postura terão mais dificuldades de dar respostas eficientes. Por que? Porque ignoram alertas e não priorizam o óbvio, a defesa da vida. Apenas depois da mortandade é que se viu uma urgência em salvar vidas. Demorou demais, senhores.
As notícias não são boas. As previsões, muito menos. A cada inundação, tempestade, seca, haverá uma coisa em comum: lideranças políticas que não têm uma postura voltada para a transformação ecológica desde, pelo menos, a década de 90, serão duramente criticadas e correm sério risco de cair.
Uma, porque o povo já entendeu que suas vidas estão em jogo. Outra, porque é preciso culpar alguém quando as coisas não dão certo. E quem é responsável pelo bem do povo? Aquele que recebeu seu voto.
Não acredito que estamos no fim do mundo mas, certamente, estamos no fim de uma era, em plena crise existencial como humanidade.
Nosso instinto de sobrevivência haverá de fazer de tudo, mesmo por linhas tortas, e certamente seguiremos. Porém, estamos vendo mortes em massa ao redor do mundo, começando pela biodiversidade. De uma vez por todas, precisamos perceber que, se os botos estão morrendo por causa das águas quentes, o mesmo ocorrerá conosco, um pouco mais à frente.
Não adianta reclamar da imprensa, da mídia, de forma generalizada. Os veículos com mais ou menos credibilidade, não estão conseguindo mostrar nem de longe a dimensão das tragédias. São muitas notícias alarmantes, muitas pautas chocantes.
O caos também se dá na comunicação. Mas nunca assisti tanta bravura entre os colegas, atuando sob risco, seja no ambiente insalubre, seja na insegurança jurídica, nas ameaças que recebem, enfim, tentando fazer seu trabalho de reportar os fatos.
A crise do clima tem muito da mão do homem, mas tem uma coisa nisso tudo que realmente é natural: a lei do retorno. Se observarmos, o universo é simples assim.
Jogue uma bola na parede e veja o que acontece. Não podemos mais ser tão irracionais, autodestrutivos a ponto de levar nosso próprio sofrimento a níveis infernais porque não paramos para tomar consciência da ganância desenfreada e do desrespeito pela vida.
Estou realmente curiosa para saber o que nossos candidatos têm a dizer sobre tudo isso. Aliás, só dizer não adianta nada. Quais os planos concretos? Quais as apostas nas plataformas de governos municipais? É nas cidades que o Brasil acontece.
Vamos ficar atentos às propostas e votar naqueles que têm a vida nas mãos, e não a morte. Porque logo ali, estaremos no momento mais importante deste ano: o de apertar as teclas das urnas. Fim.