Paralelo 29

Polícia Civil ainda aguarda laudos sobre 6 mortes em Santa Maria e duas em Itaara durante a enchente

Deslixamento na Canário matou mãe e filha/Foto: Marcelo Oliveira, SEC, PMSM

Outras seis mortes relacionadas à enchente em cidades da Quarta Colônia também são investigadas

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Um mês após o início da enchente que matou seis pessoas em Santa Maria e duas em Itaara, a Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) ainda aguarda os laudos sobre os deslizamentos de terra que resultaram em oito mortes nos dois municípios.

A sede da DPHPP, que fica em Santa Maria, é também responsável pelo município de Itaara. O delegado Marcelo Mendes Arigony, titular da DPHPP, explica que como ocorreram mortes é atribuição da Polícia Civil abrir inquéritos para investigar as causas.

Tragédia na Canário

Emily e a mãe morreram em deslizamento de terra na Canário/Foto: Reprodução, Facebook

No sábado (1º) completou-se um mês do deslizamento de terra no Morro do Cechella, que acaou matando mãe e filha, na Rua Canário, também conhecida como Vila Canário, no Bairro Itararé.

Naquela tarde de 1º de maio, Dia do Trabalho, e segundo dia de chuva forte em Santa Maria, uma moradora da região entrou em contato com o Paralelo 29, informando sobre um deslizamento de terra que acabara de ocorrer no Morro do Cechella.

Em contato via Instagram, a mulher enviou vídeos feitos à distância, que mostravam a chuva forte e a parte desmoronada. Ela relatou ao Paralelo 29 que era possível ouvir gritos por socorro. Pelo menos uma casa havia desmoronado, segundo a testemunha.

A partir desse momento, o Paralelo 29 começou a acompanhar o trabalho da Defesa Civil, da Polícia, do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) em busca de possíveis vítimas soterradas.

No final da tarde, a Prefeitura confirmou as duas mortes. As vítimas eram Emily Ulguin da Rocha, de 17 anos, estudante da Escola Estadual Érico Veríssimo, e a mãe dela, Liane Ulguin da Rocha, de 47 anos, que só foi encontrada no dia seguinte.

Nesse sábado, um mês depois da tragédia, o marido de Liane e pai de Emily, Roger da Rocha, ganhou uma casa nova de uma construtora da cidade, que foi entregue a ele pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB). Quando o Paralelo 29 esteve na Canário, dias depois do deslizamento, era possível ver panelas, roupas, objetos e até carros encobertos por terra.

Família morreu no interior; idosa encontrada no Cadena

Josmar, Adriana e o filho Miguel Eduardo morreram em Arroio Grande/Foto: Reprodução, Facebook

Além de mãe e filha, mais quatro pessoas morreram em decorrência da chuvarada em Santa Maria, como uma família do Distrito de Arroio Grande.

Um deslizamento de terra matou Josmar Eduardo Lemos, de 35 anos, a mulher dele, Adriana Trindade de Oliveira, de 40, e o filho do casal, Miguel Eduardo de Oliveira Dias, de apenas 1 ano.

A família morava na Vila do Sossego, na estrada de Rincão dos Minello. Os corpos foram localizados dias depois do deslizamento.

Há outro caso relacionado à enchente sob investigação, porém não se trata de deslizamento. Maria Conceição Coelho, de 83 anos, foi encontrada morta no Arroio Cadena, na Vila Brenner, Bairro Divina Providência, zona Norte de Santa Maria, na tarde de 7 de maio.

Conceição pode ter morrido afogada ao cair no arroio. Segundo familiares, a idosa foi vista pela última vez na noite de domingo (5) para ir a um culto evangélico.

Primeira morte da região foi em Itaara

Antes da morte de mãe e filha, Itaara já havia registrado uma vítima. Em 30 de abril, um deslizamento de terra no interior de Itaara matou Elizane Medianeira Milani Buss, de 47 anos. O marido dela, Paulo Cesar Buss, de 5 1 anos, que ficou ferido, morreu 27 dias depois, no hospital.

Esses dois casos também são investigados pela DPHPP pelo fato de essa especializada responder pelos casos de Itaara.

Outras mortes são investigadas pela Polícia Civil da região

Além de Santa Maria e Itaara, outras cidades da Região Central registraram mortes decorrentes da enchente de abril e maio.

Há vítimas fatais de deslizamentos em Silveira Martins, São João do Polêsine e Pinhal Grande, todos municípios da Quarta Colônia, próximos a Santa Maria. Esses casos são investigados pelas Delegacias de Polícia (DPs) desses municípios.

MORTES NA REGIÃO CENTRAL

ITAARA

  • Elizane Medianeira Milani Buss, 47 anos, morreu em 30 de abril, vítima de deslizamento de terra em Itaara
  • Paulo Cesar Buss, 51 anos, morreu no hospital 27 dias após deslizamento de terra em Itaara

SANTA MARIA

  • Liane Ulguin da Rocha, de 45 anos, morreu dia 1º de maio, vítima de deslizamento de terra na Rua Canário, Bairro Itararé, região do Morro do Cechella
  • Emily Ulguin da Rocha, de 17 anos, morreu dia 1º de maio, vítima de deslizaento de terra na Rua Canário, Bairro Itararé, região do Morro do Cechella
  • Josemar Eudardo Lemos, de 35 anos, vítima de deslizamento na Vila do Sossego, na estrada de Rincão dos Minello, Distrito de Arroio Grande
  • Adriana Trindade de Oliveira, de 40 anos, vítima de deslizamento na Vila do Sossego, na estrada de Rinca dos Minello, Distrito de Arroio Grande
  • Miguel Eduardo de Oliveira Dias, de 1 ano, vítima de deslizaento na Vila do Sossego, na estrada de Rincão dos Minello, Distrito de Arroio Grande
  • Maria Conceição Coelho, 85 anos, encontrada morta no Arroio Cadena na tarde de 7 de maio

SÃO JOÃO DO POLÊSINE

  • Edna Neves Ferreira, de 15 anos, morreu na quarta-feira (1º), vítima de um deslizamento de terra

SILVEIRA MARTINS

  • Olide Pierina Brondani, de 85 anos, vítima de desmonoramento

PINHAL GRANDE

  • Rejane Maria Viera, de 48 anos, vítima de deslizamento na localidade de Gringhinha, em 1º de maio. Ela foi encontrada dois dias depois.
  • Renato Moreira Fernandes, de 41 anos, vítima de deslizamento na localidade de Gringhinha, foi vítima de deslizamento de terra dia 1º de maio. O corpo foi encontrado dias depois.

Ludos são aguardados

Conforme o delegado Marcelo Mendes Arigony, da DPHPP, a Polícia Civil tem 30 dias para concluir os inquéritos, mas esse prazo pode ser estendido por mais 30.

No entanto, enquanto no IGP não liberar os laudos sobre as mortes, não há como concluir as investigações. Os inquéritos deverão concluir que as mortes foram causadas por desastre natural.

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn