Principais partidos contratam pesquisas eleitorais para ver desempenho de pré-candidatos
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
Desde o ano passado, pelo menos, os principais partidos de Santa Maria têm encomendado pesquisas para ver como estão seus concorrentes à Prefeitura.
Com a definição das chapas, esse instrumento de orientação passará a ser mais utilizado. Ou seja, mais pesquisas serão encomendadas pelos pré-candidatos. E, depois, pelos candidatos, quando os nomes forem oficializados pelas convenções e pela Justiça Eleitoral.
Para que servem as pesquisas?
Como diz o nome – pesquisa de intenção de voto -, essa ferramenta serve para vários propósitos. O primeiro deles é mensurar a aceitação do concorrente pelo eleitorado. Com base nessa informação, os partidos definem estratégias. O candidato é um produto no mercado.
Também servem para barganhas e negociações. Neste período, em que ainda há chapas em aberto, pré-candidatos decidindo se irão ou não encarar as urnas e outros, mais consolidados, em busca de apoios, as pesquisas servem para tentar convencer.
Ou seja, o partido A chega para o partido B com a pesquisa, mostrando a viabilidade do seu pretendente. O partido B mostra ao partido A que seu representante pode fazer a diferença. E assim, a negociação se dá em cima de dados que cada um tem.
Por isso, as pesquisas são importantes para as definições internas de cada partido e seus pretendentes. Esse é o papel que elas cumprem antes das convenções.
Até aqui fala-se das pesquisas dos partidos, para consumo interno e para as negociações. Em outra fase, entrarão em campo as pesquisas dos institutos.
Na campanha eleitoral, as pesquisas de intenção de voto continuam sendo um instrumento de orientação. Mas, a partir daí, elas também servem para “pescar” o eleitorado.
Nesse caso, fala-se das pesquisas registradas na Justiça Eleitoral pelos institutos e veículos de comunicação e que podem ser divulgadas para conhecimento do eleitor.
Multa para divulgação sem registro
A legislação eleitoral prevê uma multa de mais de R$ 50 mil para quem divulgar pesquisa fraudulenta ou que não tenha sido registrada com cinco dias de antecedência na Justiça Eleitoral. A lei também proíbe a realização das enquentes, que são aqueles levantamentos sem amostra representativa da população pesquisada.
Os tipos de pesquisa
Há diversos tipos de pesquisa no mercado, de acordo com os interesses e, obviamente, com o bolso de quem contrata.
Em termos técnicos, há as pesquisas de opinião pública, que são sondagens que fazem uma leitura das opiniões dos entrevistados sobre questões diversas. Essas sondagens podem apurar o desempenho de figuras públicas, como presidente, governador e prefeito, e também temas relevantes.
As chamadas pesquisas de base são aquelas realizadas no início da campanha para mensurar níveis iniciais de percepções, conhecimentos e opiniões do eleitorado sobre um candidato.
Outra ferramenta é a pesquisa de rastreamento, que visa mensurar as oscilações do eleitorado durante a capanha. As pesquisas de acompanhamento, utilizadas em grandes campanhas, são sondagens mais frequentes de acompanhamento do desempenho de um candidato.
Há outra definição para as sondagens: elas podem ser pesquisas quantitativas ou qualitativas. As quantitativas são levantamentos, digamos, brutos. Coletam dados concretos e estatísticos.
Já a pesquisas qualitativa é aquela que traz resultados mais subjetivos, contudo mais detalhados e mais profundos a respeito do cenário eleitoral. Essa ferramente ajuda a compreender a origem dos dados, os motivos, opiniões e experiências dos entrevistados. Ou seja, a grosso modo, faz uma leitura do que o eleitor pensa e deseja.
A pesquisa qualitiativa também é chamada de “quanti-quali” ou “quanti-qualitativa”.
Quanto custa uma pesquisa
Um levantamento feito pelo portal G1 em 2022 informa que uma pesquisa variava de R$ 20 mil a R$ 400 mil. O critério usado foi a média de preço para pesquisas de itenção de voto nacionais.
A coluna consultou dois integrantes de campanhas de pré-candidatos distintos. Em média, no Rio Grande do Sul, uma pesquisa confiável custaria em torno de R$ 30 mil, segundo um deles.
Já a outra fonte diz que as pesquisas variam de R$ 6 mil a R$ 60 mil, em média. As mais baratas são as quantitativas, feitas geralmente por empresas juniores ligadas a instituições de ensino.
Já uma pesquisa “quanti-quali” custaria entre R$ 40 mil e R$ 60 mil, podendo os partidos encomendar pacotes, o que barateia os custos.
De qualquer forma, os principais partidos com chances de disputar a Prefeitura, irão continuar contratando pesquisas. E elas irão se multiplicar na campanha eleitoral, principalmente de agosto em diante, quando começar o horário eleitoral e a intensificação da propaganda. E haja grana!
NOTAS TRANSVERSAIS
A hora está chegando
Pré-candidatos a prefeito que ainda não definiram seus vices ou que ainda não sabem se desistem ou continuam na disputa têm cada vez menos tempo para uma decisão.
É o caso de Tony Oliveira, do Podemos. O vereador viajou a Porto Alegre nesta terça-feira (9) para consultar o partido. Deve retornar de lá com uma decisão a ser anunciada, quem sabe, nas próximas horas.
Há três hipóteses possíveis para o radialista: concorrer a prefeito em chapa própria, coligar com o PL ou aderir à coligação Novo-MDB e concorrer a vereador
Novo no aguardo
Quem mais aguarda a decisão de Tony Oliveira é a coligação Novo-MDB. Giuseppe Riesgo e Magali Marques da Rocha já fecharam a dobradinha, respectivamente, de prefeito e vice.
Mesmo assim, os dois partidos acreditam que Tony poderá se somar à coligação e apostar na candidatura à reeleição.
Cotado no PDT
Paulo Burmann poderá ter como vice o oficial da reserva da Brigada Militar Adilomar Jacson Silva, filiado ao PDT. Até um currículo dele já foi preparado, com toda a trajetória pessoal e profissional.
Na ficha política do oficial, o PDT destaca a participação dele em eventos como “jogos de futebol, shows, rebeliões em presídos, enchente no Amazonas e em ações relacionadas ao incêndio da boate Kiss”.
Com escassas chances de compor uma coligação com outra sigla, os pedetistas deverão ir de chapa puro sangue, com Burmann na cabeça.
MÁQUINA DO TEMPO
Farinha do mesmo saco, bordão de 2000
Hoje, a coluna pega a Máquina do Tempo e vai até o ano 2000, início do século e do milênio para resgatar um bordão da campanha para a Prefeitura de Santa Maria usado pela professora Alda Olivier, candidata do PSTU.
Nos debates e no horário eleitoral de rádio e televisão, Alda se notabilizou pela frase: “Tudo farinha do mesmo saco”, para se referir aos adversários.
Alda concorreu com Valdeci Oliveira (PT), José Haidar Farret (PPB, atual Progressistas), Cezar Schirmer (PMDB, atual MDB) e Osvaldo Nascimento da Silva (PTB, atual PRD).
Pegado de empréstimo da cultura popular, o ditado que virou bordão de campanha afirmava que os adversários da professora eram todos iguais e defendiam os mesmos interesses.
Alda ficou em último lugar, com 424 votos, na eleição vencida por Valdeci Oliveira. Mas apesar de ficar na lanterna, o bordão da candidata do PSTU ficou marcado na história política santa-mariense e é lembrado e repetido até hoje.