FABIO S. VASCONCELOS – PSICANALISTA CLÍNICO ONLINE
No vasto universo das emoções humanas, o ressentimento ocupa um lugar singular. Em sua etimologia, “ressentir” traz consigo a dança do “re” — sentir de novo, sentir outra vez.
Proveniente do latim “resentire”, essa palavra revela um retorno constante à dor, como um eco que jamais se desfaz.
Diferente da mágoa, que se dissipa com um sincero pedido de desculpas, o ressentimento é um companheiro insistente, nutrido por uma escolha consciente de manter a chama da ofensa acesa, como uma vela ao vento.
Nietzsche, com sua sabedoria filosófica, nos conta que o ressentimento é uma vingança adiada, uma promessa não cumprida de retribuir o sofrimento.
A pessoa ressentida deseja revidar, mas a coragem lhe falta, o momento não chega, o caminho não se revela. Assim, a vontade de agir se dissolve em um rancor silencioso, um grito que ecoa apenas internamente, corroendo a alma com o seu manto de sombra.
Atribuir ao outro a responsabilidade pelo próprio sofrimento é o âmago do ressentimento. O ressentido se veste com o manto da vítima, incapaz de tomar as rédeas de sua própria história.
Em vez de buscar formas de cicatrizar a dor e seguir adiante, ele se aprisiona nas correntes do passado, revivendo a mágoa como um ritual eterno. Essa postura impede o florescimento pessoal e a construção de uma visão mais leve e sábia sobre a vida.
Ainda assim, nas noites mais escuras, a possibilidade de renascimento sempre brilha. Reconhecer o ressentimento é o primeiro passo para transmutá-lo.
Compreender que a chave para a própria felicidade reside em nossas mãos é libertador. Isso não significa apagar ou minimizar as feridas, mas decidir que elas não mais definirão nosso destino.
A jornada terapêutica é um caminho de descoberta e cura, um convite a deixar para trás o peso do ressentimento. Com o apoio certo, é possível explorar as raízes dessa dor, transformá-la em aprendizado e reconstruir a própria narrativa.
Convido você a embarcar nessa viagem de autoconhecimento e renovação, onde o destino final é a liberdade das amarras emocionais e a conquista de uma vida repleta de luz e plenitude.