FABIO S. VASCONCELOS – PSICANALISTA CLÍNICO ONLINE
O “controle onipotente” pode ser visto como um eco das primeiras experiências da infância, onde o indivíduo ainda carrega consigo a ilusão de ter poder absoluto sobre o mundo à sua volta.
Essa sensação de onipotência nasce da total dependência inicial, quando a criança acredita que seus desejos e fantasias são capazes de moldar a realidade, especialmente em relação à figura materna, que é percebida como uma extensão do seu próprio ser.
Quando essa fantasia não é elaborada e integrada de forma madura ao longo da vida, ela pode continuar a se manifestar como uma forma inconsciente de fugir das limitações humanas.
Esse controle é uma tentativa de escapar da dolorosa descoberta de que não somos todo-poderosos, de que há limites claros para o que podemos influenciar e que nem todos os desejos serão atendidos.
Esse confronto com a realidade é um rito essencial do amadurecimento emocional, e quando não ocorre plenamente, perpetua um comportamento infantil na vida adulta.
Em nossa jornada interna, essa ilusão de controle pode ser uma proteção contra as dores da frustração e da angústia de não poder ter tudo sob comando.
Surge no real o esgotamento, as frustrações e a exaustão… Afinal, quem nunca desejou, ainda que por um instante, ser o senhor de todos os acontecimentos? Mas essa postura, se não reconhecida e transformada, impede o crescimento.
O amadurecimento emocional, a aceitação das próprias limitações e a capacidade de conviver com a alteridade – o outro que não podemos controlar – são fundamentais para nos libertarmos dessa prisão emocional.
Em nossa prática clínica, percebemos a beleza desse processo de autodescoberta, ajudando as pessoas a enxergar que a vulnerabilidade faz parte da experiência de viver.
Enfrentar essas ilusões de controle abre caminho para um crescimento emocional profundo, permitindo que a pessoa finalmente aceite suas limitações humanas e abrace uma vida mais plena, integrada e verdadeira. Vamos! Coragem!