Paralelo 29

“Vamos levar os movimentos sociais para dentro da Câmara”, diz Alice Carvalho, campeã de votos

Foto: Reprodução, Facebook

Psicóloga filiada ao PSOL foi a mais votada em Santa Maria nas duas últimas eleições

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Quatro anos depois de ter sido a mais votada entre todos os candidatos à Câmara de Vereadores de Santa Maria, com 3.371 votos, e de ficar fora do Legislativo, a psicóloga Alice Carvalho (PSOL) repetiu a façanha de ser novamente a campeã nas urnas e conseguiu a buscada cadeira no Leislativo, desta vez com 4.129 votos.

Aos 28 anos, a moradora do Bairro Tancredo Neves, na zona Oeste de Santa Maria, diz que seu mandato pretende ser “um instrumento de lutas” da classe trabalhadora e das periferias.

“Vamos fazer muito barulho, levar os movimentos sociais para dentro da Câmara”, adianta a vereadora eleita, que assumirá a primeira cadeira do PSOL em Santa Maria e em uma Câmara de Vereadores da Região Central do Rio Grande do Sul.

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Militante desde os 14 anos

Alice com Alídio e Marisa, a mãe: militância ativa nos movimentos sociais/Foto: Reprodução, Facebook

Alice trabalha como psicóloga em seu consultório, na Rua Ângelo Uglione, no Centro da cidade. Formada na Universidade Franciscana (UFN), ela começou a militância muito cedo.

Aos 14 anos, Alice, conhecida como Preta, já integrava o Coletivo Negro e o Coletivo Feminista da cidade. A participação nos movimentos sociais acabou levando a militante para o PSOL a convite do atual presidente da sigla, Alídio da Luz, também psicólogo, que concorreu a prefeito de Santa Maria no primeiro turno.

“A militância sempre ocupou a centralidade da minha vida”, conta a futura vereadora, que atribui seu sucesso nas urnas ao comprometimento com causas da população mais pobre e excluída.

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Única vereadora negra na próxima legislatura

Alice,a Preta: duas vezes a candidata a vereadora mais votada de Santa Maria/Foto: Reprodução, Facebook

Ela será a única vereadora negra da próxima legislatura e a primeira mulher negra eleita como titular de uma cadeira no Legislativo santa-mariense.

Filha de um farmacista e de uma professora (Marisa Carvalho, que foi candidata a vice-prefeita do PSOL no primeiro turno), Alice acabou levando os pais para o partido.

“Levei a família toda”, conta, com orgulho a vereadora eleita, que já concorreu à Assembleia Legislativa em 2018, recebendo 6.701 votos e ficando na quarta suplência.

“Nosso mandato vai ser um instrumento de lutas. A extrema direita continua tendo aliados (na Câmara) e muitos projetos podem ser barrados”, projeta Alice sobre a nova legislatura.

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Estratégia diferente

PSOL mudou estratégia para que Alice não ficasse de fora, mesmo sendo a mais votada/Foto: Reprodução, Facebook

Embora tenha sido a mais votada em 2020, Alice não conseguiu a vaga porque o PSOL não atingiu o quoeficiente eleitoral – número mínimo de votos válidos – para obter uma cadeira.

Em 2020, o PSOL concorreu sem coligação e os demais candidatos fizeram votação insuficiente para garantir um vereador. Já nas eleições deste ano, o PSOL concocorreu por uma federação com a Rede Sustentabiliade e aumento o número de concorrentes na nominata.

Assim, mesmo que os demais candidatos tenham obtido uma votação pequena, a soma ajudou Alice. Mesmo assim, a vereadora conquistou a cadeira pelas chamadas sobras. Com quatro votos a menos, a psicóloga teria ficado novamente fora do Parlamento.

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Reação à tentativa do PDT de recalcular votos

Alice foi um dos alvos de uma ação do PDT em Santa Maria que pediu um novo cálculo da distribuição de cadeiras. O juiz eleitoral Vinícius Leão indeferiu o pedido, sustentando que o cálculo feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) leva em conta a eleição por média.

Caso o PDT tivesse tido sucesso, a vereadora Luci Duartes – Tia da Moto, que não conseguiu se reeleger, ficaria com a vaga. Tia da Moto fez 1.535 votos, a 26ª posição entre os 256 concorrentes.

A intenção do PDT, que também questionou a eleição de Marcelo Bisogno (União Brasil), foi criticada nas redes sociais. Em resposta, Alice Carvalho postou uma crítica ao PDT em suas redes sociais: “A luta continua, e eles terão que aceitar que nossa presença é resultado de uma escolha legítima, democrática e com respaldo popular e jurídico”.

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