Paralelo 29

Dom Leomar não quer bailes nem “música bagaceira” nas festas religiosas da Arquidiocese de Santa Maria

Foto: Reprodução
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Decisão em conjunto com a assembleia dos padres vale para o Ano do Jubileu de 2025; nota pública rebate críticas à medida

Uma decisão do arcebispo metropolitano de Santa Maria, dom Leomar Antônio Brustolin, com o respaldo de todos os padres da Arquidiocese, está gerando polêmica em algumas comunidades da Igreja Católica na Região Central. No ano que vem não será permitida a realização de bailes nas festas religiosas. A medida gerou repercussão e uma nota pública em apoio ao arcebispo.

Em uma missa na Paróquia da Nossa Senhora da Piedade, em Júlio de Castilhos, dom Leomar explica a decisão. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o sermão do religioso.

“Tomamos uma decisão que o bispo tem que ter coragem junto com o clero e com os leigos, que no ano que vem, em toda a Arquidiocese, que nas 480 igrejas não vai ter baile em nenhuma festa durante todo o ano. Essas famosas domingueiras, que vendem cerveja a torto e a direito, ensinam o povo a ficar alcoólatra, a terceira idade vem dançar música bagaceira”, disse dom Leomar.

“Estou mudando os erros”, diz arcebispo

Na sequência, o arcebispo diz que há pessoas criticando e dizendo que “esse bispo tá mudando tudo”. “Estou mudando os erros”, afirma dom Leomar.

No sermão, o chefe da Igreja Católica na região cita problemas como brigas decorrentes dos bailes e da venda de bebida alcoólica que ocorreram recentemente. Ele conta que um delegado de Polícia cobrou explicações depois de um desses episódios.

O arcebispo também argumentou que as festas com domingueiras acabam tendo mais público que os eventos de evangelização.

“Vocês sabem o que acontece gurizada? Na paróquia, graças a Deus o pessoal me diz que não é costume aqui…mas uma capela lá do interior tem festa da padroeira, tem 50 pessoas na missa, tem 200 pessoas para almoçar, mas tem 500 na domingueira”.

A decisão da Igreja foi comunicada por dom Leomar durante a Trezena Móvel de Nossa Senhora Medianeira, em 20 de outubro, em uma celebração na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Restinga Sêca, na Quarta Colônia.

Líder de comunidade questiona

Jornal Cidades do Vale, de Faxinal do Soturo, repercutiu a decisão da Igreja/Foto: Reprodução

Em uma reportagem publicada em 1º de novembro no Jornal Cidades do Vale, de Faxinal do Soturno, há uma ampla repercussão da decisão e da fala do arcebispo.

O líder comunitário Zair Ceretta, presidente da Comunidade de Santos Anjos, questiona a medida e pede que dom Leomar volte atrás.

“Não concordo, não acho certo, acredito que o arcebispo terá que repensar sobre esse assunto. Não pode ser uma decisão tomada assim, sem a participação da comunidade. Cada comunidade tem a sua realidade e a sua forma de arrecadar recursos”, alega Ceretta, afirmando que Santos Anjos contribui com R$ 20 mil por ano com a Igreja.

Padres apoiam arcebispo

A decisão de vedar as domingueiras nas festas católicas foi tomada em conjunto em uma Assembleia do Clero em 16 de outubro. No dia 19 de outubro, a medida foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Arquidiocesano da Pastoral. Em toda a Arquidiocese são 480 igrejas.

A polêmica decisão vale para 2025, ano do Jubileu da Igreja Católica. O Jubileu é um evento da tradição católica celebrado a cada 25 anos em todo o mundo.

Nesse período, os fiéis têm a oportunidade de pedir perdão e a praticarem atos de fé, como confissões, orações e obras de caridade e, assim, alcançarem a remissão de seus pecados.

Em nota pública de esclarecimento divulgada nessa quarta-feira (6), os padres da Arquidiocese endossam a decisão tomada em conjunto com dom Leomar.

Diz a nota que o clero manifesta apoio integral ao arcebispo para que “seja tomada uma postura cada vez mais coerente com o Evangelho e Nosso Senhor Jesus Cristo em toda a Igreja Particular de Santa Maria, sobretudo no que diz respeito à não realização das ´domingueiras dançantes´nos festeos em honra aos padroeiros das comunidades”.

CONFIRA, ABAIXO, A NOTA NA ÍNTEGRA

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