Em nota, Conselho de Entidades de Base faz críticas contundentes à chapa “Pra Virar o Jogo”
Por Maiquel Rosauro – site claudemirpereira.com.br*
O Conselho de Entidades de Base (CEB) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por unanimidade, reprovou a prestação de contas da gestão “Pra Virar o Jogo 2023/2024”, do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A reprovação foi proposta pelo Conselho Fiscal devido a um rombo de R$ 23.347,26 nas contas do DCE.
A reunião do CEB ocorreu em 30 de outubro e demonstrou um racha entre os grupos do PSol que comandavam o DCE, os coletivos Alicerce e Juntos.
Conforme a ata da reunião a que o Site teve acesso, a dívida foi contraída durante a Calourada realizada na Gare, em março deste ano.
Como encaminhamento, o CEB decidiu pela abertura de um Boletim de Ocorrência para investigação dos fatos e a publicação de uma nota pública (confira, abaixo). O documento foi publicado em 6 de novembro e expõe problemas políticos e de gestão.
“A atual gestão, através de seus integrantes e ex-integrantes, justificou a prestação de diferentes formas. Um dos pontos levantados como justificativa foi de que a dívida estaria sob responsabilidade do MES – corrente interna do PSOL, ao qual faz parte o Coletivo “Juntos”, organização política que, ao lado do Coletivo “Alicerce” e de estudantes independentes politicamente, constroem a atual gestão do DCE “Pra Virar o Jogo – 2023/2024”.
Ainda, foi reiterado que o assunto estaria também sendo acompanhado e resolvido junto ao presidente municipal do partido em Santa Maria.
Além disso, demais integrantes relataram inúmeros problemas internos da gestão, o que gerou diversos afastamentos e “rachas” internos.
Esses também afirmam que sabiam sobre haver uma dívida, mas não detinham informações sobre e nem foram responsáveis por ela, pois estaria ligada a duas pessoas que integravam a gestão”, diz trecho da nota.
Outro lado
O Site entrou em contato com o presidente do PSol de Santa Maria, Alidio da Luz, que confirmou estar ciente da situação.
“Acompanho, como acompanho todas as frentes do partido, como os trabalhos sindicais e do movimento popular que tem filiados ao partido nas suas construções”, explica Alidio.
O ex-coordenador do DCE, Juan Zebrowski, afirma que a dívida foi contraída por pessoas físicas e que o nome da entidade vem sendo usado para fins políticos.
“Primeiro que não existe dívida para a entidade DCE. O DCE está com o CNPJ travado, portanto não tem como estabelecer uma relação jurídica ou comercial. É uma dívida que está no nome de pessoas físicas. Portanto é uma narrativa, de que existe dívida no nome da entidade, construída com fins políticos, por conta da eleição da entidade que se aproxima”, explica.
Zebrowski confirma que a dívida surgiu na Calourada e aponta que os problemas ocorreram devido a produtos que foram adquiridos e não foram vendidos.
“O público reduzido, inclusive noticiado pela imprensa, e a repressão policial no último dia refletiram nas vendas. Conseguimos pagar o valor de R$ 25.863,08 dos produtos e pagar R$ 5.000,00 para uma advogada atender os que foram detidos nas agressões do último dia. Ficou em aberto o valor de R$ 15.311,96 por que além dos produtos que não tinham sido vendidos na semana, se pediu uma nova carga no penúltimo dia. Óbvio que existiram erros na condução que acarretaram na dívida, mas não existe um mistério sobre ela como tentam alimentar”, afirma.
Conforme Zebrowski, o mandato da atual gestão já terminou e uma Comissão Eleitoral foi formada para organizar o novo pleito.
Abaixo, confira a íntegra da nota do CEB:
CONSELHO DE ENTIDADES DE BASE
NOTA SOBRE A REPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA GESTÃO DO DCE “PRA VIRAR O JOGO 2023/2024” E EM REPÚDIO A DÍVIDA E A IRRESPONSABILIDADE DA ATUAL GESTÃO A FRENTE DO DCE
“O Conselho de Entidades de Base (CEB) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do Conselho Fiscal, vem por meio desta nota apresentar sua posição sobre a reprovação da prestação de contas elaborada pela gestão do Diretório Central das e dos Estudantes (DCE) 2023/2024 “PRA VIRAR O JOGO”, que deixa ao DCE uma dívida contraída pela atual gestão de R$ 23.347,26.
Conforme apurado pela documentação entregue ao Conselho Fiscal durante o período de 26/09 a 30/10 de 2024, houve inconsistências na documentação e a prestação de contas elaborada pela gestão comprovou uma dívida contraída pela gestão à frente do DCE no valor de R$ 23.347,26 (vinte e três mil, trezentos e quarenta e sete reais e vinte e seis centavos).
O parecer acerca da prestação de contas, o qual indicava sua reprovação pela dívida contraída, foi apresentado ao conjunto das entidades de base em reunião na última quarta-feira (30), sendo aprovado por unanimidade.
A atual gestão, através de seus integrantes e ex-integrantes, justificou a prestação de diferentes formas. Um dos pontos levantados como justificativa foi de que a dívida estaria sob responsabilidade do MES – corrente interna do PSOL, ao qual faz parte o Coletivo “Juntos”, organização política que, ao lado do Coletivo “Alicerce” e de estudantes independentes politicamente, constroem a atual gestão do DCE “Pra Virar o Jogo – 2023/2024”.
Ainda, foi reiterado que o assunto estaria também sendo acompanhado e resolvido junto ao presidente municipal do partido em Santa Maria.
Além disso, demais integrantes relataram inúmeros problemas internos da gestão, o que gerou diversos afastamentos e “rachas” internos.
Esses também afirmam que sabiam sobre haver uma dívida, mas não detinham informações sobre e nem foram responsáveis por ela, pois estaria ligada a duas pessoas que integravam a gestão.
As entidades estudantis demonstram total repúdio e rechaçam o ato da atual gestão do DCE “Pra Virar o Jogo 2023/2024”, ao implicar no DCE uma dívida imensa sem qualquer responsabilidade financeira, política e administrativa com a principal entidade de representação estudantil da Universidade Federal de Santa Maria, manchando publicamente a história do movimento estudantil.
Não obstante, a postura da atual gestão ao não trazer à tona o tema para o CEB e aguardando apenas para o final da gestão, durante a prestação de contas, revela uma prática inaceitável dentro do movimento estudantil e vai contra o estatuto do DCE.
Pois é de igual responsabilidade das coordenações e integrantes, em especial a Coordenação-Geral, Coordenação de Finanças e Diretoria Executiva ter compromisso, de fato, com o conjunto de estudantes que representa, bem como com a entidade, e expor aos Diretórios Acadêmicos o problema gravíssimo que a gestão enfrentava.
Ao contrário disso, nada foi relatado mesmo se tratando, em sua maioria, de dívidas contraídas ainda no mês de março de 2024, durante a primeira edição da Calourada.
Além disso, documentos importantes não foram repassados ao Conselho Fiscal por parte de um integrante da atual gestão, obrigando o Conselho Fiscal a buscar junto à empresa os contratos, sendo só assim possível concluir a prestação de contas e ter ciência do rombo nas contas da atual gestão.
As entidades estudantis de base reafirmam o compromisso com o conjunto de estudantes da Universidade Federal de Santa Maria e não compactuam com a condução da atual gestão, rechaçando totalmente sua conduta.
Além de informar toda a comunidade acadêmica sobre o fato, estão sendo tomadas as medidas cabíveis, inclusive na esfera judicial.
O movimento estudantil tem uma longa história de luta na cidade, e não permitiremos que os atos da atual gestão “Pra Virar o Jogo” manchem nossa história. O movimento estudantil merece respeito e compromisso de verdade!
Conselho de Entidades de Base -06/11/2024
(Conteúdo compartilhado com o Paralelo 29 conforme parceria entre os sites)