Policial de Tupanciretã deu alguns detalhes da Operação Dom Quixote, que teve repercussão nacional
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
O delegado Anderson Riedel, titular da Delegacia de Polícia (DP) de Tupanciretã, disse com exclusividade ao Paralelo 29 que é “praticamente impossível” recuperar os R$ 2 milhões que um idoso de Jari perdeu ao cair no chamado Golpe do Amor.
“Eles (golpistas) já dilapidaram o patrimônio, já gastaram (o dinheiro)”, diz o delegado, que coordenou a Operação Dom Quixote, deflagrada na última quarta-feira (28) pela DP de Tupanciretã e que teve repercussão nacional.
De acordo com Riedel, esse é o único golpe praticado pelo grupo na região. O inquérito deverá ser concluído em um prazo de 10 dias para ser remetido à Justiça.
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Em princípio, crime não tem ligação com o PCC
Questionado pelo Paralelo 29 se, pelo volume de dinheiro, o crime não teria alguma ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa do país, o delegado Anderson Riedel respondeu que, em princípio, não cogitou essa possibilidade.
Um dos alvos até não descarto, mas a maioria (dos investigados) são jovens com acesso à internet. Eram da periferia e a maioria não tinha antecedentes”, revela o delegado.
No entanto, segundo Riedel, um dos investigados é considerado pela polícia como “mais qualificado”, com histórico de golpes aplicados em São Paulo e no Mato Grosso. Esse investigado recebeu a parte maior dos R$ 2 milhões, enquanto outros seis receberam na faixa de R$ 100 mil.
Esse alvo principal, que recebeu mais dinheiro, está foragido e ainda não foi localizado pela Polícia Civil. Esse é o único, segundo o delegado, que não poderia ser descartado como integrante de alguma organização criminosa maior, do tipo PCC.
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Operação prendeu seis pessoas
Policiais de Tupanciretã, Santa Maria e de outros municípios gaúchos foram para São Paulo e para o Ceará para cumprir 13 mandados de prisão preventiva.
No estado de São Paulo, onde seis pessoas foram presas, policiais paulistas se somaram à operação. As prisões ocorreram nas cidades paulistas de Santo André, Guarulhos, Ferraz de Vasconcellos, Osasco e na capital São Paulo. No Ceará não houve prisões.
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O MODUS OPERANDI DO GOLPE DO AMOR
- O grupo criminoso criou um perfil falso de mulher em uma rede social e procurou vítimas em potencial, encontrando um idoso de 71 anos, morador de Jari, na Região Central do Rio Grande do Sul
- A falsa mulher começou a manter um relacionamento virtual com o idoso, passando-se por uma investidora norte-americana
- Ao longo de dois anos, a falsa investidora prometeu viajar até Jari para conhecer o idoso pessoalmente
- Ao mesmo tempo, a falsa investidora prometia presenes valiosos ao idoso, como joias, contudo ele precisaria fazer transferências em dinheiro para pagamento de despesas de alfândega, tributos e outras taxas envolvendo operações internacionais
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Além de prisões, policiais bloquearam valores
Os policiais apreenderam documentos, aparelhos eletrônicos (celulares e notebooks) e cartões bancários. Foram bloqueados bens e valores de contas bancárias dos criminosos, porém esse montante não cobre os prejuízos à vítima de Jari.
A Dom Quixote investiga crimes de estelionato qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O delegado esclarece que o caso não tem nada a ver com o grupo criminoso que aplicou o Golpe do Falso Advogado em Santa Maria, embora na primeira versão da notícia enviada pela Polícia Civil tivesse constado essa relação.