Prefeito fez pronunciamento de despedida dos seus oito anos a vereadores e recebeu moção
JOSÉ MAURO BATISTA- PARALELO 29
O último discurso de Jorge Pozzobom (PSDB) como prefeito de Santa Maria, na Câmara de Vereadores, ficou aquém da expectativa. Divulgado como uma “prestação de contas”, o pronunciamento foi bastante genérico, na tarde dessa terça-feira (10).
Em uma rápida manifestação, considerando-se outras participações do tucano no Legislativo, Pozzobom ressaltou que foram 2.920 dias à frente do Executivo Municipal. Nesse período, lembrou, enfrentou muitos e complexos desafios: temporais, o maior surto de toxoplasmose do mundo, dois surtos de dengue, pandemia de covid-19, três estiagens e, por último, as enchentes de abril e maio deste ano.
“Reconhecemos que faltou muito, mas não nos faltou coragem e determinação”, disse, o prefeito, agradecendo o apoio dos vereadores que passaram por duas legislaturas nesses oito anos.
Aluguel Social e PPP da iluminação
Entre os projetos e programas sociais colocados em prática com a colaboração da Câmara, Pozzobom citou o Aluguel Social para desabrigados das enchentes, a Parceria Público-Privada da Iluminação Pública e a destinação de emendas impositivas para enfrentamento da pandemia.
“Quero agradecer, de coração, aos vereadores que apoiaram nossas iniciativas. Tivemos nossas divergências, mas sempre pude contar com o voto deles, porque nada se faz sozinho. Por isso, eu falo da importância da Câmara de Vereadores em ajudar o prefeito a errar menos. Só erra quem faz, e as críticas construtivas nos fortalecem”, afirmou, dizendo que amudureceu, aprendeu e cresceu nesses oito anos como prefeito.
“Eu sei que faltou (ações a serem feitas), mas o Rodrigo Decimo (PSDB), meu vice-prefeito e nosso prefeito eleito, sabe que não nos faltou coragem e determinação para resolver os problemas”.
Em outras áreas, Pozzobom citou investimentos para resolver problemas crônicos da cidade, como obras para atacar alagamentos na cidade. Foram cerca de R$ 100 milhões em obras de macro e microdrenagem co recursos para obras de pavimentação do Finisa (Finaciamento de Infraestrutura e Saneamento). Tudo com aprovação dos vereadores.
Moção e fila para justificativas
Na sessão o vereador Juliano Soares, Juba (PSDB), que não se reelegeu, apresentou uma Moção de Congratulação por conta do trabalho desenvolvido por Pozzobom nos dois mandatos.
O reconhecimento foi aprovado por 16 votos contra três da oposição. Votaram contra Helen Cabral (PT), Marina Callegaro (PT) e Valdir Oliveira (PT).
Em justificativa de voto, os petistas afirmaram que o voto não era uma “questão pessoal”, mas sim um posicionamento politico por considerarem que a gestão tucana ficou bem aquém do esperado e não condiz com o que propunha o texto da moção.
“Não posso dizer que essa gestão foi um exemplo de gestão como está escrito na moção”, disse Helen Cabral, que finalizou desejando sucesso ao adversário.
As justificativas de vereadores do PL e do Podemos
Chamou a atenção o fato dos vereadores do PL – Roberta Leitão e Tubias Calil – que fizeram oposição ferrenha ao governo tucano nos últimos quatro anos. Na campanha do PL, Leitão, que concorreu a prefeita, também foi bastante contudente em relação à gestão tucana.
Na justificativa, Roberta Leitão disse que ela e Pozzobom trabalharam juntos no escritório de advocacia de Edson Domingues, padrinho político dos dois.
Na campanha de 2016, ela trabalhou por Pozzobom por entender que o tucano era o melhor caminho para Santa Maria (o vice era Sérgio Cechin, do PP, partido da vereadora à época). Depois, os dois se afastaram “por inúmeras discordâncias”. No entanto, ponderou que votou a favor da moção por Edson Domingues.
Já Tubias Calil lembrou que foi vereador com Pozzobom e, juntos, tiveram uma caminhada. Depois se afastaram, e “o tempo se encarregou” de reaproximá-los novamente.
Por fim, outro vereador que passou os quatro anos batendo no governo e que votou a favor da Moção a Pozzobom foi Tony Oliveira (Podemos).
Ainda na fila dos que votaram a favor estão os não-reeleitos Danclar Rossato (PSB), Delegado Getúlio (Republicanos), Luci Duartes, Tia da Moto (PDT) e Paulo Ricardo Pedroso (PSD).
Há quem pense que esses parlamentares, que não conquistaram mais um mandato nas urnas, teriam outras intenções, principalmente os três que não economizaram elogios a Pozzobom.
MÁQUINA DO TEMPO
A coluna faz uma viagem ao passado, mais precisamente ao final de 1988, quando o então prefeito José Haidar Farret (PDS) encerrou um mandato (estendido) de seis anos à frente da Prefeitura de Santa Maria.
O Jornal A Razão, único jornal impresso diário na época, fez uma série de entrevistas com o prefeito que se despedia, uma delas de duas páginas, e outra em que ele afirmava não temer o ostracismo político.
Farret, aliás, afirmou que voltaria dali a quatro anos, o que acabou acontecendo.
O que isso tem a ver com os tempos atuais?
Voltando a 2024, Farret, aos 82 anos, concorreu de novo à Prefeitura, como vice do petista Valdeci Oliveira. Foi derrotado nas urnas e, ao que tudo indica, encerra sua trajetória politica.
O atual prefeito, Jorge Pozzobom, ao encerrar oito anos de mandato terá algum temor de cair no esquecimento ou pensa igual ao Farret de de 36 anos atrás? Ou seja, pretende retornar daqui a quatro anos, quando poderá concorre novamente?