Está na hora de Santa Maria entrar num debate que já ocorre em várias cidades do mundo
Com as ondas de calor que atingem o mundo, cada vez mais cidades têm buscado alternativas para enfrentar os problemas advindos de temperaturas acima dos padrões toleráveis ou mesmo extremas. Está na hora, portanto, das cidades brasileiras também pensarem em como enfrentar a situação, a exemplo do que já faz o Rio de Janeiro.
Além dos prejuízos à saúde humana, as altas temperaturas afetam a saúde dos animais e a economia. Elas mudam o humor das pessoas, desidratam, afetam a produtividade e matam. Por consequência, os gastos públicos também aumentam.
No ano passado, a Prefeitura do Rio de Janeiro criou um protocolo para as ondas de calor. Obviamente, a medida suscitou calorosos debates. De certo ponto de vista, o protocolo contém medidas radicais que podem impactar sobretudo em eventos, com a não autorização para atividades de risco realizadas ao ar livre, como jogos ou shows.
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O protoloco, que foi implantado em 1º de julho, estabelece cinco níveis, que vão do normal ao calor extremo com impactos para a saúde humana.
Nos casos extremos, a Prefetura poderá inclusive determinar a suspensão de atividades não prioritárias como eventos ao ar livre com grande aglomeração de pessoas.
O protocolo do Rio de Janeiro foi elaborado para a realidade dessa cidade e certamente observa situações pecualiares, mas tem muito a contribuir com outros municíos brasileiros.
As cidades gaúchas também têm enfrentado grandes ondas de calor, como as que estamos vivenciando a cada verão. Portanto, nos parece que está na hora de o governo estadual e os governos municipais se deburçarem sobre essa questão.
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Em Santa Maria contamos com duas universidades, uma federal e uma particular.Temos no universo acadêmico pessoas especializadas em clima e saúde e em outras áreas que podem contribuir para um debate saudável e para apontar soluções.
Entendemos que a Prefeitura e a Câmara de Vereadores têm a obrigação – e com urgência – de entrar nesse debate. Até mesmo porque o governo do prefeito Rodrigo Decimo (PSDB) criou uma pasta específica de Resiliência Climática.
Em um primeiro momento, a própria Prefetura poderia emitir alertas de níveis de calor, com um serviço de clima e previsão do tempo que contemple não só alertas para temporais. Temos uma Secretaria de Comunicação para isso.
É um serviço de utilidade pública de relevância, assim como a Prefeitura fez durante a pandemia de covid-19, mantendo os cidadãos constantemente informados. E à Câmara de Vereadores cabe debater e legislar sobre questões que realmente impactem na comunidade.
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Nessa área ambiental, é preciso ir alé do que se já se faz e do que já se propôs até agora. Há exemplos no mundo inteiro de cidades que estão adotando protocolos e medidas, algumas controversas, é verdade, para o enfrentamento do chamado aquecimento global.
Não é hora de ignorar a situação, tampouco de negá-la, pois é um problema que atinge a todos, de uma forma ou outra. O Paralelo 29 lança esse desafio às autoridades municipais, ao mundo acadêmico, aos empresários e às suas lideranças de forma geral.