RICARDO VIVEIROS – JORNALISTA, PROFESSOR E ESCRITOR
Depois das eleições municipais de 2024, foi dada a largada para as presidenciais em 2026. E o Brasil debate um tema cada vez mais relevante: fake news.
Pesquisa do Instituto DataSenado revela que 81% dos brasileiros acreditam que as notícias falsas podem influenciar significativamente os resultados eleitorais.
Tal dado relevante destaca a urgência de aprofundarmos o debate sobre desinformação e suas consequências para a democracia.
De acordo com o mesmo levantamento, 72% dos entrevistados relataram ter encontrado notícias falsas nas redes sociais nos últimos seis meses que antecederam as eleições do ano passado.
Essa realidade levanta preocupações sobre a integridade do processo eleitoral, uma vez que a disseminação de informações enganosas pode distorcer a percepção pública e manipular a opinião dos eleitores.
A produção de fake news é prática desonesta, que adultera informações e busca mudar a verdade. Tem crescido com o mau uso da inteligência artificial, porque a burrice natural segue sendo uma triste realidade.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que investiga a propagação de desinformação nas redes sociais, foi criada no parlamento federal para enfrentar esse desafio.
No entanto, suas atividades foram suspensas durante a pandemia, e seu futuro permanece incerto. A necessidade de um combate mais rigoroso às fake news, com um olhar especial para 2026, poderá evitar um impacto perigoso sobre os resultados das urnas.
A pesquisa “Panorama Político” do DataSenado, realizada entre junho de 2024, entrevistou mais de 21 mil brasileiros de todos os estados e revelou que 72% dos usuários de redes sociais desconfiam de notícias que encontram online.
Esse sentimento é um reflexo da dificuldade em identificar informações falsas, com 50% dos entrevistados considerando difícil a tarefa.
A polarização política também desempenha um papel importante, com 29% dos brasileiros se identificando como de direita, 15% de esquerda e 11% de centro.
Enquanto 40% não se alinham a nenhuma corrente política – fato que preocupa pois mostra a perigosa desesperança dos eleitores com a política, cinco por cento sequer responderam.
A responsabilidade das plataformas de redes sociais na disseminação de fake news é outro ponto crucial. A pesquisa indica que 81% da população acredita que essas empresas devem ser responsabilizadas ao não impedir a propagação de informações falsas.
Isso sugere um apoio crescente na implementação de filtros e políticas de moderação mais rigorosos. Mas, o que temos observado na prática é o contrário, como na decisão do executivo do Grupo Meta, que controla Facebook, Instagram e WhatsApp, o americano Mark Zuckerberg, anunciando o fim da checagem de fatos em suas plataformas.
Ele usa a questionável justificativa de que há erros nos mecanismos de checagem, gerando censura. E visando apenas lucro, esquece que liberdade de expressão exige responsabilidade de expressão.
Por fim, a pesquisa do DataSenado revela que um terço dos brasileiros está insatisfeito com a democracia, embora 66% ainda acreditem que é a melhor forma de governo.
Esse desagrado pode ser exacerbado pela desinformação, que mina a confiança nas instituições democráticas. É fundamental fortalecê-las e garantir que o processo eleitoral seja transparente e justo. Que mentiras não contaminem os eleitores, ludibriando os fatos com falsas versões.
Para identificar fake news, deve-se observar: títulos exagerados; erros de ortografia em gramática; mensagens que incentivam o compartilhamento rápido; e a falta de fontes confiáveis – estes são alguns dos indícios de que a informação pode ser enganosa.
A conscientização sobre como reconhecer fake news é uma ferramenta essencial para proteger a democracia e garantir que os eleitores façam escolhas conscientes e baseadas na realidade.
O combate às fake news é uma questão urgente que requer a participação de todos os setores da sociedade.
À medida que nos aproximamos das eleições de 2026, é vital que os cidadãos estejam cientes dos riscos da desinformação e que as instituições trabalhem para garantir um ambiente eleitoral correto e transparente.
A manutenção do estado democrático de direito, das liberdades constitucionais e da justiça social são nosso valioso patrimônio.