GERRI MACHADO – PRESIDENTE DA ABUR *
A crescente popularização do ciclismo, tanto como meio de transporte quanto como atividade esportiva, de lazer e até de turismo, trouxe à tona questões cruciais relacionadas à segurança dos ciclistas em rodovias. Esse ambiente, caracterizado por altas velocidades e intenso fluxo de veículos, apresenta desafios significativos para quem opta pela bicicleta.
Em Santa Maria e região, cada vez mais ciclistas utilizam as rodovias para a prática do esporte e do lazer. Os municípios já enxergam o ciclista como um turista, consolidando o chamado cicloturismo, que passa a integrar a economia, o esporte, o lazer e o desenvolvimento regional.
Historicamente, os órgãos gestores de rodovias nunca incentivaram a presença de ciclistas nas margens das estradas. A bicicleta não era fomentada ou sequer “permitida” nesses espaços compartilhados com carros, caminhões e ônibus que trafegam em velocidades muito superiores. A exclusão dos ciclistas das rodovias era vista como uma forma de reduzir os riscos de acidentes.
Entretanto, a realidade sempre impõe mudanças. Durante a pandemia, o ciclismo se tornou uma alternativa de lazer e atividade física para muitas pessoas em isolamento.
Mesmo após o fim da pandemia, o hábito de pedalar nas rodovias permaneceu. Santa Maria é um centro de rodovias, com características urbanas e somados ao seu potencial turístico, continua atraindo um número crescente de ciclistas para as estradas.
Nosso município concentra um importante centro rodoviário, mas ainda carece de grandes parques com ciclovias e de infraestrutura cicloviária urbana adequada.
Essa falta de espaços apropriados contribui para o crescimento do ciclismo rodoviário, especialmente nos fins de semana.
Diante dessa realidade, cabe aos órgãos responsáveis pela gestão das rodovias, como o DAER, o DNIT e a Concessionária Rota de Santa Maria, adotar um olhar mais atento para os ciclistas e promover adaptações que tornem essas vias compatíveis com o compartilhamento entre ciclistas e demais veículos.
É urgente que sejam realizadas obras para a construção, alargamento e recuperação de acostamentos, além da implementação de ciclovias e ciclofaixas.
A sinalização adequada, com placas alertando os motoristas sobre a presença de ciclistas, também se faz essencial, garantindo a segurança e a coexistência harmônica entre todos os usuários das rodovias. Essas adaptações devem ser planejadas levando em consideração as particularidades e necessidades de cada estrada.
Além da infraestrutura, campanhas de educação para o trânsito são fundamentais. A conscientização sobre a presença dos ciclistas nas rodovias deve ser promovida constantemente, reforçando que o respeito ao ciclista é uma questão de humanidade e de preservação da vida. Vale lembrar que o motorista de hoje pode ser o ciclista ou o pedestre de amanhã.
(*Associação Brasileira de Usuários de Ruas, Estradas e Rodovias)