Paralelo 29

Morre Maria Onofre, uma das responsáveis pela obra social da Igreja Metodista em Santa Maria

Foto: Reprodução, Facebook

Ela tinha faria 98 anos em setembro, mais de 60 deles dedicados a projetos que atendiam comunidades carentes na região centro-Oeste

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Nesse sábado (17), dia em que Santa Maria completou seus 167 anos, a cidade perdeu a professora Maria Onofre Gonçalves Dias, que faria 98 anos em 12 de setembro próximo.

Dos seus 97 anos de vida, a mulher de aspecto físico franzino, mas uma gigante em termos de trabalho social, dedicou mais de seis décadas à obra da Igreja Metodista em apoio a famílias pobres e vulneráveis das regiões periféricas de Santa Maria.

Sua obra, no entanto, começou anos antes de a Igreja Metodista instalar o Centro Social e Educacional na Rua Samuel Kruschin, no Bairro Noal, região centro-Oeste de Santa Maria, em 1958.

Nota de falecimento de Maria Onofre/Divulgação

Educando embaixo da árvore

A caminhada de Maria Onofre tem início no começo dos anos 50 do século passado, em Cachoeira do Sul, de uma forma bastante peculiar.

Formada em Educação Religiosa pelo Instituto Metodista de São Paulo, em 1953, ela reunia crianças carentes embaixo de uma árvore, em Cachoeira do Sul, onde repassava seus conhecimentos.

Da favela carioca para o Bairro Noal

Antes de se mudar para a cidade onde viveria até o fim da vida, Maria Onofre trabalhou na favela do Morro Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Em 1963, tornou-se diaconisa da Igreja Central de Santa Maria, atuando como auxiliar de direção do Lar Metodista, onde atuava com os meninos internos.

No Bairro Noal, os metodistas fundaram seu centro social onde havia funcionado a Escola Primária Major Ergasto Balvé. A partir de 1963, Maria Onofra passou a atuar no bairro formado por vilas pobres como Natal, Lídia, Arco-Íris e Noal, antigamente conhecida como Vila das Latas.

Atendimento a crianças e mulheres

Durante anos, a professora foi diretora da Creche do Instituto Metodista de Ação Social (IMAS), realizando atendimento social de moradores dessa região da cidade.

O trabalho social de Maria Onofre ia de atendimento às famílias a palestras sobre saúde da ulher, alfabetização de adultos, orientação educacional para jovens e cursos de pintura, tricô e culinária, entre outros. Muitas vezes, Maria Onofre tirava dinheiro do próprio bolso para as ações.

A TRAJETÓRIA DA DIACONISA

  • Maria Onofre Gonçalves Dias nasceu em 12 de setembro de 1927
  • Estudou no Colégio Centenário Metodista e se formou em Educação Religiosa pelo Instituto Metodista de São Paulo
  • Em 1953, ela começava seu trabalho pastoral, reunindo crianças carentes embaixo de uma árvore, em Cachoeira do Sul, onde as ensinava a ler e a escrever
  • Antes de se mudar para Santa Maria, atuou na favela do Morro Santa Tereza, no Rio de Janeiro
  • Em 1963, foi nomeada diaconisa da Igreja Central de Santa Maria, atuando como auxiliar de direção no antigo Lar Metodista, no Bairro Cháca das Flores, na zona Norte da cidade, onde atuava com os meninos internos
  • Entre 1965 e 1998, assumiu a direção da obra social no Bairro Noal, onde a Igreja Metodista expandiu seu trabalho de atendimento à comunidade, por meio de aulas de reforço escolar, assistência a idosos e a famílias carentes, além dos cultos religiosos
  • Ainda em sua gestão, em 1979, é criado o Ambulatório Bom Samaritano, com atendimento médico, odontológico e pré-natal, no Bairro Noal, depois assumido pela Prefeitura
  • Maria Onofre se aposentou em 1999, depois de 34 anos dedicados ao Bairro Noal, mas continuou seu trabalho social como voluntária
  • Em 21 de junho de 2012, a diaconisa foi homenageada pela Câmara de Vereadores de Santa Maria, ociasão em que recebeu a Medalha do Mérito Religioso Dom Ivo Lorscheiter

Medalha Dom Ivo, reconhecimento do Legislativo

O reconhecimento a essa dedicação com as comunidade carentes veio em forma de homenagem na Câmara de Vereadores em junho de 2012, quando o Legislativo Municipal concedeu à professora a Medalha do Mérito Religioso Dom Ivo Lorscheiter, em sessão solene.

Em discurso de agradecimento à época, Maria Onofre disse que tinha por lema o Salmo 100 “Servir a Deus com alegria”.

Maria Onofre também recebeu homenagens em vida do Colégio Metodista Centenário, onde estudou e trabalhou. A despedida da diaconisa ocorreu neste domino (18), na Capela 1 Municipal, com previsão de encerramento às 16h30min e sepultamento no Cemitério Ecumênico Municipal.

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