JOÃO EICHBAUM – ADVOGADO E ESCRITOR
Essa notícia foi colhida por jornalistas verdadeiros, de olhar conspícuo, sempre à espreita de fatos interessantes, e não por estagiários que barateiam a folha de pagamento da velha imprensa: a namorada do Barroso integrou a comitiva funérea do Lula, que foi ao Vaticano, às nossas custas, para carpir ou fungar, como se carpindo estivesse, nas exéquias do papa.
Quem é ela? Ninguém iria ficar sabendo, porque seu nome não constou da lista das carpideiras sem lágrimas. Ela não faz parte do corpo diplomático, nem consta que seja funcionária do Ministério das Relações Exteriores, ou ostente em seu currículo algum título que lhe permita fazer parte de delegações.
Mas, segundo vários órgãos de comunicação, o novo amor de Barroso é uma Procuradora da Fazenda Nacional, e foi fotografada entre os membros da comitiva do Lula, escolhidos para chorar pelo papa, em nome dos brasileiros católicos.
Lula ignora que, além da moralidade, o artigo 37 da CF exige também a publicidade. Por conta dessa ignorância, corre o segredo.
Barroso, que era (ou continuará sendo?) um dos crentes do João de Deus, aquele que foi preso por abusar de mulheres que lhe iam pedir que as curasse, será daqueles que acendem vela para cada santo? Terá essa volubilidade que recusa confiança? Ou já abandonou João de Deus à própria sorte, trocando-o pelo Francisco de Deus?
Mas, ao mesmo tempo, ele se arvora em palmatória do mundo, ou em sacerdote social: quer “recivilizar” a sociedade brasileira, quer mudar os costumes do povo, quer que os maconheiros sejam portadores da erva devidamente pesada em balanças sensíveis para burlar a ilicitude.
A moral começa em casa e os trajes menores não são indumentárias adequadas para pregar moral. A moralidade, exigida no artigo 37 da Constituição, é um princípio que deveria servir de bússola, principalmente para os ministros do Supremo Tribunal Federal, a quem incumbe zelar pelo estrito cumprimento dela.
Mas observem esse contraste: a limpeza da frase “perdeu, mané”, cujos direitos autorais pertencem ao Barroso, escrita com batom, custou imensamente menos do que as despesas que saíram do bolso do contribuinte, para pagar o passeio da namorada do ministro.
Mas, quem devia ver, não vê isso: seja por intelectos vazios, seja por más intenções, o povo é tratado como lacaio e a Constituição é lida como um compêndio de evasivas.
O dinheiro público é usado inescrupulosamente para benefícios pessoais. Os corruptos confessos se acham no direito de receber de volta o dinheiro que roubaram.
Será por isso que muita gente, cujo narcisismo impede de enxergar os próprios defeitos, quer acabar com as redes sociais, amordaçando a população, buscando subterfúgios para retirar do povo a condição constitucional de titular do poder?
Descobriram certamente que as redes sociais são as que realmente cobram obediência às leis, fiscalizam o cumprimento da Constituição, a postura de ministros do Supremo, de políticos e de todas as figuras públicas que usam sem escrúpulos o dinheiro do contribuinte, para satisfazer seus desejos e os desejos de seus amores…