ANDRÉ ZIMERMAN – MÉDICO CARDIOLOGISTA E HEAD DA UNIDADE DE ENSAIOS CLÍNICOS DO HOSPITAL MOINHOS DE VENTO
Reduzir o colesterol LDL a níveis mínimos faz mal ao cérebro? A ciência aponta que não. Foi o que observamos em um estudo publicado na revista científica NEJM Evidence, do grupo New England Journal of Medicine.
Acompanhamos 1.974 pacientes de alto risco cardiovascular que já usavam estatinas para diminuir o colesterol “ruim”, o LDL.
Além da estatina, acrescentamos evolocumabe, um anticorpo que reduz o LDL a níveis quase residuais. Durante sete anos, monitoramos funções cognitivas como memória, atenção e tempo de reação.
O resultado foi inequívoco: mesmo com um LDL médio abaixo de 40 miligramas por decilitro (mg/dl), não observamos qualquer prejuízo cognitivo. Pelo contrário – quanto menor o LDL, menor o risco de infarto, derrame e morte por doenças cardiovasculares.
É verdade que o colesterol tem funções vitais no organismo, inclusive no cérebro. Mas vale lembrar que as nossas células são capazes de produzir todo o colesterol de que precisam.
O colesterol LDL que circula no sangue é, de certa forma, um excedente que pode se depositar nas artérias e levar a doenças do coração.
É por isso que as pessoas com níveis extremamente baixos de LDL no sangue, seja por predisposição genética ou por medicamentos, apresentam menor risco cardiovascular sem efeitos colaterais relevantes.
Controlar o colesterol LDL é uma das formas mais comprovadas de prevenir a doença cardiovascular, a principal causa de morte no Brasil e no mundo.
Mas atenção: como LDL alto não causa sintomas, a única forma de saber o risco real é com o exame de sangue periódico. Saber o seu número de LDL deveria ser tão natural quanto saber seu RG ou número de telefone.
Medir e controlar o colesterol LDL é simples, protege o coração e, sabemos, não compromete a saúde do cérebro.