São destaques da coluna Giro do Paralelo desta quinta-feira, 24 de dezembro. Chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, anunciou saída da pasta, e governador Eduardo Leite procura nome para substitui-lo.
Também são assuntos: o PT menos radical e mais racional e a dupla função de Schirmer no governo do prefeito Sebastião Melo.
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Governo perderá um articulador habilidoso
Chefe da Casa Civil do Palácio Piratini, o ex-prefeito de Caçapava do Sul Otomar Vivian ( Progressistas) já comunicou ao governador Eduardo Leite (PSDB) que deixará a pasta.
Otomar diz que o governador o escolheu como articulador político para contribuir com as reformas e que, com aprovação da manutenção das alíquotas do ICMS, está encerrada a última etapa. E, portanto sua missão está cumprida.
O capítulo das reformas, na avaliação do chefe da Casa Civil está encerrado. Embora no próximo ano, Leite pretenda insistir em uma reforma tributária.
O fato é que o governador terá dificuldades para encontrar alguém com o perfil de Otomar. O atual chefe da Casa Civil tem sempre um tom cordial e sereno no trato tanto com aliados quanto com adversários.
É um habilidoso negociar. Não saía da Assembleia nos momentos mais complicados para o Piratini.
O governo conseguiu aprovar medidas amargas como a Reforma da Previdência e as mudanças nas carreiras dos servidores retirando direitos.
Certa vez, Otomar disse que tinha o trabalho facilitado pela habilidade de diálogo de Leite. Mas, certamente, o governador também teve sua tarefa facilitada pelas qualidades de articulador de Otomar.
O atual chefe da Casa Civil não tem pressa e continuará trabalhando no Piratini, enquanto Leite procura um substituto. Contudo, sua saída já está acertada com o governador, segundo informou sua assessoria.
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Vitória com gostinho amargo
O governo Eduardo Leite (PSDB), até aqui, estava acostumado a comemorar vitórias com placar dilatado na Assembleia Legislativa, mesmo na votação de medidas antipáticas, como as propostas que mexeram na Previdência e na carreira dos servidores.
Mas em relação à prorrogação das alíquotas elevadas do ICMS, o Piratini encontrou dificuldades dentro da própria base e precisou da ajuda de adversários para aprovar o projeto. Foram 28 votos favoráveis e 25, contrários.
Entretanto, o governo não conseguiu aprovar a proposta da elevação das alíquotas por quatro anos como proposto. Só garantiu por um ano. E outras medidas da reforma tributária nem entraram em pauta.
Desta vez, a vitória do Piratini teve um gostinho amargo.
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PT menos radical e mais racional
O Partido dos Trabalhadores (PT) demostrou em duas decisões tomadas na reta final do ano mais racionalidade do que radicalidade, o que, muitas vezes, pautou os petistas.
Na terça-feira (22), por exemplo, a bancada do PT pediu uma reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB).
Impôs como condição para votar a favor da manutenção das alíquotas elevadas do ICMS a previsão de recursos para vacina contra a Covid no orçamento estadual.
Os petistas perceberam que não daria para ficar na mão de um presidente negacionista da pandemia como é Jair Bolsonaro, que cria obstáculos para a compra da vacina.
A bancada também sabe da situação financeira do Estado, que ficaria mais difícil sem a arrecadação das alíquotas elevadas do ICMS.
Por tabela, os recursos para vacina seriam mais escassos. No final, o PT, que é oposição, conduziu as negociações apresentando uma emenda para a manutenção das alíquotas elevadas apenas por um ano. Também propôs a redução da alíquota básica do ICMS de 18% para 17,5%.
O PT deu os votos necessários para o governo aprovar o projeto do ICMS, já que Leite teria concordado em garantir R$ 1,5 milhão arrecadado com o imposto para a vacina.
Sem dúvida, o PT tomou a decisão baseada na razão.
PT impõe condição de verba para vacina no orçamento para votar a favor do ICMS
Não é a primeira vez
Recentemente, o PT deixou a radicalidade de lado e votou com a razão no segundo turno das eleições em Santa Maria.
Petistas avaliaram que o candidato do Progressistas, Sergio Chechin, não seria a melhor opção para a cidade pela postura em relação à pandemia.
Então, apertaram no 45 e ajudaram a reeleger Jorge Pozzobom (PSDB) com uma ampla vantagem em relação a seu adversário.
O PT, do ex-presidente Lula, e os candidatos apoiados pelo presidente Bolsonaro, foram os grandes derrotados nas eleições.
O eleitor mostrou nas urnas que está cansado e não tolera radical de esquerda nem de direita.
O PT parece ter se dado conta disso e optou por uma oposição responsável.
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Mais do que um secretário
Como era cogitado, o ex-prefeito Cezar Schirmer (MDB) foi confirmado como secretário de Planejamento do governo Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre.
Mas Schirmer não será um simples secretário. Nos bastidores, é considerado como homem forte do Paço Municipal e ajudará na articulação política.
Ele que foi eleito vereador na Capital deve assumir a cadeira e, ao mesmo tempo, licenciar-se para trabalhar com Melo.
A articulação não é uma novidade para Schirmer. Enquanto secretário da Segurança do governo Sartori (MDB), ele já havia ajudado nas negociações com a Assembleia Legislativa. E cancha, o ex-prefeito tem de sobra.
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Xeque-mate da oposição
Enquanto PT, PSDB e Republicanos trabalhavam nos bastidores para formar um bloco e ficar com o comando do Legislativo santa-mariense, a oposição, silenciosamente, minava esse grupo.
A oposição, constituída pelo Progressistas e MDB, trabalhou para trazer para seu lado PDT, PSL e PSB, alcançando os 11 votos necessários para presidir a Casa.
Neste primeiro momento, parece que a oposição deu xeque-mate no bloco puxado pelo PT e PSDB.
E o primeiro presidente deve ser João Ricardo Vargas (Progressistas), Coronel Vargas.
Agora, se esse acordo será mantido para os outros anos, é uma outra história. Viradas nas eleições da Mesa têm sido rotina.