Paralelo 29

A onda de zelo com dinheiro público na Câmara veio para ficar?

Colçuna Giro do Paralelo
Arte: Diego Borges

Confira os destaques da coluna Giro do Paralelo desta sexa-feira, 8 de janeiro. Vice Rodrigo Decimo estreará no comando da prefeitura nas férias de Pozzobom e o gesto do prefeito ao visitar a Câmara. A onda de zelo com o dinheiro público que se espalhou no Legislativo e a alegria dos adversários com a decisão sobre Valdeci também são destaques.

Enquanto o prefeito descansa, o vice estreia

A partir do dia 14 de janeiro, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) irá tirar 15 dias de férias. O comunicado já foi feito à Câmara de Vereadores.

2020, talvez, foi o mais difícil dos primeiros quatro anos de Pozzobom devido à pandemia e, como consequência, muitas decisões para serem tomadas diante de uma doença desconhecida e da contrariedade de parte do empresariado e da população.

Além disso, o prefeito enfrentou uma campanha eleitoral em dois turnos e muito acirrada na reta final, protagonizada entre ele e o agora seu ex-vice-prefeito Sergio Cechin (Progressistas).

A agenda cheia e pesada por causa da pandemia e da campanha refletem na fisionomia cansada de Pozzobom.

Enquanto o prefeito reeleito descansa, o vice, o empresário Rodrigo Decimo (PSL), estreará na função de chefe do Executivo.

Certamente, parte da equipe de Pozzobom lhe dará todo suporte no período em que o prefeito estiver de férias.

Não que Decimo não tenha capacidade de tocar a prefeitura. Ao contrário, tem bastante, junto com muita seriedade.

Mas, sim, pelo fato de ser novato na política e ser a primeira vez que assumi um cargo público.

É normal que o vice precise de auxílio, Decimo está recém se ambientando com o mundo da política e da administração pública.

Por isso, nesse período, não se espere grandes decisões ou anúncio de nomes para o secretariado ou indicação para cargos.

Isso deve ficar para fevereiro, quando será concluída a reforma administrativa, coordenada por Decimo.

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Gesto que terá de ser repetido

Logo depois que assumiu o segundo mandato, o prefeito Jorge Pozzobom surpreendeu e fez uma visita, junto com o vice Rodrigo Decimo, na segunda-feira (4), ao presidente da Câmara, João Ricardo Vargas (Progressistas), Coronel Vargas.

Coronel Vargas recebeu a visita do prefeito Pozzobom/Foto: Ariéli Ziegler, AIPSM

Mais que uma visita de cortesia, foi um gesto de aproximação. Também no discurso de posse, Pozzobom defendeu uma “construção coletiva” e afirmou que “ninguém governa sozinho”.

Com uma Câmara bastante renovada, posições ideológicas bem definidas e dois blocos de oposição, um constituído pelo grupo que dirige a Mesa e outro encabeçado pelo PT, o prefeito terá de dialogar muito com o Legislativo.

A tendência é de um cenário de dificuldades para o governo, que tem minoria na Casa.

O gesto de Pozzobom de ir à Câmara terá de ser repetido com frequência. Não basta ir só no início do ano.

A relação do primeiro governo do tucano com o Legislativo deixou muito a desejar. Isso deve servir de aprendizado.

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Um anúncio esperado e uma surpresa

O prefeito Jorge Pozzobom anunciou dois nomes para o segundo governo. O ex-vereador João Chaves, presidente municipal do PSDB, era nome certo no Centro Administrativo, especialmente depois de não conseguir a reeleição. Ele retornará à pasta de Desenvolvimento Social.

Chaves teve papel importante no primeiro governo de Pozzobom. À frente da Secretaria de Desenvolvimento Social, foi o grande responsável pela reabertura do Restaurante Popular, que estava emperrada.

Já na Câmara, foi o porta-voz do Executivo defendendo o governo das críticas dos adversários e trabalhando na articulação das votações de projetos do Executivo.

Já a surpresa ficou por conta do nome escolhido para assumir a recém-criada pasta de Esporte e Lazer.

O cotado para comandar a secretaria era o superintendente de Esporte, o vereador eleito e ex-canoista Givago Ribeiro (PSDB), justamente pelo bom trabalho realizado na área.

Mas o nome escolhido foi o do seu irmão, o canoista e ex-atleta olímpico Gilvan Ribeiro. Certamente, a decisão na escolha do nome teve participação fundamental de Givago, que ganhou respeito dentro do PSDB pelo seu trabalho na superintendência e, ainda, mais pelos resultados das urnas.

O vereador disse ao site que, por enquanto, seu foco é o trabalho na Câmara. Acrescentou que com o conhecimento no segmento esportivo e a experiência obtida na superintendência pode contribuir no Legislativo na elaboração de projetos nas áreas de saúde, esporte, sustentabilidade e meio ambiente.

Em relação a Gilvan, também conhece bem a área, a exemplo do seu irmão. E o mais importante: sabe das dificuldades de promover o esporte na periferia para crianças e jovens.

Do Bairro Campestre do Menino Deus, ele e Givago são atletas oriundos de projetos sociais e souberam aproveitar as escassas chances oportunizadas a jovens das periferias.

Tomara que as ações realizadas pela nova secretaria possam fazer diferença na vida de outros jovens da periferia.

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A onda do zelo com o dinheiro público

Deve ser saudada a iniciativa da nova legislatura de Santa Maria quanto à preocupação com o dinheiro público.

Parte dos vereadores da atual legislatura abriram mão de benefícios, como cota para selos/Foto: Alysson Marafiga, AIPCVSM

Vários parlamentares abriram mão de cotas de selos, telefone e de combustível.

Diante de uma pandemia com a economia em crise e milhares de desempregados, seria um privilégio ter R$ 550 por mês para telefone e 200 litros de combustível, custeados com dinheiro público.

Além disso, o vereador tem um bom salário, R$ 9,6 mil, para a maioria da população.

Na nova legislatura, há um grande número de parlamentares abrindo mão dos benefícios, entretanto não chega a ser uma novidade.

O vereador reeleito Juliano Soares (PSDB), Juba, havia renunciado às cotas de telefone e combustível no mandato passado e fez novamente neste que começa.

Espero que a onda de zelo com o dinheiro público venha para ficar e não seja apenas uma empolgação de início da legislatura, já que os parlamentares terão de renunciar às cotas a cada ano.

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Indicação de cargos

Os principais cargos da Mesa Diretora de Santa Maria já foram definidos. O chefe de Gabinete do presidente João Ricardo Vagas (Progressistas), Coronel Vargas, é Rodrigo Teixeira, que já trabalhava com o vereador.

O secretário-geral é o advogado Wagner Pompeo e o procurador é Eduardo Correa. Os dois cargos, mais o de chefe de Gabinete da Presidência, são os mais bem pagos: R$ 13,1 mil por mês. É maior que o salário de vereador.

Já a diretora de Comunicação é Karoelen Dias. Os diretores ganham um salário de R$ 6,5 mil.

E quem continua como assessora da Presidência é Maria Lenir Alves, a Lena, como é conhecida na Câmara. Coronel Vargas será o 11⁰ presidente que ela assessora.

Tanto tempo no posto é um reconhecimento a seu trabalho a diferentes presidentes e de várias siglas.

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A alegria dos adversários

A notícia de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso do ex-prefeito Valdeci Oliveira (PT), publicada pelo site Paralelo 29, alegrou os adversários.

Isso porque a decisão do STJ implica na manutenção do veredicto do Tribunal de Justiça do Estado, que o deixa inelegível por cinco anos.

Valdeci foi condenado por contratar sem licitação uma consultoria para modernização administrativa enquanto era prefeito de Santa Maria.

Valdeci sempre negou qualquer irregularidade e disse que a dispensa de licitação teve o aval da Procuradoria Jurídica.

Ele ainda pode recorrer, entretanto se a decisão for confirmada, o deputado ficará impedido de concorrer nas eleições a deputado de 2022 e a prefeito em 2024.

Até porque decisão em segunda instância, como é o caso do ex-prefeito, já barra uma possível candidatura.

Os adversários têm razão de ficarem alegres com a possível saída de Valdeci das disputas. O ex-prefeito tem um grande capital eleitoral.

Nas duas eleições consecutivas na cidade para deputado, foi o mais votado entre todos.

No pleito municipal de 2020, deu mais uma vez demonstração de sua força. Foi padrinho da candidatura do vereador Luciano Guerra (PT) à prefeitura, um nome desconhecido.

Por pouco, seu apadrinhado não chegou ao segundo turno: fez mais de 31 mil votos.

O fato é que Valdeci tem um capital de votos que ficará sem dono e para ser disputado. E os adversários estão de prontidão.

Para os adversários pode ser bom Valdeci ficar inelegível. Mas para Santa Maria, seria muito ruim ter uma liderança do calibre de Valdeci sem mandato.

Embora a renovação seja importante, a cidade precisa de mais lideranças e não de menos.

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Ex-prefeito Marchezan pode ir para o Piratini

O governador Eduardo Leite (PSDB) fará mudanças em seu secretariado. E um nome que pode ir para o Palácio Piratini é o ex-prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que não conseguiu se reeleger. Ele é cotado para assumir a pasta de Desenvolvimento Econômico.

Marchezan é cotado para o secretariado de Leite/Foto: PSDB, Divulgação

Já o atual secretário de Transportes, Juvir Costella (MDB), é especulado para comandar a Casa Civil no lugar do ex-prefeito de Caçapava do Sul Otomar Vivian (Progressistas), que pediu para sair.

O desejo do governador era ter o deputado federal Lucas Redecker (PSDB) na Casa Civil. Mas Redecker reafirmou que prefere permanecer na Câmara dos Deputados.

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