Com dezenas de carros e motocicletas, empresários de Santa Maria realizaram uma carreata no final da manhã desta quinta-feira (18) pelo fim das restrições da bandeira preta, sobretudo, para o segmento do comércio lojista. O protesto, no entanto, envolveu outros setores.
A Carreata do Basta Pelo Direito de Trabalhar, conforme diz peça divulgada nas redes sociais, foi organizada por empresários de Santa Maria que estão descontentes com as restrições que o governo do Estado vem tomando para tentar conter a pandemia de Covid-19.
Na chamada que circulou nas redes sociais, os organizadores colocaram que a manifestação seria de empresários e trabalhadores.
Os carros e motos partiram do Largo da Gare (Gare da Viação Férrea) em direção à prefeitura de Santa Maria, na Rua Venâncio Aires.
Um caminhão de som ficou estacionado em frente ao Centro Administrativo, com três manifestantes se revezando no microfone.
“As restrições são seletivas”, diz Sindilojas de SM
Buzinaço pela abertura de empresas
Enquanto os manifestantes pediam o fim das restrições, os veículos passavam em frente à prefeitura, fazendo a volta e passando de novo.
“Queremos o direito de trabalhar”, diz um dos manifestantes em cima do caminhão de som em meio ao buzinaço.
A manifestação já estava sendo divulgada quando o governador Eduardo Leite (PSDB) sinalizou, na tarde quarta, com a possibilidade de flexibilizar as atividades.
O governo do Estado decretou bandeira preta em todo o Rio Grande do Sul em 25 de fevereiro como forma de evitar um colapso no sistema de saúde devido ao aumento de internações em leitos de UTI por causa da Covid-19 e pelo aumento do número de mortes.
Depois, o governador Eduardo Leite (PSDB) estendeu a bandeira preta, que representa o nível máximo de risco para Covid-19, por mais duas semanas.
Cresce pressão contra restrições da bandeira preta
Bandeira preta vai até segunda, em princípio
Assim, em princípio, como disse o próprio Leite, a bandeira preta termina na próxima segunda-feira (22).
Nesse dia, o governo reavaliará, juntamente com o comitê responsável pelo enfrentamento à pandemia, se retomará o modelo de cogestão.
Por meio da cogestão regional, que o Palácio Piratini suspendeu em 25 de fevereiro, as regiões onde a pandemia é menos grave podem adotar protocolos mais brandos, no caso de agora, os da bandeira vermelha, que representa risco alto para Covid-19.
Com restrições, crescem as fake news
Governador fez ajustes na bandeira
O RS implantou o modelo do distanciamento controlado em maio do ano passado, quando o Estado foi dividido em regiões.
Desta forma, conforme a situação dos indicadores da pandemia, entre eles leitos de UTI disponíveis, o governo estadual classifica as regiões em bandeiras nas cores amarela (risco baixo), laranja (risco médio), vermelha (risco alto) e preta (risco altíssimo).
Desde que decretou que todo o RS ficaria em bandeira preta, Leite fez ajustes e mudanças nas regras, flexibilizando, inclusive, alguns setores, como foi o caso mais recente das academias de ginástica e pet shops.
Também proibiu supermercados e hipermercados de venderem itens não essenciais, o que gerava reclamações dos setores mais prejudicados.
O comércio, porém, continuou reclamando das restrições, entre elas o horário de funcionamento.
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Pressão vem desde a bandeira vermelha
A pressão começou com o chamado comércio noturno, que reúne estabelecimentos como distribuidoras de bebidas, bares e restaurantes e trailers de lanche rápido, quando Santa Maria ainda estava na bandeira vermelha (Leite ainda não tinha decretado a bandeira preta para todo o RS).
Na sequência, ocorreram outras manifestações desses segmentos. Mais tarde, houve uma carreata dos salões de beleza e estabelecimentos que trabalham com beleza e higiene pessoal.
O segmento da beleza se organizou à parte para reivindicar o reconhecimento de seus serviços como essenciais e, portanto, permitir a abertura dos salões, barbearias e afins.
Já no domingo passado (14), houve outra carreata percorreu as ruas de Santa Maria, assim como em outras cidades.
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Entidades se posicionam
Entidades ligadas ao comércio, como Sindilojas e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) afirmam não ter participado como organizadores de nenhum desses movimentos.
No entanto, as entidades admitem que financiaram cartazes e orientaram seus associados a participar das manifestações.
O protesto desta segunda foi organizado por empresários de diversos setores, com apoio das entidades.
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Alvo principal é o governo estadual
Porém, segundo o presidente do Sindilojas, Ademir José da Costa, ele próprio participaria das manifestações (a entrevista foi feita na véspera), assim como outros colegas de entidades empresariais locais.
O alvo principal do protesto desta segunda foi o governador gaúcho, que editou os decretos estaduais restringindo as atividades econômicas.
“Estamos trabalhando no limite. Há lojas encerrando as atividades, gente perdendo seu sustento por causa dessas medidas. Estamos trabalhando como se fôssemos bandidos”, diz Ademir da Costa.