Paralelo 29

LUDWIG LARRÉ – Crônica: “Passos do Vislumbre”

Na falta de uma aquarela da Marília Chartune, efeito de aquarela sobre foto de autoria desconhecida

É 26 de março quando escrevo estas linhas. Aniversário de Porto Alegre. A “Leal e Valorosa” está completando 249 anos.

Ela ainda não tinha completado duzentos em uma esmaecida lembrança de tons sépia que guardo de um passeio de bonde pelas mãos de meus pais.

A partir de então, meu coração, amores e amigos sempre me traziam à capital.

Os estudos e depois o mercado de trabalho, no entanto, me conduziam a outros caminhos ou me arrastavam de volta a Santa Maria, por vezes, contrariado como gato a cabresto.

LUDWIG LARRÉ – Crônica: Dummheit uber alles

Como diz aquele chamamé do Luiz Carlos Borges, “o coração de gaiteiro já tinha alçado viagem, há tempo, andava na estrada, e agora eu ia de atrás”.

Finalmente, em 2013, passei a residir em Porto Alegre, ainda que, até 2019, cumprindo expediente, de segunda a sexta, em Santa Maria.

Minha casinha, meu lar, minhas perninhas para o ar só aos finais de semana.

Desde janeiro de 2020, cumpro na Casa de Cultura Mario Quintana minhas funções de servidor público cedido à Secretaria de Cultura do Estado.

Que dádiva, senhoras e senhores! Que recompensa pelo tempo de espera tem sido servir neste templo da arte e da cultura!

LUDWIG LARRÉ – Crônica: Teteza

Pois foi pelos magníficos espaços da Casa de Cultura Mario Quintana que tive o presente vislumbre, impactado pela situação de abandono do prédio do Clube Caixeiral aí em Santa Maria.

A arquitetura original me ajudou na concepção do projeto mental de um espaço cultural. A estrutura está ali prontinha, literalmente, caindo de madura.

Imaginem comigo, senhoras e senhores! Aqueles espaços do andar térreo ocupados por biblioteca, videoteca, salas de ensaio para música, dança, teatro e circo, espaços expositivos para artes visuais, cursos, oficinas, ações inclusivas pelas manifestações artísticas e pela cultura, projetos educacionais e tudo o mais que vocês conceberem nesta linha para agregar à proposta.

LUDWIG LARRÉ – Crônica: O carcinoma no tecido social

O velho salão adaptado como auditório. A possibilidade de locação como espaço de eventos, gerando receita à manutenção das atividades públicas.

Quero um baile de gala na inauguração! Juro que alugo um smoking e compareço de All Star e black tie!

E os espaços todos terão nomes de santa-marienses de destacada atuação cultural. A sala de exposições Eduardo Trevisan, a Biblioteca Prado Veppo, a Sala de Ensaios Pedro Freire Jr., a Oficina Edna May Cardoso, o auditório Edmundo Cardoso, a Sala de Música Maestro Setembrino, por exemplo.

Teremos espaços nomeados em homenagem a negras e negros, a pessoas LGBTQI+ de trajetória não menos importante na composição da amálgama cultural de Santa Maria.

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O primeiro dos “Passos do Vislumbre” – para regar esta semente de ideia com um pouco da poesia do “Tio Veppo” – é o tombamento do prédio.

Acredito que isso já tenha sido feito pelo órgão municipal responsável pelo patrimônio histórico e arquitetônico. Caso contrário, é para ontem.

O segundo movimento é a criação de uma Associação de Amigos. A Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana foi fundada em 1984.

O mais querido dos espaços culturais dos porto-alegrenses só se tornou realidade em 1990.

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Nosso amado Theatro Treze de Maio nasceu desse mesmo embrião. O caminho é longo até a estrada pavimentada, mas a boca da picada é essa!

Para essa associação ainda imaginária de amigos conclamo alguns nomes: Irmã Irani Rupolo, Marcelo Canellas, Atílio Alencar, Eugênia Mariano da Rocha Barichello, Bruno Seligman de Menezes, Ruth Péreyron, Fernando e Evandro Zamberlan, Gustavo Jobim, famílias Isaia, Costa Beber, Vontobel, Saccol… ajudem-me a completar a convocatória, senhoras e senhores.

Ponham o sonho a caminhar conosco e façamos essa construção com a participação da iniciativa privada e de entidades de classe.

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Não há de faltar experts na formatação de projetos e na captação de recursos públicos e privados das leis de incentivo à cultura.

Meus saberes e fazeres não abarcam essas habilidades. Sou um mero palpiteiro, o mateiro que indica a boca da picada.

Com aquela inspiração do Veppo, sou apenas o “Andarilho” que os convida e desafia a trilhar estes “Passos do Vislumbre”.

Vai que brota a “Espada de Flor”.

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