Paralelo 29

Maria Portela é OURO mais uma vez. No judô e na vida

Maria Portela conquistou mais um ouro em sua carreira de judoca/Foto:Maryna Maiorova, Federação Internacional de Judô

A judoca Maria Portela, nascida em Júlio de Castilhos e criada em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, conquistou mais um feito internacional neste sábado (27).

Maria Portela ganhou a medalha de ouro do Grand Slam de Tbilisi, na Geórgia e encaminhou participação nos Jogos Olímpicos 2021, em Toquio.

Portela garantiu o Brasil no lugar mais alto do pódio ao vencer a russa Madina Taimazova, na grande final da categoria médio feminina (70kg).

Esta foi a primeira medalha brasileira na competição e o primeiro ouro do judô brasileiro no ano olímpico.

Bem perto do sonho olímpico

A vitória deu 1000 pontos a Maria Portela, que deve subir no ranking mundial e ficar mais perto de uma posição de cabeça-de-chave para os Jogos de Tóquio. Assista o vídeo da luta divulgado pela Federação Internacional de Judô.

Segundo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Portela é uma das atletas mais experientes do Circuito Mundial.

Seu penúltimo pódio também foi ouro, quando ela venceu o Campeonato Pan-Americano de Guadalajara, no Méximo, em novembro do ano passado.

O site da CBJ destaca que, em Tbilisi, “a gaúcha de Santa Maria” venceu cinco combates para conquistar seu terceiro título de Grande Slam.

Inicialmente, a gaúcha Maria Portela superou Ugne Pileckaite, da Lituânia, nas punições.

Depois, a judoca derrotou Donia Vos, da Holanda, por ippon. Posteriormente, já nas quartas-de-final, superou Asma Alrebai, do Barein, também nas punições.

Uma atleta que usa mais inteligência que força

A CBJ destaca que, para chegar à decisão, “Maria Portela foi estratégica e contragolpeou a belga Gabriela Willems para anotar um waza-ari no goldem score da semifinal”.

Na final, conta Taimazova, Maria Portela foi estratégica, mais uma vez, e venceu nas punições (3-1) para garantir o ouro.

Conhecida como “Raçudinha dos Pampas”, Maria é uma prova concreta de que a educação e o esporte transformam a vida de crianças pobres.

Infância no bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria

Ainda criança, Maria Portela se mudou com a família para Santa Maria, após perder o pai.

Ela cresceu no bairro Nova Santa Marta, na região Oeste da cidade, com a mãe, Sirlei, empregada doméstica, e mais três irmãos.

A Nova Santa Marta, como é conhecido o bairro, nasceu de uma ocupação urbana, no início da década de 90 do século passado.

Por muito anos, a região era chamada pelo nome pejorativo de “Sem Teto”, porque os primeiros moradores que lá chegaram moravam em barracas e em casebres improvisados de madeira.

Para se ter uma ideia das dificuldades dos moradores, a regularização fundiária da área ainda está em andamento.

O bairro também é apontado como um dos mais violentos de Santa Maria, o que alimenta desconfiança e preconceitos em relação a seus moradores.

Revelada em um projeto social

Pois Maria Portela venceu todos os obstáculos impostos e deu um ippon nas dificuldades para se tornar uma das principais judocas do mundo.

A menina nascida em 14 de janeiro de 1988, na pequena Júlio de Castilhos, vizinha de Santa Maria, teve a chance de participar de um projeto social.

Em 1994,o Projeto Mãos Dadas deu seus primeiros passos em uma aposta da professora Aglaya Pavani, que passou a difundir o judô nas escolas da periferia do Coração do Rio Grande.

E Maria Portela abraçou essa oportunidade aos 8 anos de idade para nunca mais largá-la. Porém, até chegar onde chegou, ela passou mais sufoco e trabalhou como babá.

Choro ao lembrar da infância difícil

Em uma entrevista ao Esporte Espetacular da Rede Globo, em 2016, Maria Portela chorou ao falar sobre sua infância difícil, época em que morava em uma casa onde chovia.

Aglaya, a professora que deu um primeiro impulso na trajetória da atleta, também falou sobre Maria, lembrando, inclusive, dos conselhos que deu para que a judoca não desistisse de sonhar cada vez mais alto.

Mas, enfim, Maria Portela superou todos os desafios como se eternizasse um ippon nas dificuldades que marcaram sua infância e juventude.

A NOSSA ATLETA DE OURO

Maria de Lourdes Mazzoleni Portela

IDADE

  • 33 anos, nasceu em 14 de janeiro de 1998, em Júlio de Castilhos

ONDE MOROU

  • Veio com a família ainda criança para Santa Maria, onde morou no bairro Nova Santa Maria, região Oeste da cidade

ONDE E QUANDO COMEÇOU NO JUDÔ

  • No projeto social Mãos Dadas, que surgiu em 1994, em Santa Maria. Começou aos 8 anos de idade

PARTICIPAÇÃO EM JOGOS OLÍMPICOS

  • Londres 2012 e Rio 2016

ALGUNS DOS PRINCIPAIS TÍTULOS CONQUISTADOS

  • Ouro no Grand Slam de Ecaterimburgo 2018
  • Ouro no World Masters St Petersburgo 2017
  • Prata Mundial Por Equipes Mistas Budapeste 2017
  • Prata  no Grand Slam de Ecaterimburgo 2019
  • Prata no Grand Slam Baku 2016
  • Bronze no Grand Slam de Brasília 2019
  • Bronze no Grand Slam Tóquio 2015
  • Ouro no Grand Slam de Moscou 2012
  • Bronze nos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015 e Guadalajara 2011
  • Ouro no Campeonato Pan-Americano 2012
  • Prata no Campeonato Pan-Americano 2019
  • Ouro (individual e equipe) nos Jogos Mundiais Militares 2011
  • Ouro (individual e equipe) no Mundial Militar 2013
  • Outros AtletasMais Atletas

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