O empresário Adherbal Alves Ferreira, pai de Jennefer, uma das 242 vítimas da tragédia da boate Kiss, lembrou a data do incêndio ocorrido em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria.
Na época, Jennefer tinha 22 anos, e foi uma das dezenas de jovens, muitos deles estudantes universitários que confraternizavam e que não voltaram mais para casa. Oito anos se passaram da tragédia e o caso ainda aguarda julgamento dos quatro réus do processo principal.
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Um convite para refletir
Em seu perfil no Facebook, Adherbal, que foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), fez um desabafo e propôs uma reflexão.
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O comerciante lembrou das milhares de vítimas da pandemia de Covid-19, cujos familiares e amigos passam pela mesma dor pela qual os pais de vítimas da boate Kiss ainda sentem. E lembrou, ainda, outras perdas.
Mesmo que o texto tenha sido publicado em uma rede social, o Paralelo 29 entrou em contato com Adherbal e pediu autorização para publicar o conteúdo. Eis o texto:
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“TER EMPATIA É SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO”
ADHERBAL FERREIRA
Empresário e pai de Jennefer, vítima da tragédia da Kiss aos 22 anos
“Certamente o dia 27 é uma marca registrada da tragédia, e também da dor da perda , onde parte ou todos os nossos sonhos viraram só saudades.
Estamos vivendo um momento de tragédia em várias famílias devido a pandemia.
E não ” SÓ”, mas de diversas perdas de TUDO. Porque toda dor de perda é dificil, não importa qual, não há como decifrar os códigos de cada um e maneira de reação.
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Não há como dizer se a minha dor é maior ou a do outro é …, mas há como ter a capacidade de se identificar com o outro e de sentir o que ela sente e de querer dar uma palavra de apoio, respeito e amor.
Ter EMPATIA é se colocar no lugar do outro.
O dia 27 /01/2013 nos paralisou, e nos decepcionou com a justiça, aprendemos a caminhar em pedras pontudas e espinhos, junto ao sangramento da alma, e pior que vivenciamos todos os dias injustiça e vemos que a lei não é presente em muitos casos, nos deixando à deriva no barco da vida.
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Se não tivéssemos as doses de calmante divino dado por Deus, e se não fosse nossa fé a base, com certeza teríamos sucumbido naqueles dias.
Que Deus abençôe a todos que perdem seus entes e dê o caminho da luz, a todos, no qual em breve iremos encontrar novamente”.