Paralelo 29

MEL INQUIETA: Três poemas e um manifesto em tempos covidianos

A foto foi feita durante as gravações do curta Estações dirigido por Jayme Filho e baseado em Poema quase infantil, de Mel/Foto: Arquivo Pessoal

Recuperando-se da Covid-19, a jornalista e poeta Melina Guterres, a Mel Inquieta, não parou de produzir mesmo no período de quarentena.

Nesses dias de isolamento total, a jornalista e poeta postou vídeos falando de como está enfrentando a doença.

E Mel não poupou nas palavras. Entre indignação e resiliência, ela não deixou de lado seu veio poético e produziu um poema-desabafo, no qual põe pra fora o que está sentindo.

O poema Cansei! é um manifesto poético de alguém que se vê como “bruxa” ou “uma pantera em alta velocidade partindo o tempo em ficção”.

Em Carne, outro poema parido nos últimos dias, a indignação também flui em uma construção semântica em que significante e significado aparecem nas entrelinhas.

MEL INQUIETA: Dois poemas e uma cena para encerrar o Mês da Mulher

Versos regados com linguagem simples e direta

O terceiro poema, A Rosa Amarela, lembra um pouco de Cora Coralina. Linguagem simples, direta, porém regada por significados.

Ele nasceu de uma flor, uma rosa amarela que foi regada por Mel em 12 dias de quarentena, e que se abriu neste domingo, 11 de abril, como uma celebração à vida.

Com ele, a poeta encerra sua trilogia de poemas para o Paralelo 29 neste domingo nublado de outono com um agradecimento a todos quantos torcem pela sua recuperação.

“Gratidão! A todo carinho dos seres vivos deste universo que tenho recebido nestes dias. Hoje, apesar do cansaço, me sinto melhor que nos dias anteriores”, escreveu Mel em uma saudação ao Universo.

Mel recita em homenagem ao Dia Mundial da Poesia

Em vídeo, jornalista relata quarentena e tratamento

No Dia do Jornalista, o 6º após o diagnóstico da Covid-19, Mel publicou um texto e uma live na Rede Sina em que comenta sobre a Covid-19.

E e, em meio a um relato sobre os sintomas, reflete sobre a vida, suas andanças, seu trabalho e sobre a que se apegar diante de uma situação pela qual ninguém quer passar. Confira a manifestação neste link.

MEL INQUIETA: Dois poemas para refletir

Apesar de tudo, fé na vida

Aliás, Mel não se deixou abater pelo já não tão “novo coronavírus”, e, mesmo sem poder sair de casa, continuou a perambular pelo mundo do jornalismo, da literatura e da poesia.

Nós, do Paralelo 29, desejamos que nossa parceira jornalista e poeta (e contista e cronista) se recupere o mais breve possível.

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CANSEI

Em seu recanto poético, jornalista e poeta Mel Inquieta produz versos mesclados de indignação e resiliência/Foto: Arquivo Pessoal

Cansei!

Virei vampira, brinquei, gargalhei e esqueci por alguns instantes que era mortal.

Me despi da dor no peito, dos lamentos, virei feiticeira, me enfeiticei de mim mesma e dos sentidos que dou pra vida.

Que sigam os crentes com seus  cristos pregados, que eu seguirei bem loba, uivando com a lua cheia.

Uma pantera em alta velocidade partindo

O tempo em ficção

Numa trincheira

Uma medusa

Paralelo 29 resgata Kydo, poeta e escritor, que andava sumido

Assumindo

Todas suas Liliths

Todo seu sangue

Inflamado

De tanto patriarcado

Uma bruxa

Destemida das fogueiras

DIOMAR KONRAD – Crônica: O estagiário do Kydo

CARNE

Crua carne nua

Na bandeja

A ser devorada

Pela incompetência

Do assassino

Que deveria ter sido

Salvador

Cruas carnes nuas

Em cortejo ao centro da terra,

Ao pó guardado em um quadrado

Ou jogado ao ar de uma

Paisagem-memória

Nua verdade Crua

Carne

A rosa amarela, o violão e o livro: inspiração para o fazer poético/Foto: Arquivo Pessoal

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A ROSA AMARELA

E meio a pandemia, a minha quarentena, no 12° dia do Covid, na manhã deste domingo, 11 de abril, na minha sala, entre livros, violão, abajur, estavas tu, Rosa Amarela, agora aberta.

Chegaste aberta
Um dia te fostes
Segui a regar-te
E novamente
Voltaste

Hoje me brinda
Com a beleza das
Tuas formas e cor
Com a esperança
De dias melhores a frente

SABRINA SIQUEIRA – Opinião: Nísia Floresta, feminista e moralista

Estivestes comigo
Em covidianos dias
Cuidei de ti
Cuidastes de mim
Fechei janelas
Em dias de ventos forte
Abristes meus olhos
Em persistir em crescer
E abrir

Rosa amarela, Rosa Amarela, Rosa Amarela
Meu símbolo de
Resistência
Sutil, leve e sincera!

Siga Mel Inquieta no Instagram. Também se liga na Rede Sina, plataforma de conteúdo fundada por Melina Guterres e administrada por ela.

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