Recuperando-se da Covid-19, a jornalista e poeta Melina Guterres, a Mel Inquieta, não parou de produzir mesmo no período de quarentena.
Nesses dias de isolamento total, a jornalista e poeta postou vídeos falando de como está enfrentando a doença.
E Mel não poupou nas palavras. Entre indignação e resiliência, ela não deixou de lado seu veio poético e produziu um poema-desabafo, no qual põe pra fora o que está sentindo.
O poema Cansei! é um manifesto poético de alguém que se vê como “bruxa” ou “uma pantera em alta velocidade partindo o tempo em ficção”.
Em Carne, outro poema parido nos últimos dias, a indignação também flui em uma construção semântica em que significante e significado aparecem nas entrelinhas.
MEL INQUIETA: Dois poemas e uma cena para encerrar o Mês da Mulher
Versos regados com linguagem simples e direta
O terceiro poema, A Rosa Amarela, lembra um pouco de Cora Coralina. Linguagem simples, direta, porém regada por significados.
Ele nasceu de uma flor, uma rosa amarela que foi regada por Mel em 12 dias de quarentena, e que se abriu neste domingo, 11 de abril, como uma celebração à vida.
Com ele, a poeta encerra sua trilogia de poemas para o Paralelo 29 neste domingo nublado de outono com um agradecimento a todos quantos torcem pela sua recuperação.
“Gratidão! A todo carinho dos seres vivos deste universo que tenho recebido nestes dias. Hoje, apesar do cansaço, me sinto melhor que nos dias anteriores”, escreveu Mel em uma saudação ao Universo.
Mel recita em homenagem ao Dia Mundial da Poesia
Em vídeo, jornalista relata quarentena e tratamento
No Dia do Jornalista, o 6º após o diagnóstico da Covid-19, Mel publicou um texto e uma live na Rede Sina em que comenta sobre a Covid-19.
E e, em meio a um relato sobre os sintomas, reflete sobre a vida, suas andanças, seu trabalho e sobre a que se apegar diante de uma situação pela qual ninguém quer passar. Confira a manifestação neste link.
MEL INQUIETA: Dois poemas para refletir
Apesar de tudo, fé na vida
Aliás, Mel não se deixou abater pelo já não tão “novo coronavírus”, e, mesmo sem poder sair de casa, continuou a perambular pelo mundo do jornalismo, da literatura e da poesia.
Nós, do Paralelo 29, desejamos que nossa parceira jornalista e poeta (e contista e cronista) se recupere o mais breve possível.
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CANSEI
Cansei!
Virei vampira, brinquei, gargalhei e esqueci por alguns instantes que era mortal.
Me despi da dor no peito, dos lamentos, virei feiticeira, me enfeiticei de mim mesma e dos sentidos que dou pra vida.
Que sigam os crentes com seus cristos pregados, que eu seguirei bem loba, uivando com a lua cheia.
Uma pantera em alta velocidade partindo
O tempo em ficção
Numa trincheira
Uma medusa
Paralelo 29 resgata Kydo, poeta e escritor, que andava sumido
Assumindo
Todas suas Liliths
Todo seu sangue
Inflamado
De tanto patriarcado
Uma bruxa
Destemida das fogueiras
DIOMAR KONRAD – Crônica: O estagiário do Kydo
CARNE
Crua carne nua
Na bandeja
A ser devorada
Pela incompetência
Do assassino
Que deveria ter sido
Salvador
Cruas carnes nuas
Em cortejo ao centro da terra,
Ao pó guardado em um quadrado
Ou jogado ao ar de uma
Paisagem-memória
Nua verdade Crua
Carne
A rosa amarela, o violão e o livro: inspiração para o fazer poético/Foto: Arquivo Pessoal
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A ROSA AMARELA
E meio a pandemia, a minha quarentena, no 12° dia do Covid, na manhã deste domingo, 11 de abril, na minha sala, entre livros, violão, abajur, estavas tu, Rosa Amarela, agora aberta.
Chegaste aberta
Um dia te fostes
Segui a regar-te
E novamente
Voltaste
Hoje me brinda
Com a beleza das
Tuas formas e cor
Com a esperança
De dias melhores a frente
SABRINA SIQUEIRA – Opinião: Nísia Floresta, feminista e moralista
Estivestes comigo
Em covidianos dias
Cuidei de ti
Cuidastes de mim
Fechei janelas
Em dias de ventos forte
Abristes meus olhos
Em persistir em crescer
E abrir
Rosa amarela, Rosa Amarela, Rosa Amarela
Meu símbolo de
Resistência
Sutil, leve e sincera!
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