JULIO PUJOL
Professor de História e consultor político
Em 2022 termos eleições no âmbito estadual e no nacional. 2022 significa os 200 anos do Brasil independente; portanto não cabe mais referir a herança patrimonialista portuguesa para justificar nossas mazelas.
É tempo de caminhar com as próprias pernas e construir soluções próprias para o nosso presente e para o nosso futuro. E o processo eleitoral é um momento propício para esse debate.
Ciente disso, começamos a realizar, no nosso Instituto de Alta Política, estudos sobre a história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
JULIO PUJOL – Opinião: A segunda onda
Um estudo “instrumental”, não acadêmico; direcionado a tantos quantos queiram compreender melhor o processo histórico gaúcho e brasileiro que nos trouxe até aqui enquanto sociedade.
E, a partir desta compreensão, poder projetar caminhos, novos, ou já experenciados, que sejam de fato solução a tantos problemas que já conhecemos.
É uma responsabilidade do líder político apontar o futuro. E para isso é preciso conhecer.
Começando pelo Rio Grande do Sul, podemos afirmar que nosso estado teve uma inserção tardia no que hoje é o Brasil e, tanto por isso, ou que resultou nisso, nossa matriz produtiva e cultural é diferenciada.
Nossa “colonização” não iniciou pelo litoral, como por exemplo no Nordeste, São Paulo, ou Rio de Janeiro.
JULIO PUJOL – Opinião: Pela paz civil
Iniciou tardiamente, pode-se dizer, em 1626. E por mãos espanholas, dentro de um projeto espanhol de conquista e ocupação do território americano (via Jesuítas).
Depois, pelo litoral, a partir de Laguna, os portugueses foram ocupando e descendo até o Prata.
Por isso ainda o forte caráter português-açoriano de nosso litoral.
Como vemos, Santa Maria, e São Gabriel, Pau Fincado, São Martinho, ficaram no centro desta “divisa”.
Cada um, espanhóis e portugueses, querendo expandir mais seu alcance e ocupação do território.
E uma comissão demarcadora, acampou, na “Rua do Acampamento” (atual), e assim nasceu Santa Maria.
Manifesto: Pela vida, pela paz civil e pelos empregos
Na rua hoje Presidente Vargas, próximo ao Hospital de Caridade havia uma aldeia, ou acampamento, de índios Guaranis, dispersos das Missões. (Em Santa Maria é preciso ler João Belém).
Pouco estudo há (em proporção) sobre a vida pré-europeia no RS.
Em 1822 tivemos a independência, como citamos acima e, logo em seguida, aqui pelo sul, a Revolução Farroupilha, que durou dez anos.
E, bom saber, tivemos o nosso 11 de Setembro,1836, data em que se proclamou a República Farroupilha (Rio-grandense).
Sim, foi em 11 de Setembro. Ou seja, discutia-se República mais de cinco décadas antes dela ser proclamada no Brasil em 1889.
JULIO PUJOL – Opinião: Notícias Falsas
Os Gaúchos e a República
A influência e a participação dos gaúchos no processo da República, a Velha e a Nova (era Vargas) foi determinante.
Quando jovens republicanos, como Julio de Castilhos e Joaquim Francisco de Assis Brasil, foram estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, no último quarto do século XIX, já levaram daqui esses ideais que encontraram em São Paulo um terreno fértil para as então novas ideias. Dali esses ideais se espalhavam por todo o Brasil.
A filosofia positivista era para muitos, em particular para Julio de Castilhos, o suporte teórico de todo esse debate e movimentação republicana.
A República brasileira nasceu positivista. Mas foi aqui no Sul que essa doutrina se tornou hegemônica e determinante dos rumos políticos e administrativos do estado. Para bem e para mal.
Novo articulista do Paralelo 29 escreverá sobre política
Os políticos gaúchos tiveram um forte papel na constituição da República, também na República Velha (e, paradoxalmente, na sua derrubada em 1930 com Vargas). E depois de 1930, com ele, até a década de 1950.
O castilhismo/positivismo/borgismo dominou o Rio Grande desde a proclamação da República até também aproximadamente 1930.
Precisamos estudar mais esse período da nossa história pois ele é que lança e consolida as bases do Rio Grande moderno. Num próximo artigo falaremos mais sobre isso.
GILSON PIBER – Opinião: Até o Censo cortaram
A Imigração
Outro fator determinante na formação do povo, da cultura, e do imaginário sulista é a imigração, particularmente a alemã e a italiana.
Ela complementa e dá novo vigor ao que somos hoje enquanto povo e sociedade.
A imigração surge de um projeto nacional, e imperial, conduzido muito inicialmente por D. Pedro I, e mais intensivamente durante o reinado de D. Pedro II (1840-1889).
Para o Sul era também um projeto de ocupação de território, de dinamização da economia e também de contrapor um pouco o poder dos grandes fazendeiros.
Ao que parece, atingiu os objetivos e fez do Rio Grande do Sul um estado economicamente forte, diversificado, moderno e de expressão nacional.
LARRÉ – Crônica: O Dia da Terra
Cada um desses pontos: 1 – A ocupação inicial do território e a formação do povo gaúcho-brasileiro, 2 – A Revolução Farroupilha, 3 – O Positivismo e a República Gaúcha e 4 – A imigração e industrialização do estado, são pontos cruciais para a compreensão de quem somos hoje.
E, compreender esses episódios, conhecer a nossa história, pode ajudar muito no debate de que estado queremos construir para o futuro.
Uma terra que teve Assis Brasil não pode se conformar em apenas existir. Tem que ambicionar ser mais, dar a sua contribuição à construção de um país moderno e soberano.
Como já fizemos em outros momentos, sempre que somos chamados pela história.