Paralelo 29

Cpers irá à Justiça contra mudança nas regras das bandeiras no RS

Governador Eduardo Leite falou sobre mudanças no modelo de distanciamento controlado da pandemia/Foto: Maurício Tonetto, Palácio Piratini

A assessoria jurídica do Cpers deverá recorrer à Justiça contra mudanças no modelo de distanciamento controlado, que o governo estadual anunciou na tarde desta terça-feira (27) para permitir o retorno das aulas presenciais.

O professor Rafael Torres, diretor geral do 2º Núcleo do Cpers, com sede em Santa Maria, informou que a Associação de Pais e Mães Pela Democracia (APMD) deverá encabeçar uma nova ação juntamente com o Cpers.

O governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou mudanças no modelo de distanciamento social controlado, criado pelo governo do Estado em maio de 2020, para enfrentar a pandemia de Covid-19.

Esse modelo monitora indicadores da Covid no RS e classifica as regiões do Estado em bandeiras (amarela, laranja, vermelha e preta), que vão do risco baixo ao risco máximo).

É esse modelo que vem definindo quando as atividades econômicas e outras terão mais flexibilidade ou mais restrições.

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Estado tentou retomar aulas, mas Justiça barrou

Depois de nove semanas consecutivas em bandeira preta, classificação de altíssimo risco, o Palácio Piratini anunciou, no final de semana, mudança no último decreto estadual, permitindo a cogestão na educação.

A partir dessa mudança, o Piratini pretendia autorizar a adoção de protocolos da bandeira vermelha, de risco alto, mesmo mantendo o RS em bandeira preta, de risco altíssimo.

Mudança vista permitir retomada das aulas presenciais na educação infantil e nos anos iniciais do ensino médio/Foto: Itamar Aguiar, Palácio Piratini

Desta forma, as escolas poderiam reabrir para aulas presenciais na educação infantil, que inclui creches, e nos primeiros anos da educação fundamental.

No entanto, em 28 de fevereiro, quando o governo estadual havia autorizado a reabertura das escolas, a associação de pais e mães e o Cpers ingressaram com uma ação em Porto Alegre para suspender o retorno.

A Justiça da capital deferiu a suspensão de forma provisória, até que se julgasse a ação. O governo recorreu e o caso foi parar no Tribunal de Justiça do RS (TJRS).

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Nova tentativa de reabrir escolas acirrou guerra jurídica e política

Na sexta-feira, o governo anunciou o retorno nas aulas presenciais para esta segunda, com o decreto da cogestão, porém a situação causou embaraço jurídico que confundiu a comunidade escolar.

Depois de uma guerra jurídica e política e de interpretações do que estaria valendo (o novo decreto ou a liminar que suspendeu as aulas), o  TJRS decidiu por unanimidade, na segunda que as aulas continuariam suspensas enquanto o RS estivesse em bandeira preta.

Mas por que o governo mudou o modelo de distanciamento controlado? O governador Eduardo Leite (PSDB) justificou a mudança em uma live.

“Nunca vendemos o modelo como perfeito”, diz governador

Segundo Leite, “a medida se tornou necessária para que o sistema pioneiro de enfrentamento à pandemia se ajuste à atual realidade e permita a retomada das aulas presenciais no RS, conforme novo decreto que será publicado”.

De acordo com o governador, o Estado nunca “vendeu” o modelo como perfeito até porque, mesmo com um ano de pandemia, o mundo todo ainda está aprendendo sobre o coronavírus e seus efeitos”.

“A recente onda que enfrentamos foi muito diferente daquela que tivemos em 2020. Por isso, se fizeram necessários ajustes, como o da salvaguarda, ao longo do tempo”, disse.

Ainda segundo Leite, os ajustes são necessários na medida em que o Estado observa que o número de novos casos e internações se estabilizou, “apontando para um momento mais confortável”.

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Modelo existe há um ano

Criado há um ano e lançado no dia 10 de maio de 2020, o Distanciamento Controlado foi baseado em 11 indicadores da velocidade de contágio do coronavírus e da ocupação de leitos de UTI.

Modelo que classifica regiões por bandeiras conforme o grau da pandemia de Covid-19 completará um ano em maio

A partir desses indicadores, cada região do RS é classificada por cor (são quatro bandeiras).

Cada cor tem protocolos para as atividades econômicas e outras. Quanto maior o risco, mais escura é a bandeira, da amarela à preta.

De acordo com o Piratini, com a evolução da pandemia e o aprendizado sobre o comportamento do vírus, o governo criou duas salvaguardas, uma estadual, e uma regional.

A estadual, implantada em 5 de março deste ano, colocou todo o RS em bandeira preta. Isso ocorre sempre que a razão de leitos livres para cada leito ocupado por paciente por Covid está abaixo de 0,35 (nota definida no modelo).

Já a salvaguarda regional, implantada em 1º de janeiro deste ano, é acionada quando uma região tem elevada quantidade de novas hospitalizações e de pacientes Covid e, ao mesmo tempo, pertence a uma macrorregião com baixa capacidade hospitalar, determinando bandeira vermelha ou preta em nível regional.

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Governo mudou a chamada salvaguarda da bandeira preta

Após análises de técnicos e especialistas do Gabinete de Crise, o governo decidiu ajustar a salvaguarda da bandeira preta no Estado.

Assim, de antemão, o Piratini afirmou que essa salvaguarda continuará existindo, no entanto passará a ser acionada apenas quando o indicador de leitos atingir o índice de 0,35 depois de um ciclo de 14 dias de piora na disponibilidade.

A chamada trava será desativada sempre que se observar um ciclo de pelo menos duas semanas de melhoria na ocupação hospitalar (leitos de UTI).

Salvaguarda regional da bandeira preta será extinta

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Já em relação à salvaguarda regional, essa medida será extinta para bandeira preta, ficando, contudo, mantida para bandeira vermelha.

Consequentemente, quando uma região apresentar bandeira vermelha ou preta no indicador 6 (hospitalizações para cada 100 mil habitantes da região) e o indicador 9 (leitos livres/leitos Covid da macrorregião) estiver menor ou igual a 0,8, a trava será acionada e a região será classificada em bandeira vermelha, mesmo que a sua média for mais baixa.

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Todo o RS passa para bandeira vermelha

Deste modo, com as mudanças, todo o RS passará para bandeira vermelha a partir da publicação do novo decreto, previsto para ser publicado ainda nesta terça para entrar em vigor a partir da virada para quarta (28).

Os prefeitos, no entanto, devem prestar a atenção numa questão: não poderão utilizar-se da cogestão para flexibilizar as regras da bandeira vermelha e adotar as da bandeira laranja.

Até o dia 10 prefeitos não podem mexer em restrições

Para evitar que isso ocorra, o Piratini suspendeu o sistema de cogestão até o dia 10 de maio, pelo menos.

Desta forma, não poderá haver mais flexibilizações do que as permitidas atualmente.

Neste período de transição, em que serão implementadas as mudanças nas salvaguardas e a suspensão da cogestão, o governo pretende definir um novo modelo de gestão da crise sanitária.

(Com informações do governo do RS)

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