Paralelo 29

Lei da Máscara multou apenas três pessoas em SM, mas nenhuma pagou

Lei que entrou em vigor em outubro em Santa Maria prevê uso obrigatório de máscara para conter a Covid-19/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

Em vigor há exatos sete meses em Santa Maria como uma das formas de conter a Covid-19, a Lei da Máscara multou apenas três pessoas nesse período, mas, conforme a prefeitura, nenhuma delas pagou o valor ainda.

Como tornaram-se devedoras do município, elas serão inscritas na Dívida Ativa. E se não pagarem poderão ser cobradas judicialmente.

As informações se referem ao período entre 1º de outubro, quando a lei entrou em vigor, e 20 de abril, data em que a prefeitura enviou respostas a questionamentos que o Paralelo 29 encaminhou.

Qualquer pessoa que andar nas ruas de Santa Maria ainda vai encontrar muita gente sem máscara ou usando a proteção facial de forma errada, sem cobrir nariz e boca como estipula a lei.

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Antes da lei local, Congresso aprovou obrigatoriedade

Antes mesmo de Santa Maria tornar obrigatório o uso da máscara, o Congresso Nacional aprovou a obrigatoriedade, válida para todo o país.

E assim como nos estados e municípios, o tema também gerou controvérsias em Brasília, mesmo com a pandemia avançando e matando milhares de brasileiros.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou parte da lei, desobrigando o uso de máscara em locais fechados como no comércio, escolas e templos religiosos, por exemplo.

Patrulha da Máscara orienta moradores de Santa Maria sobre a necessidade e obrigatoriedade de uso da proteção facial/Foto: João Alves, SC, PMSM

Porém, o Congresso Nacional derrubou os vetos, mantendo o uso obrigatório da proteção também em locais fechados.

Afinal, a lei funciona ou não?

Mas, afinal, diante dessa constatação, a lei funciona ou não? A prefeitura destaca que o objetivo não é sair multando, mas sim, inicialmente, orientar as pessoas.

A própria lei, destaca o Executivo municipal, tem como meta primordial, primeiramente, abordar e orientar quem está em desacordo.

“O principal foco do procedimento fiscalizatório é a primeira abordagem para orientação das pessoas afim de que elas façam, imediatamente, a correção ou o uso do equipamento”, diz a resposta.

No caso das três pessoas multadas, a prefeitura diz que isso só correu porque elas negaram, injustificadamente, a utilizar a máscara.

“Em todas os outros casos de abordagem, as pessoas passaram a utilizar ou corrigiram a forma de uso do item”, afirma a prefeitura.

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Multa pode chegar a R$ 568

Conforme o texto que a Câmara de Vereadores aprovou em agosto passado, a pessoa que for flagrada sem máscara poderá ter de pagar multas de R$ 106, R$ 284 e R$ 568 (até duas reincidências).

Depois quarta vez que a fiscalização pegar a pessoa descumprindo a lei, a multa dobrará de valor em relação à última penalidade aplicada.

A proposta original do Executivo previa multa de R$ 177 a R$ 1,7 mil, mas a então vereadora Deili Silva (PSD) conseguiu reduzir os valores.

A lei estabelece, ainda, que todo o dinheiro que a prefeitura arrecadar terá de ser aplicado em ações de combate à pandemia.

Entra nessa lista, por exemplo, a compra de máscaras para carentes e de equipamentos de proteção (EPIs) para profissionais de saúde.

Assunto foi e continua sendo polêmico entre vereadores

Desde que a prefeitura anunciou que iria enviar um projeto para multar quem não usasse máscara, o tema gerou polêmica no Legislativo.

Nas ruas, agentes municipais distribuem máscaras para pessoas que estão sem o item de proteção individual contra a Covid-19/Foto: João Alves, SC, PMSM

Assim, a Câmara aprovou o projeto por 10 votos contra 8. Várias cidades brasileiras aprovaram leis tornando a máscara obrigatória em espaços públicos, incluindo, nessa relação, o comércio.

Antes mesmo da Câmara aprovar o uso obrigatório, a prefeitura criou a Patrulha da Máscara, formada por agentes municipais que percorrem as ruas e locais públicos de grande circulação como praças e parques.

O objetivo é orientar as pessoas a usarem a proteção facial e a manterem distanciamento interpessoal.

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Quem fiscaliza o cumprimento da lei em Santa Maria?

A princípio, quem fiscaliza o cumprimento da Lei da Máscara em Santa Maria é a força-tarefa da Fiscalização Municipal Integrada.

Essa força-tarefa envolve órgãos da prefeitura, como a Guarda Municipal e o Departamento Municipal de Trânsito, e órgãos estaduais, como Brigada Militar e Polícia Civil.

“Além das ações de orientação da Patrulha da Máscara, o controle em relação ao uso de máscaras é realizado por toda a equipe da força-tarefa, regida pela Fiscalização Municipal Integrada, diariamente, nos três turnos.

Apesar da fiscalização e, igualmente, do trabalho da Patrulha da Máscara, ainda assim é possível ver pessoas sem a proteção.

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586 abordagens para orientar e distribuir máscaras

O governo municipal explica que todos os agentes da força-tarefa, assim como a Patrulha da Máscara, dispõem de máscaras para distribuir às pessoas nas ruas e nas praças e parques.

Abordagens ocorrem também em praças e parques para conscientizar frequentadores e distribuir o item para quem não tem/Foto: João Alves, SC,PMSM

Além disso, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social desenvolve, simultaneamente, ações sociais para a entrega de máscaras juntamente com cestas básicas alimentos.

De acordo com a prefeitura, a distribuição sempre ocorre quando há disponibilidade de itens confeccionados com as devidas normas técnicas.

No período entre 1º de outubro e 20 de abril, o balanço da prefeitura aponta que a fiscalização fez 586 orientações.

Nesse mesmo período, os agentes municipais e dos demais órgãos de fiscalização distribuíram mais de 2,5 mil máscaras.

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O QUE DIZEM VEREADORES QUE VOTARAM PROJETO

“Votei a favor e continuo a favor”, diz Admar Pozzobom

Para o vereador Admar Pozzobom (PSDB), que votou a favor da lei, não é a multa que está em primeiro lugar, mas sim a conscientização. Ele continua favorável à Lei da Máscara.

O vereador tucano lamenta, no entanto, que, enquanto uma parcela cumpre a lei, outra não colabora.

“É uma pena que depois de um ano de pandemia, algumas pessoas não tenham consciência de que, até o momento, só temos a vacina, que ainda não chegou a todos, o distanciamento social e o uso da máscara como combate ao coronavírus”, diz Admar.

“É inócuo, não vai dar certo”, reafirma Coronel Vargas

Em contraponto, o atual presidente da Câmara, João Ricardo Vargas (Progressistas), Coronel Vargas, continua contra. Em 2020, seu voto foi contrário.

Citando sua experiência na Brigada Militar, Vargas questiona, sobretudo, a parte da fiscalização, ponto que foi levantado na época.

“Afinal, quem iria abordar o cidadão na rua? Como obriga-lo a colocar a máscara? Seria feito uso da força? Então, eu disse que não iria dar certo porque não tem como sair abordando as pessoas na rua. Isso é inócuo, não vai dar certo”, argumenta Vargas.

Em outras palavras, o vereador sugere que, ao invés da imposição, as pessoas sejam conscientizadas de outras formas para usar a máscara como forma de prevenção.

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Novo ministro da Saúde reforça orientação para usar item

Apesar de o governo federal nunca ter incentivado, de fato, o uso da máscara como uma das armas disponíveis contra a Covid-19, houve uma mudança de postura recente no Ministério da Saúde.

Novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é defensor do uso da máscara como uma das formas de conter a pandemia do coronavírus/Foto: Marcello Casal Jr, Agência Braisl

O novo ministro, o médico Marcelo Queiroga, que substituiu o general Eduardo Pazuello no comando da pasta, passou a defender o uso da máscara como uma das formas de conter a pandemia.

Em 29 de março, por exemplo, Queiroga defendeu tanto o uso de máscara como o distanciamento social por todos os brasileiros.

Essas medidas estão entre aquelas defendidas por cientistas e infectologistas desde o início da pandemia.

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Se todos usassem máscara…

Em audiência pública com senadores, o atual ministro da Saúde chegou a exagerar ao comparar máscara e vacina.

“Se todos os brasileiros usassem máscaras, teríamos efeito quase igual ao da vacinação. Então, usar máscara é uma obrigação de todos os brasileiros, [assim como] evitar aglomerações fúteis”, disse o ministro.

Médicos, cientistas, especialistas e organizações como universidades e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) ressaltam que a máscara ajuda a proteger, mas não tem, nem de longe, a eficácia da vacina.

Como medida paliativa, a máscara ajuda, e muito, a conter a propagação do coronavírus e até de outros vírus.

No entanto, a vacina é mais preventiva porque ela cria anticorpos que combatem o vírus caso a pessoa se infectem.

QUER SABER PARA MAIS SOBRE A LEI DA MÁSCARA EM SANTA MARIA

Então, é só acessar aqui a íntegra da lei municipal 6485/2020, elaborada pela prefeitura de Santa Maria e aprovada pela Câmara de Vereadores.

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