Tudo bem, fui eu quem levantou a lebre, tenho que explicar. Mas não é fácil. Independentemente de outras coisas que expus, este conceito fica muito difícil de falar sem a utilização de imagens.
Só que imagens sem palavras são completamente obtusas, então as palavras são necessárias. O ideal seria usar apenas palavras, e vou tentar seguir por este caminho. Talvez, quem sabe, eu também possa usar das próprias palavras para demonstrar o princípio de hierarquia. Não sei, vou tentar.
Mas vamos lá. As menores coisas que conseguimos interpretar do Universo são as chamadas partículas. Na maior parte das vezes elas nem estão ali, ou melhor estavam. E a gente só consegue perceber que elas estavam quando já não estão mais. Para quem pensa em termos de Informação isso é cruel.
Exemplo: pergunto para um Físico se o que existia deixou de existir e existiu por apenas um bilionésimo de segundo e a única prova que tenho é o resultado das suas observações? E ele me responde: É!
E a resposta dele é absolutamente correta.
KYDO: Informação, vida e buracos negros
Na cabeça do cientista
E naquele bilionésimo de segundo um único bit de um pentelhésimo de bosta passou de um simples experimento para um milhão de neurônios na cabeça do cientista que me disse: “É”. E ele usou mais alguns milhões para construir o “É” que eu ouvi. E então me diga, esse era ou não era um bit importante? Essa era ou não era uma grande bosta?
Bem, tudo é uma questão de hierarquia. Um único bit de informação pode se duplicar em milhares de bits em um único instante. Tudo nada mais é do que uma correlação com o meio. Não necessariamente todos eles continham mensagens, mas existiam.
KYDO: A informação deformada
O universo das partículas
O ato de existir em si já conduz uma informação intrínseca. O não existir, por simetria, não possui informação alguma. Quer seja um átomo (que tem muita), um elétron (que só tem um bit), um fóton etc.
Cada partícula, seja ela qual for, já traz em si a informação que lhe define. 1 bit ao menos, e somente 1bit, porque são básicas. Se o bit fosse 0 jamais existiriam e nem nós estaríamos aqui.
A esses bits denominei-os Bits Fundamentais. Fundamentais porque sempre se comportarão como bits de nível 0, em qualquer situação. Ok, ok, ok, o que vem a ser esse tal de nível 0? Simples, para podermos mensurar as mensagens em si, que é o objetivo da Teoria da Informação, foi criado o conceito de bit como unidade básica da informação.
KYDO: A estrutura informacional
O código dos telegrafistas
Agora note bem, se retrocedermos ao primeiro dos códigos eletrônicos de comunicação, o Código Morse, veremos que para cada ponto e traço emanados um vasto contingente de elétrons era movimentado. Cada um desses elétrons possuía também a sua informação em si. Porém, para o Código Morse os bits de nível 0 eram os pontos, os traços e os espaços.
Esse código era baseado na temporalidade de emissão (curta e longa) e na não emissão (espaço). Sua regra principal era a de que cada emissão fosse seguida de uma não emissão e assim por diante.
KYDO: As Fronteiras Informacionais
Mensagens cada vez maiores
A partir dessa emissão de mensagem de nível 0, por aplicação dos princípios de hierarquia vou chegar a mensagens cada vez maiores em níveis cada vez maiores, 1, 2, 3, 4, niveis. E por que fazemos isso?
Porque para facilitar o nosso entendimento e para facilitar o nosso estudo nós descartamos os níveis anteriores e passamos considerar apenas os níveis do zero em diante.
Porém os bits fundamentais são essencialmente bits de nível 0 para todo e qualquer bit, inclusive para si próprios. É o ponto mais zero de toda a escala. E em termos de informação, não existe informação negativa.
Não há informação abaixo de zero. Porque antes disso, o próprio zero é a ausência de informação.
KIDO: O significado da insignificância (Parte II)
…E a hierarquia emerge
Se aceitarmos como válido o que postulamos acima, quando falamos de bits que conduzem mensagens a noção de hierarquia emerge. Para isso basta pensar em uma sequência de fótons, e essa sequência apresenta variações padronizadas em frequência, e sobre esses padrões de frequência eu posso descobrir a existência de outros bits além dos bits intrínsecos a cada fóton
A esses bits extrínsecos aos bits intrínsecos eu posso atribuir uma condição hierárquica superior. Eles não emergem a partir do seu suporte físico, mas a partir do comportamento de uma sequência de suportes físicos ao longo do tempo, e esta sequência evidencia um padrão.
KYDO: O significado da insignificância (Parte I)
A multiplicação hierárquica dos bits
A esse padrão eu atribuo uma hierarquia superior. E a um conjunto de padrões semelhantes posso atribuir uma hierarquia mais superior ainda, de tal forma que bits se sobrepõe a bits e estes a outros. A esse fenômeno podemos chamar de multiplicação hierárquica dos bits.
O fato, ou a evidência fundamental quando tratamos de mensagens, é que elas sempre estão apoiadas em um suporte físico. E sempre, nesse caso, é sempre mesmo. Não é possível encontrar no universo nenhuma mensagem sem que esta mensagem esteja apoiada em algo.
KYDO – Crônica: O Universo é vivo – Cosmologia da Informação
Papel, caneta, tinta “.” poema
Exemplo: vamos falar de poesia?
Não precisa querer. Quem vai falar sou eu. Como poeta entendo do assunto e sei muito bem o que é um papel, uma caneta e a tinta que fixa no papel aquelas maluquices que me passam na cabeça (porque toda a poesia é louca), mas agora eu os convido a uma aventura lúdica absolutamente incompreensível, a de identificar todos os bits existentes no meu poema intitulado: “A Desconstrução do Ponto Final”. Para quem não conhece, é o seguinte:
– “.”
É isso: é só um ponto.
Paralelo 29 resgata Kydo, poeta e escritor, que andava sumido
Um ponto e somente um ponto
Como é um ponto e somente um ponto, sua mensagem básica é de apenas 1 bit. É verdade, essa é a mensagem do último nível hierárquico de “A Desconstrução do Ponto Final”.
Mas esse único ponto foi escrito em uma superfície de papel que tinha uma enormidade de moléculas, cada qual com o seu conjunto de bits, que constituíam a estrutura informacional identificada como papel.
Vamos dizer que esse conjunto de bits era o npapel, em um nível hierárquico inferior. Para danificar e modificar este conjunto de bits que fazem o npapel eu utilizei uma caneta, com tinta, e depositei sobre ele uma tinta, que após ser depositada apresentou um conjunto de bits que fazem o ntinta. O confronto entre o npapel e o ntinta produziu o ponto.
LUDWIG LARRÉ: Deus cosmomórfico
Assim, ntinta e npapel são hierarquicamente inferiores ao bit representativo do ponto. Mas esses elementos em si já constituem milhões de bits, e se formos reduzindo cada vez mais a escala, indo cada vez mais ao menor, os bits vão se multiplicando, mas todos eles hierarquicamente inferiores.
Apenas a superfície
Espero ter simplificado ao máximo o exemplo, afinal não inclui no mesmo o nneurônios, nem o nsinapses envolvidos na decisão que me levou a colocar o ponto sobre o papel e nem o que me levou a desconstruí-lo.
Mas espero ter demonstrado que a contagem de bits envolve quantidades absurdas. A hierarquização nos facilita o trabalho com as mensagens, mas não podemos nos esquecer, pela própria hierarquia, que a mensagem pura e simples, é apenas a superfície de um processo muito maior e mais profundo.
LUDWIG LARRÉ: O homo algoritmo
Ordem e desequilíbrio
Se eu quisesse, agora já seria possível tentar responder a primeira pergunta que me conduziu a toda esta aventura de tentar entender o universo, de quanta informação existia no momento zero do big bang. Mas ainda não, essa aventura do ato de pensar ainda me conduz a outros lugares.
A Hierarquia me faz pensar em condições de ordem e desequilíbrio. Vou demonstrar a seguir como isso é fundamental.
Novamente vou entrar em terreno movediço. Mas é o que temos para o próximo artigo: A desordem equilibrada