BELINDA PEREIRA – PSICÓLOGA
Finalmente o grande dia chega. Vocês irão se olhar e se tocar pela primeira vez. Quanta expectativa! Como será seu cabelo, seus olhos….E o tempo vai passando e vocês, a cada dia que passa, vão construindo e estreitando o laço que os unirá em vida e, quem sabe, para além dela.
E assim o amor vai brotando e crescendo à medida que está sendo cultivado. Da mesma forma, os nossos planos e sonhos para eles vão surgindo. Acreditamos que sabemos o que é melhor para nossos filhos e que podemos protegê-los das dores e perigos da vida.
Não contamos com a possibilidade de nossos planos não saírem do jeito que planejamos e que tenhamos que desistir de nossas ideias e de nossos filhos também. Sim, deixá-los ir e seguir na vida que escolherem. Nós, separados deles e eles, separados de nós.
BELINDA PEREIRA: Negar para não sofrer
Seguimos cada um por caminhos diferentes. Não há dúvida de que sofreremos. A separação mostra que já não somos mais necessários. Perdemos o nosso poder e importância enquanto pais. Você não estará lá mais para dizer: “não esquece do guarda-chuva, ouvi dizer que vai chover”; “pega o casaco por que vai fazer frio”; “já se alimentou hoje?”.
Também não estará lá para dar conselhos: “não faça desse jeito”; “deixa que eu faço”; “eu cuido de tudo”; “eu resolvo pra ti”… E você, muitas vezes, perderá o sono por saber que estão decidindo tudo sozinhos, fazendo escolhas certas ou erradas, ao mesmo tempo em que estarão expostos aos perigos da vida e você não tem mais o poder ou controle sobre isso.
Quantas vezes você acreditou e, bem lá no fundo, talvez ainda acredite, que estar por perto poderá protegê-los de qualquer má escolha ou maleficio que a vida o convocar.
BELINDA: Feminicídio e a falácia da defesa da honra
Doce ilusão. O amor de você não irá impedi-los das desilusões amorosas, da perda do emprego, da dor, da nota baixa, da doença, da perda do pai ou da mãe, entre outros infortúnios. E não há negociação e nada que impeça o desenrolar da história. É você diante da sua impotência.
Contudo, os pais não se dão por vencidos e alimentarão sempre a ilusão de que sempre poderão proteger seus filhos. A dificuldade está em não conseguir ver que eles cresceram e são independentes e que, de agora em diante, eles é que são responsáveis por suas escolhas e você não será consultado.
BELINDA PEREIRA: Aos invejosos e invejosas, palavras para refletir
A questão é: que tipo de mãe ou pai você deseja ser? Aquele que abrirá a porta da casa e libertará seus filhos para que possam construir sua própria história; ou aquele que manterá a porta fechada? Abrir a porta e deixar ir é um ato de amor. Pense nisso.