Que a Sérvia é a primeira adversária do Brasil na Copa, isso todos já sabem. Para ONU, Fifa e COI a Sérvia é a herdeira direta das participações da antiga Iugoslávia (fragmentada em 1992) em Copas e Olimpíadas.
A Organização das Nações Unidas considera que toda vez que um país se divide, aplica-se um princípio do direito internacional chamado sucessão de Estados.
Assim, as federações esportivas transferem o histórico competitivo para o país herdeiro. Ou seja, será a sexta vez em que brasileiros e sérvios (ou iugoslavos) jogarão uma partida de Copa do Mundo.
As ocasiões anteriores foram em 1930, 1950, 1954, 1974 (todas como Iugoslávia, que utilizava uma camisa azul escura) e 2018 (já como Sérvia, que utiliza um uniforme vermelho). Foram duas vitórias brasileiras, dois empates e uma única derrota.
Agora, no Catar, a Sérvia tem a oportunidade de igualar as estatísticas do confronto e crê no futebol de um jovem de 22 anos, o atacante Dušan Vlahović, da Juventus (Itália), maior destaque do time e que não estava no elenco que enfrentou o Brasil na Copa do Mundo da Rússia, há quatro anos.
Por sua vez, o técnico Tite pode colocar em campo novamente cinco jogadores que participaram daquela vitória brasileira por 2 a 0 em Moscou: Alisson, Thiago Silva, Casemiro, Gabriel Jesus e Neymar.
Em 1950, no Maracanã, o Brasil também venceu por 2 a 0, diante de mais de 142 mil torcedores. Quatro anos depois empatou em 1 a 1 na Copa da Suíça, e em 0 a 0 na abertura do Mundial da Alemanha (1974), no gramado encharcado de Frankfurt (Alemanha).
A única derrota da seleção canarinho para os balcânicos ocorreu na primeira partida do Brasil na história das Copas: Iugoslávia 2 a 1, em Montevidéu (Uruguai). Os brasileiros, naquela época, foram representados apenas por jogadores de times do Rio de Janeiro, já que os paulistas não liberaram seus craques para a CBD.
“O seu keeper [goleiro] Mihajlovic foi uma barreira tremenda para os nossos forwards [atacantes]. Em verdade, o keeper de Belgrado venceu quase que sozinho o onze [a equipe] do Brasil”, escreveu naquela oportunidade o Diário da Noite.
Curiosamente, no regresso dos iugoslavos à Europa, o navio atracou no Rio de Janeiro e houve um novo jogo entre as duas seleções. Os brasileiros, ainda sem os paulistas, golearam, na “revanche”, por 4 a 1 nas Laranjeiras. É também a antiga Iugoslávia que marcou mais gols em uma partida contra a seleção brasileira na história nas Copas, superando, inclusive, o 7 a 1 da Alemanha no estádio do Mineirão.
Após ser eliminado da Copa do Mundo da Itália (1934), o Brasil decidiu fazer alguns amistosos pelo Velho Continente. Melhor que não o fizesse. No dia 3 de junho, em Belgrado, os iugoslavos deram de 8 a 4 no escrete. O goleiro Roberto Gomes Pedrosa (futuro dirigente e nome de torneio nos anos 1960) levou todos os oito gols.
Naquela tarde devidamente esquecida, o Brasil jogou com: Pedrosa; Luiz Luz e Sylvio Hoffmann; Ariel, Martim e Canalli; Leônidas da Silva, Luizinho, Armandinho (Carvalho Leite), Patesko e Waldemar de Britto.
“Apesar de o selecionado brasileiro não representar, nem de longe, a nossa força máxima, esperava-se que os nossos patrícios fizessem uma boa exibição, o que infelizmente não aconteceu”, sintetizou o jornal O Globo um dia após a partida.
(Com informações da Agência Brasil)