O delegado Gabriel Gonzales Zanella, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Santa Maria, disse que a investigação da morte do jovem Eric de Almeida Pereira, de 22 anos, com um tiro de fuzil na cabeça, no final do ano passado, será investigada de forma “técnica e isenta”. O autor do disparo foi um policial militar em serviço, que alega legítima defesa.
“Nós estamos com o inquérito com diversas provas angariadas. Estamos trabalhando em sigilo para o êxito das investigações. Todas, absolutamente todas as circunstâncias do caso, serão analisadas, investigadas e confrontadas, e eventuais perícias que possam ser realizadas, serão realizadas”, garantiu Zanella em entrevista exclusiva ao Paralelo 29.
Entre as provas que a Polícia Civil pretende anexar no inquérito está uma perícia no braço do policial militar, que alega ter sido ferido com dois golpes de facão, conforme registrou a Brigada Militar.
“A perícia oficial do Estado, via IGP (Instituto Geral de Perícias) vai ter que apontar o tipo de instrumento que causou os ferimentos (no braço do PM), se é compatível com facão ou não”, diz Zanella.
A Polícia Civil também vai pedir à Brigada Militar os laudos de perícia nas armas dos policiais militares que participaram da abordagem que resultou na morte de Eric.
Eric foi morto com um tiro de fuzil na cabeça na noite de 26 de dezembro durante uma abordagem policial da Brigada Militar no Bairro Nova Santa Marta, zona Oeste de Santa Maria.
Conforme a versão da Brigada Militar, ele resistiu a uma abordagem e feriu um dos brigadianos com dois golpes de facão. O caso teria ocorrido na Rua São Mateus, próximo de uma área verde, em frente a uma casa onde funcionaria um ponto de venda de drogas,
O PM conta que avistou o jovem com um facão em frente à casa e o abordou. Eric teria reagido com os dois golpes de facão e entrado na suposta boca de fumo, onde teria pegado uma pistola e apontado para o policial. Nesse momento, segundo a versão oficial da Brigada Militar, o brigadiano atirou em Eric.
.Os próprios policiais que participavam do patrulhamento chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para atender o jovem. Como o socorro demorou, os brigadianos levaram Eric ao Pronto Atendimento Municipal, no Bairro Patronato, onde ele chegou morto.
A Brigada Militar informou, na ocasião, que apreendeu R$ 1.567 que estavam no bolso da calça da vítima, na presença de uma funcionária do PA. Já na casa onde funcionaria a boca de fumo, a Brigada Militar relatou a apreensão de 593 gramas de maconha e 12,59 gramas de cocaína, além da pistola Taurus com a qual Eric teria ameaçado o PM, e um cartucho.
As armas dos policiais que participavam do patrulhamento foram recolhidas pela Brigada Militar, que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar as circunstâncias do homicídio.
Em princípio, como relatou a ocorrência da Brigada Militar, o PM teria agido em legítima defesa ao reagir às agressões e por se sentir ameaçado com uma pistola.
A legítima defesa é a tese inicial da Delegacia de Homicídios. A morte de Eric teve bastante repercussão nas redes sociais e levou à reação de familiares do jovem, que contrataram advogados para acompanhamento das investigações.
“Vamos, de maneira técnica imparcial, nos dedicar muito a esta investigação. A gente não pode entrar em detalhes justamente para não armar os investigados, se não eles correm na nossa frente”, disse Zanella.