Paralelo 29

Caso Bernardo: Vizinha chora ao depor sobre a vítima: “era um pedacinho meu”

Foto: Márcio Daudt, DICOM/TJRS

Família da testemunha acolheu menino em diversas situações

Juçara Petry e o marido, Carlos, recebiam com frequência a visita de Bernardo na casa deles. Tia Ju, como era chamada pelo menino, chorou ao lembrar dos momentos juntos.

Ela também foi ouvida como testemunha no julgamento do médico Leandro Boldrini, 47 anos, acusado pela morte do filho. Para Juçara, Bernardo tinha uma carência afetiva muito grande.

“A gente não sabia o que fazer para ajudar. Ele não abria a dificuldade dentro de casa. Muitas vezes a gente tentava questionar e ele desviava o assunto”, disse a testemunha.

Sobre o relacionamento em casa, Bernardo não falava do pai, mas deixava claro que ele e Graciele, a madrasta, não se gostavam. “Ele amava muito o pai e a irmã”. Já a madrasta chegou a dizer à Juçara que o enteado era “um estorvo”.

Mãe de dois filhos já adultos, Juçara passou a considerar Bernardo uma espécie de terceiro filho afetivo. O descreveu como um menino amoroso, que gostava de colo e que era muito carinhoso. O casal o ajudava nos trabalhos de aula, cuidava da sua apresentação e higiene pessoal.

Testemunha comprou carne e bolo para Bernardo

Certa vez, Bernardo contou que não iria fazer a Primeira Comunhão porque não tinha roupa adequada e porque Leandro e Graciele iriam viajar, e ele não iria sozinho. Juçara o levou para comprar a roupa e foi ela quem entregou a vela ao menino. “Compramos a carne para o almoço e um bolo para celebrar”.

Durante todo o dia, Bernardo tentou ligar para o pai para contar o que aconteceu. “Ele ficou até finalzinho da tarde conosco, e conseguiu falar com o pai. O Boldrini foi buscar ele, mas já estava noite”. Páscoa, aniversário e Dia dos Pais foram algumas das datas que Bernardo passou ao lado dos Petry.

A vizinha contou que foram “inúmeras as vezes” em que ela e o esposo levavam Bernardo para casa, mas que tinham que retornar com o menino, pois ninguém atendia.

“Ele (Leandro) devia estar trabalhando, mas ela (Graciele), tu via que tinha alguém em casa, só que não abria a porta para o guri”, disse.

Juçara chorou muito ao relembrar da última vez em que encontrou com Bernardo, o júri precisou ser pausado. “Era um pedacinho meu”, afirmou emocionada.

O encontro aconteceu numa quarta-feira, 2 de abril de 2014, antes do desaparecimento do garoto. Bernardo foi até o trabalho de Juçara, comentou que não tinha almoçado e ela deu dinheiro a ele para comprar um lanche. O garoto ainda retornou para devolver o troco. Depois disso, não se viram mais.

(Com informações de Janine Souza – TJRS)

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn