Peleias é mais uma obra do escritor e cronista do Paralelo 29
O escritor Athos Ronaldo Miralha da Cunha, cronista do Paralelo 29, lança, nesta quinta-feira (4), mais um livro de sua autoria.
Peleias é um livro de contos que causos ambientados no Rio Grande do Sul. A sessão de lançamento e de autógrafos está marcada para as 16h, na Praça Saldanha Marinho, onde ocorre a 50ª Feira do Livro de Santa Maria.
A obra pode ser adquirida na hora do lançamento e no site da Martins Livreiro Editora: www.martinslivreiroeditora.com.br.
Além de escritor e cronista do Paralelo 29, Athos é fotógrafo, compositor de letras nativistas e de MPB e viajante/caminhante.
Abaixo, você confere uma apresentação feita por Debora Mutter, mestre em Literatura Comparada e doutora em Literatura Brasileira e Sul-Africana pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
SOBRE PELEIAS
Athos Ronaldo Miralha da Cunha, no ano em que celebra dez anos de carreira literária, presenteia seus leitores com este Peleias, livro de contos que reúne narrativas ambientadas no Rio Grande do Sul, tendo como fio condutor conflitos de variadas índoles.
Desde a sua estreia na literatura com Os agachados – crônicas da Era Lula (2012), Athos caracteriza-se pela ênfase em narrativas curtas. De seus sete livros publicados, apenas O código Locatelli (2018) enquadra-se no gênero romance.
Dos dezoito contos que compõem Peleias, oito são premiados, confirmando o reconhecimento do autor, não apenas como excelente narrador, mas como escritor maduro que se debruça com acuidade sobre pequenos e grandes dramas da alma humana.
Peleia, termo de uso mais regional e corruptela de peleja, pode ter como sinônimos desacerto, contenda, luta, combate, discórdia, acerto de contas; sendo esses os motivos dos contos deste que é o oitavo livro de Athos.
Ancorados em questões concretas do cotidiano, da vida familiar, social e política; em dilemas íntimos ou coletivos, os contos de Peleias abrigam subtextos que manejam temas profundos com soluções muitas vezes surpreendentes. É o que vemos em Bomba de alpaca e O trágico e a farsa.
Temas sensíveis e complexos ganham uma inusitada leveza como vemos em A Trégua, no qual mulheres protagonizam solução para velhos conflitos do universo masculino.
O diálogo com períodos tumultuados da nossa história política também comparece em O busto de bronze de Getúlio, Sem sangue – o degolador e A cova de Getúlio.
Mas não apenas, porque o humor brota em contos como O voo do maragato e O enterro das avós gêmeas. Destaque também para Peleias, conto que dá título ao livro, pelo desfecho e plasticidade da cena final. Aliás, plasticidade que está presente em todo o livro, fazendo com que o leitor “veja” as cenas.
Assim, o leitor experimenta emoções diversas, indo da nostalgia ao drama social em Velho taura e O outono de Pedro – contos que funcionam também como denúncia social, passando pelo exílio urbano, pelo êxodo rural; pelos desvalidos das metrópoles condenados à dupla “perda de horizontes”.
E tudo isso chega ao leitor numa linguagem bem dosada e, não raro, poética, que vai com fluência do exímio contador de “causos” ao escritor maduro, impedindo o leitor de abandonar o livro antes do final.
Sem nunca se afastar de suas raízes, os narradores das diferentes histórias de Peleias assumem a perspectiva do autor, um gaúcho que contempla o mundo e a humanidade a partir de sua aldeia, com ternura, solidariedade e, às vezes, uma subliminar ironia. Peleias é um brinde tanto para o leitor quanto para celebrar os dez anos de carreira do escritor.
Debora Mutter – Mestre em Literatura Comparada e doutora em Literatura Brasileira e Sul-Africana pelo Programa de Pós-Graduação da UFRGS