Paralelo 29

Busto do poeta Felippe D´Oliveira esculpido por escultor modernista desaparece de praça de Santa Maria

Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

Monumento a escritor santa-mariense foi inaugurado em 1935

A Prefeitura de Santa Maria está investigando o desaparecimento do busto do poeta Felippe D´Oliveira, instalado na Praça Saldanha Marinho, no Centro da cidade, onde está ocorrendo a Feira do Livro.

De acordo com nota da Prefeitura, a Secretaria Municipal de Cultura “foi notificada de que o busto do escritor Felippe D´Oliveira foi retirado do local onde estava, a Praça Saldanha Marinho”.

“Os órgãos competentes já foram informados e já atuam nas investigações e ações cabíveis em relação à retirada indevida do monumento”, diz nota divulgada pela Prefeitura.

Tanto a Guarda Municipal quanto o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) já atuam para ajudar a esclarecer o caso.

Escultura foi esculpida por expoente do modernismo

A estrutura do busto estava chumbada na base de pedra desde a sua colocação na praça e permanecia intacta até então. O momumento foi esculpido por Victor Brecheret, escultor modernista ítalo-brasileiro que integrou a vanguarda artística brasileira durante a primeira metade do século XX.

O monumento foi inaugurado em 16 de julho de 1935. O busto foi instalado de costas para o prédio do antigo Fórum da cidade (atual Casa de Cultura), onde o pai de Felippe D´Oliveira foi assassinado.

A obra foi uma doação da Sociedade Felippe D´Oliveira, do Rio de Janeiro, e inaugurada em 1935 pelo então prefeito de Santa Maria João Antonio Edler.

O primeiro poeta de Santa Maria

Felippe D´Oliveira nasceu em Santa Maria em 23 de agosto de 1890, no século retrasado, e teve uma vida marcada por tragédias. O poeta não chegou a conhecer o pai, Filipe Alves de Oliveira, um ex-juiz municipal que fora assassinado em conflitos políticos na cidade pouco antes do filho nascer.

Apesar da sua curta trajetória na literatura, Felippe D´Oliveira escreveu em vários periódicos gaúchos e brasileiros. Ele é considerado o primeiro poeta de Santa Maria, pelo menos nos tempos modernos.

Em 1911, o poeta publicou “Vida Extinta”, seu primeiro livro de poemas. Já o segundo livro, “Lanterna Verde”, seria lançado em 1927 e estabeleceria laços simbólicos com sua terra natal. A obra tem traços do modernismo de 1922.

Busto já apresentava sinais de abandono/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

Em 1990, um exemplar da edição 08 do Lanterna Verde, Boletim da Sociedade Felipe D’Oliveira – RJ foi doado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) pela professora Sonia Brayner, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJJ.

A entrega simbólica foi feita por pelos professores Robson P. Gonçalves, Elemar A. Steffen e Lígia M. da Costa, do Centro de Artes e Letras (CAL) a Tabajara Gaúcho da Costa, Reitor da UFSM

CRÔNICA: Lima Barreto e a Semana da Arte Moderna

Poeta e ativista político morreu no exílio

Mas não foi só na literatura que o poeta santa-mariense se destacou. Além de participar de movimentos literários da época, como o neossimbolismo, Felippe também militou na política. Em 1932, por exemplo, apoiou a Revolução Constitucionalista.

Perseguido politicamente por ter apoiado o movimento constitucionalista, sofreu retaliações policiais e acabou exilado na França, onde encerraria sua curta e agitada existência. O escritor e poeta santa-mariense morreu prematuramente, aos 43 anos, em um acidente automobilístico, nas cercanias de Paris.

Além de participar de movimentos literários, como o neo-simbolismo, Felippe militou na política, apoiando, em 1932, a Revolução Constitucionalista, o que lhe valeu perseguições policiais e seu exílio na França.

CRÔNICA: E o Bento navegou

Homenagens em sua terra natal

Em Santa Maria, além do concurso literário que leva seu nome, há outras homenagens para o poeta. Felippe D´Oliveira é nome de uma rua no Bairro Nossa Senhora Medianeira, na região Centro-Urbano na cidade. Entre outras homenagens de sua cidade natal, o poeta dá nome à biblioteca do Instituto Estadual de Educação Olavo Billac e ao Centro Cívico da Escola Estadual Margarida Lopes.

Charges e cartuns do Jô

Fora de Santa Maria, Felippe de Oliveira deu nome a três ruas: em Porto Alegre, no Bairro Petrópolis; no Rio de Janeiro, em Copacabana; e em São Paulo. Conforme o Paralelo 29 apurou, a rua paulista com o nome do poeta não existe mais.

Sumiço de monumento é um alerta à cidade

O sumiço do busto do poeta é mais um alerta à Prefeitura de Santa Maria e às entidades culturais de Santa Maria. O Paralelo 29 já publicou o sumiço de placas de vários monumentos, vandalismo e até mesmo o sumiço de alguns deles. Materiais como bronze são furtados e vendidos.

Segundo a Prefeitura de Santa Maria, a Praça Saldanha Marinho abriga bustos de pessoas que fazem parte da história e da memória da cidade. São obras de arte do município. Entre elas, constava o busto do escritor Felippe D’Oliveira.

(Com informações da Prefeitura de Santa Maria)

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn