Paralelo 29

Formalizado repasse de R$ 4 milhões para construção do Memorial às Vítimas da Kiss

Foto: Ariéli Ziegler, SEC, PMSM

Dinheiro é do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, gerido pelo MPRS

O Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL) formalizou, na manhã desta sexta-feira (12), o repasse de R$ 4 milhões para a construção do Memorial às Vítimas Kiss, em Santa Maria.

Os recursos serão repassados por meio de um convênio com a Prefeitura de Santa Maria e com a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVSM). A solenidade ocorreu na Praça Saldanha Marinho, no Centro de Santa Maria.

“A construção do memorial tem um significado especial, é a transformação de sentimentos como a dor e sofrimento em paz, harmonia e amor. Simbolizando a memória de cada um desses jovens, trará um olhar diferente, não só aqui para Santa Maria, mas para o Brasil e para o mundo”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Marcelo Dornelles, que esteve na cidade para a assinatura.

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“O memorial representa a história”, diz presidente da AVTSM

O presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi Barros, ressaltou o significado do memorial, não somente para os familiares das vítimas e sobreviventes, mas também para a sociedade.

“O memorial representa a história, principalmente as que serão escritas a partir da sua construção. Nossa campanha esse ano é: resgatar as memórias e construir um futuro. Tenho certeza da potência e do poder de transformar o futuro da nossa cidade, dos nossos jovens e da população”, disse Rovadoschi, que é um dos sobreviventes do incêndio de 27 de janeiro de 2013, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.

Presidente do Conselho Gestor do FRBL, o promotor de Justiça Daniel Martini ressaltou que “a assinatura do termo para a construção do Memorial às Vítimas da Kiss é um momento histórico para o Fundo, para o próprio Ministério Público e para a sociedade pela importância do projeto que tem o intuito, como foi dito aqui hoje, de transformar a dor em amor”.

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Como será o memorial

Maquete do Memorial às Vítimas da Kiss/Divulgação

Contemplado em edital do FRBL, o projeto Memorial às Vítimas da Kiss prevê a construção de um prédio com área de 383,65 m² no local em que funcionava a boate, imóvel desapropriado pelo Município, na Rua dos Andradas, no Centro de Santa Maria.

A execução do projeto visa ressignificar a área, transformando a memória negativa que existe no local em uma oportunidade de reflexão e tornando o espaço um lugar de respeito ao passado, de conforto ao presente e de esperança para o futuro. Propõe ainda transformar a perspectiva existente ligada ao trauma em um espaço de educação, troca e livre interação.

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O memorial se insere no conceito de patrimônio adotado pela Unesco a partir de lugares de grande sofrimento, os “patrimônios difíceis”, entendidos por historiadores como espaços que remetem a locais ligados ao sofrimento e à morte.

Estes lugares de memória traumática são conhecidos como “sítios de consciência” e envolvem uma nova concepção de patrimônio cultural com base na perspectiva da defesa dos direitos humanos.

Escolhido entre 121 projetos em concurso nacional, o projeto do arquiteto Filipe Zeni funde os conceitos de edifício, memorial e praça em uma intervenção integrada.

Contempla três salas principais: uma sala de exposição multiuso de caráter cultural abrigará o acervo em formato de exposição permanente multimídia; uma sala única que abrigará a sede da AVTSM, assim como demais áreas de reunião e atividades coletivas; e um auditório com capacidade para 150 pessoas.

No centro do Memorial, está previsto um jardim circular de flores perenes com 242 pilares a sua volta, cada um representando uma vítima da tragédia.

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Homenagem a vítimas e sobreviventes

O incêndio na boate Kiss, na madrugada de 27 de janeiro de 2013, é considerado a maior tragédia do Rio Grande do Sul e uma das maiores do Brasil.

A tragédia ocorreu durante uma festa universitária da qual participavam estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), entre outros jovens.

Durante o show da banda Gurizada Fandangueira, foi acionado um artefato pirotécnico que incendiou a espuma que revestia o teto da casa noturna para evitar a propagação de som para os vizinhos.

Na tragédia, 242 jovens morreram devido à fumaça tóxica e a queimaduras. O processo criminal principal aguarda uma decisão sobre o júri que condenou os quatro acusados. O Tribunal de Justiça do RS (TJRS) anulou o júri, e o caso aguarda recurso no Superior Tribunal de Justiça.

(Com informações do MPRS)

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