ROBSON ZINN – ADVOGADO COM ESPECIALIZAÇÃO E MESTRADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
Semana passada nos deparamos com bilionários que pagaram cada um 1 milhão de reais para descerem ao fundo do mar em missão exploratória turística aos destroços do Titanic.
Pois bem, não faço juízo de valor das decisões destes, pois o fazem com seus recursos próprios, recursos estes que não serviram para salvar a própria vida.
Mas, o que chamou a atenção, foi o aparato de busca com o objetivo de resgatar a estes, já que se tratavam de pessoas economicamente influentes. Bem como a cobertura mundial do fato.
O submarino implodiu e todos os cinco morreram. Dito isto, pergunta-se: qual o aparato que se tem para o resgate das pessoas que por meio do mar mediterrâneo tentam acessar a Europa?
Em 14 de junho de 2023, começou a se desenrolar um dos naufrágios mais mortais da história recente do Mediterrâneo: um barco superlotado com estimados 700 migrantes – a maioria do Paquistão, Síria e Egito, e incluindo estimadas 100 crianças, afundou perto da costa grega, sem que houvesse interferência da Guarda Costeira do país.
Ou seja, não houve ação imediata para salvamento destas centenas de pessoas. Com base nestas duas informações onde está a preocupação da mídia? Onde foi colocado milhões de dólares na busca? O que se faz para regular as ações migratórias?
Os excêntricos bilionários descem ao fundo do mar na busca da “felicidade”, já os libaneses, pasquitaneses, egípicios, africanos e outros quando buscam ingressar na Europa querem apenas serem reconhecidos como cidadãos com direitos.
O naufrágio de migrantes na costa grega pode ter provocado a morte a 600 pessoas. Apenas foram resgatados com vida 110 homens. Há relatos de que dezenas de mulheres e cerca de 100 crianças viajavam no interior da embarcação.
A simples pesquisa de “naufrágio no mar mediterrâneo”, lançada no Google, traz relato de milhares de mortes na última década e o descaso com a vida dos invisíveis permanece.
Este artigo é uma reflexão de valor para que possamos dimensionar que todas as pessoas são importantes para alguém e a morte de milhares de pessoas pobres não comove ninguém.