Ator e diretor estava internado após ser vítima de um incêndio ocorrido em seu apartamento, em São Paulo
Quis o destino que o ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, saísse de cena de forma trágica. O homem que criou o teatro de oficina e que enfrentou a ditadura militar morreu nesta quinta-feira (6), vítima de queimaduras resultantes de um incêndio em seu apartamento, em São Paulo.
Zé Celso, de 86 anos, teve 53% do corpo queimado no incêndio, ocorrido na última terça-feira (4). Desde então, o dramaturgo estava internado no Hospital de Clínicas de São Paulo. No apartamento, localizado na região do Paraíso, na zona Oeste da capital paulista, moram Zé Celso, o marido, Marcelo Drummond e outros dois atores. Todos ficaram feridos, e o prédio foi interditado pela Defesa Civil.
Devido às queimaduras, Zé Celso foi internado em estado grave, sendo intubado. Nessa quarta-feira (5) à tarde, a médica e atriz Luciana Domschke, amiga do diretor, informou que ele estava “vivo e estável”. Ela confirmou o agravamento na saúde de Zé Celso, mas mantinha esperanças de reversão do quadro.
Em suas redes sociais o Teatro Oficina Uzyna Uzona confirmou a morte de Zé Celso com a citação “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo” e dizendo que “nossa fênix acaba de partir para a morada do sol”.
Zé Celso nasceu em Araraquara, no interior paulista, em 1937, revolucionou o teatro brasileiro com peças contestadoras e revolucionárias.
Ele entrou para a história da dramaturgia criando uma arte experimental, política e sensorial, que “conversava” com outras manifestações artísticas, como música, poesia e audiviosual.
Virou um ícone do teatro brasileiro. Nas peças de Zé Celso, a plateia tinha vez e voz. Por conta do seu ativismo, Zé Celso enfrentou a ditadura militar.
Fundador do Teatro Oficina, ele e outros parceiros de palcos foram perseguidos pelo regime militar. Em 1974, Zé Celso foi preso e torturado, obrigando-se a buscar o exílio em Portugal. Depois de um período de quase meia década na Europa, retornou ao Brasil em 1978, quando a ditadura já enfrentava reveses.
Entre as produções que marcaram a trajetória de Zé Celso estão “O Rei da Vela”, de 1967, uma adpatação da peça de Oswald de Andrade. A partir dessa montagem, Zé Celso virou referência em ousadia por usar recursos como improvisação, música e interação com a plateia.
(Com informações da Agência Brasil)